A tragédia no Rio Grande do Sul gera lágrimas até em quem está na fila de bicas em busca de água. Em Novo Hamburgo, elas são alternativas para quem está há dias com as torneiras secas. Na manhã desta terça-feira (7), um idoso chegou a chorar, na fila de uma delas, quando saia com três galões.
“Graças a Deus que estamos vivos… Muita morte, não é um, nem dois, é muita gente”, declarou emocionado o aposentado Jormirio de Carvalho, 78 anos, enquanto buscava água na bica do beco Alfredo Kohlrausch, do bairro Rondônia.
Ele está desde o final de semana na casa de uma filha no bairro Rondônia, porque a casa onde mora foi invadida pela enchente, na Vila Bras, em São Leopoldo. Carvalho conta que a água está baixando lentamente no Rio dos Sinos, mas ainda não tem como voltar para casa. “A água passou por cima do dique e não deu tempo de levantar nada”, relata.
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Everton Augusto de Freitas, 49, proprietário de oficina, busca água na bica do Rondônia e em Canudos, na casa de familiares. “É a situação que temos. Não é só para mim. É para todos”, acrescenta.
A falta de água também levou moradores de outros bairros a procurarem esses pontos de água corrente. Na Rua São Carlos, no bairro Guarani, uma moradora do bairro Boa Vista encheu sete bombonas. Ela está com 11 familiares em sua casa, de Bagé, Alegrete, Canoas e Santa Vitória do Palmar, que tiveram o retorno prejudicado pelas condições das estradas.
Moradores chegam a fazer mais de uma volta para pegar a água. Foi assim como os irmãos Maria Alicia Rodrigues e Nacir Rodrigues, de 17 e 13 anos, respectivamente. Eles saíram do bairro Operário até a bica do Guarani por duas vezes.