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TRADICIONALISMO GAÚCHO

Cavalos já estão encilhados esperando pela abertura da temporada de rodeios no Estado

O primeiro de 2024 será em Canela. Na família Licks, tradição do laço é passada de geração em geração; conheça a história

Mônica Pereira
Publicado em: 05/01/2024 às 14h:46
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O tradicionalismo gaúcho é daqueles costumes que vão passando de geração em geração. O gosto pelo campo, churrasco e chimarrão são ensinados para as crianças desde muito cedo. Outra tradição familiar que tem permanecido é a de laçar em rodeios.

Avô e neto são laçam em rodeios pelo Estado



Avô e neto são laçam em rodeios pelo Estado

Foto: Mônica Pereira/GES-ESPECIAL

E a contagem regressiva para a abertura da temporada no Estado começou. Em Canela, a 39ª edição do Rodeio Crioulo Nacional está marcada para ocorrer entre os dias 11 e 14 deste mês, realizado pelo Centro de Tradições Gaúchas (CTG) Querência.

Avô e neto são laçam em rodeios pelo Estado



Avô e neto são laçam em rodeios pelo Estado

Foto: Mônica Pereira/GES-ESPECIAL

Quem tem presença confirmada no evento é o laçador Archimimo Licks, de 65 anos. Com troféus exibidos com orgulho na propriedade no bairro Canelinha, participa de competições de laço há, pelo menos, 30 anos. Mas bem antes disso, desde os 5, gosta de andar a cavalo e era companhia recorrente do pai nos trabalhos do campo.

O laço entrou na vida dele em um rodeio em Gramado. “Nunca vou me esquecer da minha primeira armada. Peguei um cavalo emprestado e deu certo, acertei, tomei gosto e não parei mais”, cita Archimimo.

Ele, inclusive, fundou o próprio CTG chamado de Estrela Serrana. “Já fomos 11 vezes campeões do Campeonato Municipal de Laço de Canela”, relata o laçador. “Mas é uma ‘lida’ bastante difícil. Precisa saber andar bem a cavalo, manusear o laço. Até parece fácil, mas não é. Com força de vontade fui aprendendo e ganhei muitos títulos”, pondera.

Dentre os mais especiais, relata o do Rolantchê, o rodeio internacional de Rolante. Em uma das oportunidades, ganhou um carro zero-quilômetro como prêmio da prova de laço em dupla.

De avô para neto

João e Archimimo Licks laçam em rodeios por todo o Rio Grande do Sul



João e Archimimo Licks laçam em rodeios por todo o Rio Grande do Sul

Foto: Mônica Pereira/GES-ESPECIAL

Quem acompanha Archimimo nos rodeios pelo Estado é o neto João Archimimo Licks, de 18 anos, que foi criado como filho. Em praticamente todos os finais de semana, eles arrumam o motorhome da família e saem para os eventos em busca de prêmios.

João também já possui várias conquistas e, assim como o avô, gosta de estar no campo desde que era pequeno. “Quando eu nasci, meu avô fazia história Rio Grande afora. Me criei nesse meio. Toda criança que nasce em um lar com cavalos quer dar uma volta em algum momento”, relata o jovem, que ganhou um pônei nos primeiros anos de vida. Quando o animal morreu, parou de laçar, mas, aos 8 anos, retomou no esporte para fazer companhia a Archimimo.

“Ele foi meu professor desde o início. Sou muito grato a ele. Se hoje eu estou ganhando vários rodeios é por causa dele. A gente treinava todos os dias, colocava a vaquinha na moto e fazia eu atirar 20, 50 armadas. Quando errava, me corrigia, ensinava como fazer. É um orgulho ter ele ao meu lado”, descreve o neto.

Família compartilha momentos especiais

A expectativa pelo rodeio de Canela está grande. Mesmo morando na cidade, a família vai acampar nos quatro dias. “Ficamos no mesmo lugar há anos e ele fica lá reservado para a gente”, destaca Archimimo.

Ele diz que laça no evento há cerca de 25 anos, mas que se lembra de ir para ver as provas desde antes disso. “O rodeio de Canela é muito bom, tem história. E muitas duplas das provas são daqui. Então, o rodeio fica grande logo na largada”, ressalta.

Experiente, Archimimo reforça que os rodeios acabam se tornando momentos para curtir em família, rever os amigos. Claro, sem deixar de lado a rivalidade das disputas. “Mas fica só na hora das provas, depois estamos todos reunidos, celebrando juntos”, atesta.

Neste ano, Archimimo e o neto planejam participar do maior número de provas possível. Entretanto, a mais especial é pai e filho, onde laçam juntos. “É a modalidade mais importante, estamos ali com o sangue do nosso sangue. É uma adrenalina diferente. É emocionante”, esclarece. João compartilha do mesmo sentimento. “Eu posso fazer mil armadas, se estiver na prova de pai e filho é diferente”, aponta.

A dupla estará acompanhada dos cavalos Moreno e Preciosa. “São nossos companheiros. Cuidamos e mantemos eles da melhor forma possível”, salienta.

Para o futuro

Como uma forma de manter o gosto das novas gerações, João deve ser empossado como patrão do CTG Estrela Serrana no próximo ano, assumindo a responsabilidade pelos cerca de 50 membros. “A gente não pode deixar a nossa tradição morrer. O importante das competições sempre é participar, estar no meio. Se conseguir o troféu, ótimo, mas estar com a família, os amigos é o que vale a pena”, frisa Archimimo.

As novidades do rodeio para 2024

Em 2024, o CTG Querência celebra 70 anos de dedicação à preservação e difusão da tradição e cultura gaúcha. Ao longo dos quatro dias, os participantes e o público serão imersos em um ambiente de emoção, música, dança e provas campeiras e artísticas.

A grande novidade neste ano é o Duelo de Prendas, que ocorrerá na cancha de laço. As cavaleiras disputarão um potro e R$ 6 mil em prêmios, marcando um capítulo inédito na história do evento. A estimativa é que 30 mil pessoas circulem pelo Parque de Rodeios do Saiqui.

Os shows e bailes deste ano contarão com renomados artistas, incluindo Paulinho Mocelin, Grupo Rodeio e Chiquito e Bordoneio, que embalarão as noites de quinta a sábado, respectivamente, apresentando o tradicionalismo musical. Os fandangos iniciam sempre meia-noite e os ingressos antecipados custam R$ 35. Os tickets podem ser adquiridos pelo site sympla.com.br.

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