MEIO AMBIENTE
Cavalos estão disponíveis para adoção responsável em Canela; veja requisitos
São em torno de 18 animais, que foram resgatados pela Prefeitura de Canela, em vias públicas, situação de maus-tratos ou abandono
Última atualização: 28/11/2024 11:17
Animais constantemente são resgatados na região, seja por abandono, seja por maus-tratos. Em épocas de final de ano, o descaso intensifica. E se engana quem pensa que isso ocorre apenas com cães e gatos. Em Canela, cavalos também são salvos pela Secretaria de Meio Ambiente e Urbanismo.
Na cidade, 18 estão para adoção responsável. Entre os requisitos para os futuros tutores, estão ter uma área verde com espaço, onde, nas palavras do secretário da pasta, Leandro Pereira, “os cavalos possam viver vida de cavalo”.
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A “vida de cavalo” ao qual se refere é o animal estar com a cabeça baixa, pastando 24 horas por dia e tendo espaço para andar, o que fazem constantemente. Como curiosidade, eles deitam apenas entre 40 minutos e 1h20 por dia, de forma intercalada. Isso se deve à capacidade respiratória deles: a cada hora nessa posição, perdem 30% da capacidade pulmonar.
Mudança de contrato
Leandro assumiu a Secretaria em dezembro de 2023. Antes, era adjunto. Amante de cavalos, fez a mudança de contrato da empresa que fica com a guarda e cuidados temporários destes animais de grande porte, para proporcionar melhor qualidade de vida. A alteração ocorreu após uma vistoria de fiscalização.
“Eu crio cavalos, sei como funciona o trato, qual a necessidade desses animais. Como o local lá era pequeno e não tinha fornecimento adequado de pasto, fiz um relatório para informar a necessidade de retirada deles e um contrato emergencial foi feito para aonde agora estão”, justifica. O ambiente que estão, no momento, conta com 80 hectares, onde conseguem pastar livremente.
Todos os custos são subsidiados pelo Executivo municipal e a empresa atual é a responsável por retirar os exemplares da rua, 24 horas por dia.
Fomentar adoção
Éguas, potros e até um pônei estão sob os cuidados da administração municipal. “Na sua grande maioria, são animais soltos em vias públicas e oriundos de maus-tratos. Nossa preocupação agora é ir lá, fazer fotos, colocar nas redes sociais, inclusive do Cempra, para fomentar a adoção responsável”, conta Leandro.
A possibilidade de visitação ao local é estudada e está nos planos de ampliação de divulgação. “Muitas vezes a pessoa quer ver como o animal está, como é o cuidado. Às vezes tem interesse em adotar, mas falta algum detalhe, informação, e pode conseguir obter na visitação. E sabemos que isso pode ajudar a evitar devoluções futuras”, pontua. O tutor deve saber que alguns dos cavalos passaram por agressões, assim, podem sentir medo ou desconfiança, por exemplo.
Segundo o secretário, quem for acolher, precisa entender que animais de grande porte exigem outras necessidades. “O cavalo requer um espaço muito maior. A gente exige que seja comprovado endereço e que o animal vá para a área rural, para que justamente não volte a ocorrer esses cavalos soltos em via pública”, explica.
“O cavalo é um animal rústico, ele requer, basicamente, e isso faz parte da fisiologia, de um espaço adequado para se locomover, pois ele anda bastante, e isso está atrelado à alimentação. Claro, ele vai precisar de cuidados veterinários, com acompanhamento durante um tempo, tem vacinação, vermífugo”, complementa Pereira.
Os cavalos são animais longevos. A medida que possuem mais cuidados, de saúde e suplementação, alcançam entre 20 e 30 anos. “Eles atingem idades assim tranquilamente. A partir da dentição, conseguimos ter uma idade aproximada. Hoje os que estão para adoção, são adultos a maioria, com entre 10 e 15 anos. Temos alguns potros e um pônei.”
Chipagem e futuro
A ideia é que o Meio Ambiente realize, ainda, a chipagem dos animais. A medida ajudará no controle e prevenção, para que casos de cavalos soltos nas vias, por exemplo, não se repitam.
O objetivo, também, é fazer parcerias. “Para a Prefeitura, tem um custo esses animais. Então gostaríamos de fazer com os cavalos mansos, domados, um projeto de equiterapia. Aproveitar parceiros, com profissionais de saúde, clínicas, Apae, para ter um retorno à sociedade”, revela.
Antes na beira da morte, animal hoje é exemplo
Um dos cavalos que está disponível para adoção foi encontrado em maio, próximo ao Aeroporto de Canela. “A Fiscalização foi acionada e a denúncia chegou em mim. Acionei uma veterinária e o animal estava bem debilitado. Se não tivéssemos tomado alguma ação, teria falecido no local. Não conseguia levantar, estava agonizando. Resgatamos o cavalo, levamos até o local e passou por uma série de tratamentos e cuidados. E ele é nosso emblema hoje, é incrível o antes e depois”, conta Leandro.
O bichano ainda não tem nome. “A gente procura não colocar, porque a pessoa que adota às vezes quer mudar”.
“O cão tem aquela coisa mais fofa, o gato também. Mas o cavalo, pelo tamanho, no momento que tu começa a interagir e vê o retorno, é algo sensacional. Ele aparenta ter algo mais selvagem, independente, mas cria uma conexão com o tutor. E quando tu vê isso, é único”, emociona-se.