O Dia da Consciência Negra, celebrado no dia 20 de novembro, e que pela primeira vez em 2024 será feriado nacional no Brasil, tem sido motivo de uma série de programações especiais realizadas desde o último dia 5 em São Leopoldo. No começo desta semana, o tema é celebrado e refletido durante o 3º Congresso Popular Antirracista, realizado na Faculdades EST.
O evento, que começou nesta segunda-feira (18) e segue até terça (19), conta com uma série de atrações voltadas à comunidade em geral. A programação é organizada pela Secretaria Municipal de Educação (Smed), por meio do Núcleo de Educação das Relações Étnico-Raciais (NERER). Debates, oficinas, apresentações artísticas e exposições fazem parte da programação do congresso.
Na abertura, na manhã desta segunda-feira (18), o congresso contou com uma apresentação feita por estudantes do 5º ano da Escola Municipal de Ensino Fundamental Santa Marta, que emocionou os presentes. Os pequenos realizaram uma apresentação de dança, fruto de um trabalho realizado em sala de aula a partir da leitura do livro Só Antônio, da escritora Márcia Funke Dieter, e que aborda o personagem do lanceiro negro.
“Desde o início do ano pensava em trabalhar a história da Revolta Farroupilha a partir de uma outra perspectiva. Após a leitura do livro, fizemos todo um trabalho sobre a revolução usando diferentes linguagens, entre elas a dança”, comenta a professora Cátia Morera.
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Para ela, a discussão da temática com as crianças é “fundamental e necessária”. “Foi muito legal ver eles percebendo que a história como ela é contada tem algumas falhas. Através do livro, eles perceberam que algumas partes da história foram apagadas e o nosso papel como escola é problematizar isso e fazer com que eles vejam de um outro jeito a nossa história, uma história mais inclusiva”, destaca Cátia.
Durante o congresso, os participantes têm, também, a oportunidade de conferir duas exposições. Umas delas “Itan – a criação do mundo na versão yorubá” com textos de Indiara Tainan e ilustrações de Jader Santini e a outra composta por esculturas e máscaras vindas da África, e que fazem parte do acervo do colecionador de arte africana Udo Ingo Kunert. Sobre a exposição Itan, Indiara, que é assessora pedagógica da Secretaria Municipal de Educação, explica que a ideia é, futuramente, transformar o material em um livro infantil.
“É a história dos orixás, sendo uma outra versão para a criação do mundo que nos aproxima e que nos dá a possibilidade de pensar e de tirar este processo que a colonização fez que foi demonizar tudo o que veio através dos nossos antepassados africanos, contando um pouco da mitologia yorubá, a mitologia dos orixás que faz parte de toda a nossa vida, de toda a nossa sociedade, desde usar a roupa branca no Réveillon, de pular as sete ondas, que são tradições ancestrais muito antes de ser tradições religiosas”, diz.
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“A exposição é uma forma de brindar as crianças e os leitores, para que eles possam fazer a leitura dos textos e das imagens de uma maneira gostosa, simples e divertida, trazendo mais uma oportunidade pra gente fazer a desconstrução dos processos de racismo, principalmente o racismo religioso”, completa.
Discussão importante contra o racismo estrutural
Para Indiara, as discussões levantadas durante o congresso são importantes para evitar e combater diferentes formas de racismo e para destacar as diferentes etnias que compõem a população da região.
“Sabemos que celebramos os 200 anos de Imigração Alemã. Em momento algum os movimentos negros desejam apagar este processo de imigração, mas dar ouvidos para outras formas e outras etnias, outros povos que colaboraram, assim como as mais de 300 pessoas que estavam aqui em São Leopoldo e que cederam suas casas para a vinda destes imigrantes da Europa, assim como quem estava antes, nossos povos originários, celebrar esta memória e espaço ancestral e um espaço de migração que é muito anterior a estes 200 anos”, frisa.
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“O 20 de novembro e a nossa programação são para nos ajudar a pensar como práticas escolares, como a arte, a música, os trabalhos científicos e obras, podem nos ajudar a não deixar com que estas temáticas sejam soterradas por todo um processo de racismo estrutural da nossa sociedade”, finaliza.
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