VALE DO PARANHANA
CATÁSTROFE RS: Trincas, rachaduras e riscos de deslizamentos de terra tiram pessoas de casa
Família que desocupou casa no bairro Garibaldi dorme em kombi por temer saques
Última atualização: 13/05/2024 16:34
A evacuação em áreas com riscos de deslizamentos e a destruição total de uma casa marcaram a segunda-feira (13) em Igrejinha, no Vale do Paranhana.
Na madrugada, por volta de 1 hora, uma casa de madeira foi atingida por terra na Rua Willy Flesch, no bairro Viaduto. A casa ficou totalmente destruída e duas pessoas foram retiradas com vida pelo Corpo de Bombeiros Voluntários da cidade, que também pediram para a família da casa ao lado sair.
O comandante do CBVI, Graciano Ronnau, esclareceu que se tratava pai e filho. "O pai [que foi retirado] com algumas escoriações por conta do desabamento e o filho, que tem comorbidades e usa bolsa de colostomia, foram conduzidos ao hospital para avaliação médica", explicou.
Já em outro ponto da cidade, no bairro Garibaldi, 14 famílias e uma empresa, na Rua Franz Christian Koch e no entorno dela, tiveram que evacuar os prédios preventivamente na manhã desta segunda-feira. Rachaduras em pista, árvores em declive e estalos evidentes foram constatados.
O secretário de Obras, Bruno Antônio Vieira Cardoso, explica que a área fica no acesso à usina de reciclagem do município. No domingo (12), moradores comunicaram à pasta, via Defesa Civil do município, sobre a presença de trincas e rachaduras. A orientação foi que saíssem.
"No entanto, agora pela manhã (segunda) triplicou de tamanho, aumentou bastante essas trincas e há aumento no número de casas com a solicitação de evacuação", explica.
Fora de casa e dormindo na kombi
A prefeitura disponibilizou caminhões e operários para realizar a mudança dos moradores do bairro Garibaldi. Uma das famílias que depositava os móveis em um dos caminhões era da manicure Andressa Inácio dos Santos, 43 anos.
"Estou muito nervosa e preocupada. A gente não sabe nem o que fazer. Até então estávamos ajudando todo mundo, que estava enchendo de água, e agora veio esse perigo para nós", comentou, enquanto familiares e amigos retiraram os pertences de dentro de sua casa.
Ela conta que desde o domingo há aparecimento de rachaduras na rua e que o pedido para saírem de causa ocorreu na manhã de segunda. "Aqui mora eu, meu marido, filho e a nora. Vamos levar algumas coisas para a casa da cunhada em Três Coroas, mas não podemos sair totalmente porque há quem leve o pouco que a gente tem", frisa. Por isso, a exemplo do que ela e seu marido fizeram na noite de domingo para segunda, irão dormir na kombi, utilizada para serviço de jardinagem.
"A mão de Deus salvou"
O vizinho da casa que caiu no bairro Viaduto, o vigilante Marcelo Rosa, 48, conta que a área é perigosa. "Teve só escoriações pelo que a gente sabe. Era uma área bem perigosa, porque já tinha dado um desabamento há um mês. Elas estão construídas em cima de uma rocha e a terra foi comendo e não tem mais sustentação. Assim, foi a mão de Deus que estava em cima de pai e filho", declara o vigilante, que já teve a casa atingida por água anos atrás.