abc+

ATAQUE BRUTAL

CHACINA DA BORRACHARIA: acusados por mortes em conflito de facções são absolvidos em júri

Relembre o caso que aconteceu em Canoas e entenda porque a Justiça absolveu quatro réus

Publicado em: 27/03/2023 às 09h:55 Última atualização: 29/02/2024 às 09h:28
Publicidade

Foi um ataque brutal. Por volta de 14 horas da tarde do dia 22 de abril de 2017, um grupo de criminosos encapuzados e fortemente armado invadiu uma borracharia às margens da Estrada do Nazário, no bairro Estância Velha, em Canoas, e executou uma série de disparos contra as pessoas que estavam no local.

Crime na borracharia marcou ano histórico para a violência



Crime na borracharia marcou ano histórico para a violência

Foto: BRIGADA MILITAR/DIVULGAÇÃO

Morreram na hora, devido aos ferimentos, Jhuan Dassi da Silva, 17 anos, Getulino Freitas, 67, Diomar Freitas, 29, e Leonardo Freitas, 21. Já um quinto ferido, Leomar Freitas, 38, foi socorrido e encaminhado para o Hospital de Pronto Socorro de Canoas (HPSC) e conseguiu sobreviver.

O caso que ficou conhecido como a “chacina da borracharia” mobilizou a polícia e a opinião pública, alertando para a violência resultante de conflito entre facções. Quase seis anos depois, os suspeitos do crime foram levados a júri. Não houve condenações.

O Tribunal do Júri da Comarca de Canoas promoveu o julgamento dos acusados entre os dias 21 e 22, período em que um total de 25 testemunhas foram ouvidas. O resultado foi a absolvição de quatro pessoas por não existirem evidências que comprovassem a culpabilidade nos crimes.

Resta agora somente um envolvido a ser julgado pelo crime que aconteceu em uma tarde de sábado.

Separado

Na manhã de 5 de junho de 2017, cerca de 100 policiais participaram da batizada “Operação Mercadores”, organizada pela Delegacia de Polícia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) mirando os suspeitos da chacina.

O principal alvo era, na época do crime, um dos líderes em Canoas de uma das principais facções criminosas do Rio Grande do Sul. O suspeito, contudo, não foi achado e seriam necessários meses até a sua captura na condição de foragido da Justiça.

É justamente este suspeito o último que resta ser jugado pelos crimes cometidos na época. A 1ª Vara Crime de Canoas informou que o processo referente a esse quinto réu perdura em separado e ainda não há data para o julgamento.

Adolescente acabou morto por estar na hora e no lugar errado, segundo a polícia

Entre as quatro vítimas atingidas durante a chacina, o nome de Jhuan Dassi da Silva ganhou destaque durante a cobertura do caso. Ele morreu por estar no lugar errado e na hora errada, na avaliação da polícia.

Era início da tarde de sábado quando o adolescente 17 anos chegou na casa do avô para comemorar o aniversário de 59 anos.

A tia do adolescente teria pedido ao garoto para que fosse até um barzinho a poucos metros de casa comprar um refrigerante que estava faltando para completar a celebração. Jhuan saiu para não voltar mais.

“Falaram para ele que havia refrigerante para vender na borracharia e ele prontamente foi até lá para comprar um”, explicou o delegado Valeriano Garcia Neto na época do crime. “Acabou morto a tiros sem nem saber por quê.”

A reportagem do DC tentou contatar parentes de Jhuan para falar sobre a decisão proferida pela Justiça, porém não houve retorno até o fechamento desta matéria.

Menor que admitiu culpa confundiu a Polícia Civil

O ano de 2017 permanece como o mais violento da história do Rio Grande do Sul, segundo dados da Secretaria Estadual de Segurança Pública. Foram 2.990 vítimas de homicídio contabilizadas pelo Estado. Somente Canoas somou 135 assassinatos ao longo do ano. A maioria das mortes estava ligada a facções criminosas que lutavam pelo controle do tráfico de drogas e entorpecentes no RS.

Foi neste contexto que uma facção invadiu uma borracharia e, conforme apontado pelo inquérito aberto pela Polícia Civil (PC) na época, atirou a esmo contra as pessoas que estavam no estabelecimento. Logo após o crime, uma verdadeira caçada foi montada pelas polícias atrás dos criminosos. Contudo, foi somente por meio de uma denúncia que a investigação chegou a uma possível solução do caso.

Meses após a chacina, um menor de idade se entregou à Polícia Civil, admitindo a participação no crime e entregando outros sete supostos envolvidos nos homicídios – dois menores e cinco maiores de idade -, todos com passagens pela polícia por crimes diversos. O resultado foi uma série de prisões, oito no total.

Contudo, em 2019, quando a Vara da Infância e Juventude ouviu os três menores supostamente envolvidos no caso, o adolescente de 17 anos que serviu de pivô para as prisões revelou ter sido forçado a dizer que ele e outros participaram do crime. Os três acabaram liberados por falta de evidências, mesma constatação que aconteceu no Tribunal do Juri na semana que passou.

Publicidade

Matérias Relacionadas

Publicidade
Publicidade