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CATÁSTROFE NO RS: Quando as águas vão baixar em São Leopoldo? Empresa explica sistema de bombas anfíbias

CEO da Higra detalhou projeto emergencial durante entrevista à rádio ABC nesta quarta-feira (22)

Publicado em: 22/05/2024 11:52
Última atualização: 22/05/2024 13:20

A tragédia que atinge o Estado deixou São Leopoldo com diversas áreas totalmente alagadas. Para drenar a água e fazer com que os moradores de bairros como Campina e Vicentina possam voltar para suas casas, a empresa Higra tem adaptado seu sistema de bombas anfíbias para atender a cidade de forma emergencial. 

Trabalho para instalação da terceira bomba próximo da Casa de Bombas da João Corrêa Foto: Chico Júnior/Semae

Das seis bombas, quatro já foram instaladas e as outras duas ficarão prontas na quinta (23) e devem ser colocadas na sexta-feira (24). Além disso, há mais oito bombas anfíbias que estão no meio da cidade e são utilizadas para pressurizar água potável para bairros mais afastados e bombas menores trabalhando em áreas de difícil acesso.

Em entrevista à rádio ABC na manhã desta quarta-feira (22), o CEO da empresa, Alexsandro Geremia explicou que os equipamentos inicialmente iriam para a cidade de Ijuí. "Tivemos a sorte de ter os equipamentos prontos, por isso em cinco dias transformamos as bombas anfíbias para a captação emergencial em São Leopoldo", contou para a apresentadora Jeania Romani.

E como funciona este sistema que, segundo Geremia, deve fazer com que as águas baixem no município até o fim de semana?

"As bombas pesam seis toneladas e são colocadas dentro da água. Este modelo trabalha tanto dentro da água quanto fora, é o único modelo do mundo assim e foi inventado pela Higra. A bomba é colocada então dentro da área de inundação. A tubulação, em um trabalho feito junto com a Top Vargas, fica dentro do rio, bombeia a água no bairro e coloca ela de volta para o rio", explica.

Cada bomba anfíbia tem alta capacidade. São 3 mil litros por segundo, sendo 7 milhões e 300 mil litros por hora, o que equivale a três piscinas olímpicas. "Ao todo, temos em torno de 30 milhões de litros de água por hora", ressalta o CEO da empresa que tem sede em São Leopoldo.

Ainda conforme Geremia, o sistema não impede inundações, mas pode evitar que a situação seja trágica, como a vivenciada em maio. "Se a bomba anfíbia evita inundação? Provavelmente não, mas drena a água muito mais rápido. Nunca chegaria perto da tragédia que ocorreu agora. Transformar algo emergencial em solução fixa é o que estamos conversando agora com São Leopoldo e estamos sendo procurados por outros estados para evitar que algo assim aconteça com eles, já que temos muitos problemas de chuvas no Brasil", diz.

Esperança

Com os sistemas emergenciais, o CEO garante que o nível da água em São Leopoldo baixará bastante. "Temos áreas na Campina, por exemplo, que estão agora acessíveis e não estavam há três dias. O Semae (Serviço Municipal de Água e Esgoto) está se movimentando para arrumar as bombas antigas, quando todas funcionarem acreditamos que em dois, três dias baixaremos o nível suficiente. Mantendo as  'superbombas' e casa de drenagens acredito que no final de semana (25 e 26) tenhamos esperança que as pessoas possam começar a limpar suas casas, recomeçar a cidade", afirma Alexsandro Geremia.

Outras cidades

A empresa também foi procurada por outras cidades. Já Novo Hamburgo, de acordo com Geremia, foi iniciativa da Higra o contato para aprovação de um projeto emergencial.

"Tentei pessoalmente contato com pessoas de governo, o vice-prefeito, secretário de Obras e da Fazenda me atenderam. Esperavam alguns laudos para tomada de decisão e fecharam a contratação de uma bomba, que é anfíbia mas com capacidade menor. Assinamos ontem com Novo Hamburgo. Eles também receberam algumas bombas vindas da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), mas que não são anfíbias. Eu acredito que comecem a drenar algo ali entre hoje (22) e amanhã (23)", explica.

Quanto custa?

Durante a entrevista para a ABC, Geremia não informou os valores negociados, mas disse como funciona o contrato com as prefeituras.

"Estamos fazendo no formato de aluguel dos equipamentos. Em São Leopoldo, nossa engenharia sentou com a engenharia do Semae e apresentamos a solução. Não é de graça, eles alugam os equipamentos durante o tempo que for necessário, que acreditamos que seja um mês, até dois meses. O valor pago é o que estamos gastando para adequar os equipamentos para esta realidade, eles pagam nosso custo", comenta.

 

 

 


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