PREVISÃO DO TEMPO

Cenário semelhante ao das enchentes de 2023 pode ser causado por chuva excessiva nos próximos dias no RS

Alerta é da MetSul Meteorologia, que prevê o cenário perigoso para os últimos dias de abril e o começo de maio

Publicado em: 25/04/2024 18:22
Última atualização: 25/04/2024 18:42

Os últimos dias de abril e o começo de maio terão volume de chuva excessivos no Sul do Brasil, o que, segundo alerta da MetSul Meteorologia, pode causar um cenário perigoso como os das enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul em 2023. A previsão aponta que diversas localidades gaúchas podem atingir de 100% a 200% da precipitação média histórica destes dois meses em apenas uma semana, aproximadamente.

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Projeção de chuva acumulada do modelo canadense até 3 de maio Foto: Reprodução/MetSul

Os volumes expressivamente altos de chuva devem atingir, principalmente, grande parte do Estado e parte de Santa Catarina. Para a região metropolitana do RS, incluindo Porto Alegre, o evento meteorológico deve trazer chuva de moderada a forte, ainda que em vários períodos seja de intensidade fraca com alguns intervalos de melhoria.

"Mesmo o episódio de El Niño estando no fim, a atmosfera ainda está em modo de El Niño", explica a MetSul. Os especialistas do portal ainda ressaltam que o fenômeno, no primeiro ano de atuação no Estado, costuma causar eventos extremos de chuva principalmente na primavera — como aconteceu em 2023 —, e no ano seguinte, no outono — como no caso atual.

Pouco mais de um mês de chuva em até 10 dias

Em um período de sete a dez dias, a grande maioria das cidades gaúchas deve somar marcas de 100 a 150 milímetros de chuva, o que, nesta época do ano, costuma ser registrado em um mês inteiro. Ainda, outros pontos do Estado podem, inclusive, superar esses valores.

"Praticamente todos os modelos analisados pela nossa equipe apontam que em vários pontos da geografia gaúcha a chuva nos próximos dez dias pode atingir marcas tão altas quanto 150 a 250 milímetros, com acumulados mais isolados até de 250 a 300 milímetros ou mais", informam os meteorologistas. Segundo eles, esses números indicam que alguns pontos do Rio Grande do Sul podem, inclusive, ter a chuva esperada para um mês e meio ou até dois meses apenas nesta uma semana ou dez dias.

Contudo, alguns modelos numéricos de previsão do tempo analisados pela MetSul, que costumam ter maior índice de acerto, apontam neste momento que os maiores acumulados ocorrerão na metade Norte do território gaúcho.

Consequências e temporais

Com esse cenário, a previsão é que haja transtornos. "Estatísticas históricas do Brasil e do exterior mostram que o excesso de chuva causa mais vítimas fatais que vento forte ou tempestades, assim chuva extrema é situação de elevado perigo."

Nos momentos em que ocorrerem chuvas fortes a torrenciais, com acumulados altos em um curto período, como de 50 a 100 milímetros em poucas horas, podem ser registrados alagamentos e inundações repentinos, tanto em áreas urbanas como em rurais. De qualquer modo, por si só, a persistência da instabilidade por vários dias também deve provocar inundações e prováveis cheias de vários rios com enchentes. 

Quedas de barreiras sobre rodovias e alto o risco de deslizamentos de terra em áreas de encostas de morros também são esperados. 

Neste período, do fim de abril ao começo de maio, há, ainda, risco de temporais. Isso deve ocorrer por conta do ar quente que deverá alimentar constantemente esta instabilidade. Assim, a formação de nuvens muito carregadas será favorecida, fazendo com que, além da chuva forte, tempestades isoladas com muitos raios, queda localizadas de granizo e ocasionais vendavais isolados ocorram.

"Tanto os eventos de chuva extrema de setembro como de novembro do ano passado coincidiram com uma forte onda de calor no Centro do Brasil, exatamente o que vai ocorrer agora, com temperatura muitíssimo acima da média em vários pontos do Centro-Oeste e do Sudeste do Brasil a partir de um bloqueio atmosférico que canalizará a umidade para o Sul do País", destaca a MetSul.

Contudo, os meteorologistas afirmam que as condições semelhantes "não significam que os eventos de chuva excessiva de 2023 se repetirão agora com as mesmas consequências e nos mesmos lugares".

Além disso, durante esse período o Estado estará na faixa de transição entre o ar muito quente, ao Norte, e frio, ao Sul, na Argentina. Desse modo, dependendo do dia, um ou outro atuará sobre o território gaúcho. Assim, essa "disputa" entre as duas massas de ar contribuirá para a chuva excessiva e o risco de tempo severo no Estado.

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