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ALTA NOS PREÇOS

Cesta básica da região é a segunda mais cara do Brasil

Compras do mês representam mais da metade do salário mínimo na região metropolitana

Juliano Piasentin
Publicado em: 12/04/2023 às 10h:02 Última atualização: 04/03/2024 às 09h:51
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Com Porto Alegre possuindo a segunda cesta básica mais cara do País, os municípios da região metropolitana têm sofrido graves consequências. De acordo com uma pesquisa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o mix de produtos que compõem a cesta básica custa em média R$ 746,12, o equivalente a 61,95% do salário mínimo nacional.

Feijão é um dos vilões da cesta básica



Feijão é um dos vilões da cesta básica

Foto: PAULO PIRES/GES

Os valores praticados na capital atingem em cheio o comércio local também em outras cidades, uma delas é Canoas. Os comerciantes do município, considerado a terceira principal economia do Estado, precisam se reinventar a cada mês, ano após ano. Esse é o caso do empresário João Taborda, 57 anos, que convive com a variação de 1,61% no preço dos produtos nos últimos 12 meses no Rio Grande do Sul. “Precisamos nos adaptar ao mercado e principalmente à economia”, afirma ele, que há 30 anos é o proprietário de um mercado no bairro Niterói.

Margem de lucro

Para manter a competitividade mesmo com a alta nos preços, Taborda explica que é necessário mexer na margem de lucro. “Se não fizer isso, o comércio não sobrevive.” Buscando rivalizar com os grandes atacados, a solução encontrada foi deixar produtos como feijão, macarrão, arroz, açúcar e óleo de soja ao preço de custo. “É melhor ficar com a margem zerada, não ter lucro imediato e manter o cliente dentro da loja.”

A estratégia, conforme o empresário, é sempre manter a clientela por perto. “Não conseguimos fazer nada se o cliente não estiver aqui. Temos uma grande variedade de produtos.” Entre os candidatos a vilões da cesta básica estão ainda a carne, o café e o pão francês. “O pão, por exemplo, temos promoções todas as segundas-feiras. Vendemos R$ 2 mais barato.” O trabalho, portanto, é focado em produtos que fazem parte da cesta básica. “E também de frutas e verduras”, completa.

Compras do mês

Já o consumidor também tenta se organizar, traçando estratégias e buscando os melhores momentos para fazer as compras. Como é o caso de Joanice Barbosa, 65 anos. Ela afirma que costuma adquirir os produtos essenciais, como por exemplo, feijão, café, açúcar, óleo de soja, sempre no início do mês. “Depois, conforme as coisas vão terminando, principalmente as misturas, vou comprando durante a semana.”

O local onde faz as compras depende dos valores. “Vou sempre atrás do melhor preço”, explica. Moradora do bairro Fátima, Joanice foi na manhã de terça-feira (11), em um supermercado no Niterói. ”Gosto de vir aqui em busca de frutas e carne, o valor é justo e os produtos de qualidade.”

Acompanhada dos netos, de 10 e 9 anos, a aposentada faz primeiro uma busca por todo o mercado, depois de conferir os preços e verificar os produtos que quer levar, coloca no carrinho. “É outra estratégia, assim consigo ver tudo com calma e comprar apenas aquilo que realmente preciso.”

Compras também semanais

Se por um lado Joanice compra a maioria dos alimentos no início de cada mês, outros consumidores optam por ir ao supermercado semanalmente. Esse é o caso de Lisiane Rodrigues, 41 anos. “Como recebo o vale alimentação por semana, acabo fazendo as compras quebradas.”

Nesta terça-feira, a pausa para ir ao mercado foi justamente antes de ir trabalhar. “Costumo ter pouco tempo para fazer as compras, já que a correria do dia a dia é muito grande.” Sobre os produtos que mais pesam no bolso, está claro o feijão e também o pão francês. No entanto, há um adendo: os ovos. “Comprei o feijão recentemente e consegui um bom preço. Já os ovos estão muito caros. Compro sempre uma bandeja com 30, semana sim e semana não.” Mais uma vez a correria se torna a vilã. “Trabalho até tarde, então acabo comendo pão com ovo, também por conta da dieta”, explica.

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