NOVO HAMBURGO
CATÁSTROFE RS: Famílias dos bairros Canudos e Santo Afonso vivem situações contrárias neste domingo; entenda
Moradores clamam por medidas que solucionem a presença da água que não baixa
Última atualização: 19/05/2024 17:25
Bairros mais atingidos pelas enchentes em Novo Hamburgo vivenciam realidades antagônicas, Canudos –bairro urbano mais populoso da cidade – e Santo Afonso –o mais próximo da Casa das Bombas – vivenciam realidades antagônicas no domingo (19), mesmo com o nível do Rio dos Sinos apresentando baixa entre 1 e 2 centímetros por hora.
Enquanto famílias atingidas pelas cheias conseguiam limpar casas por conta de ruas menos alagadas em Canudos, muitas no Santo Afonso sequer tinham conseguido acessar suas residências, especialmente as localizadas na vila Palmeira. Às 8 horas de domingo, o Rio estava em 6,83 metros. Nesta enchente histórica, seu pico foi de 8,23 metros.
No bairro Santo Afonso, na esquina da Avenida Montevidéo com a Costa Rica e na Rua Assuncion, moradores ficavam parados diante da água, na dúvida se ingressaram ou não nas águas paradas. A normalidade da situação, conforme relatos, só se a Casa das Bombas realmente estivesse funcionando.
Já em Canudos, na Rua Bruno Werner Storck, a primeira via a inundar e a última que a água baixa, em inúmeras enchentes, a solução seria desentupir os bueiros. Só dessa forma, moradores poderiam acessar livremente suas casa e conseguir realizar a limpeza com tranquilidade sem deparar-se com o cheiro forte e a água escura sobre calçadas e a via.
Canudos
"Os bueiros estão todos entupidos"
A revisora Camila Nobre, 42 anos, mora em uma casa de dois pisos, mas a água chegou a 50 centímetros na parte de cima. No domingo, após enfrentar dois episódios de enchentes na Rua Bruno Werner Storck, passou lava jato na parte de baixo e lavou louças e roupas no andar superior.
"Agora, de novo, acho que vai ser a semana toda. Minha casa é grande, embaixo não tem quase nada, porque eu perdi as coisas que tinha, como ferramentas, têm umas coisas entulhadas. E hoje (domingo) estou lavando roupas da outra enchente", comentou.
Para ela, que vive há mais de 20 anos na casa, a limpeza dos bueiros seria importante. "Os bueiros estão todos muito entupidos por excesso de enchentes. Vai barro, vai sujeira e a gente não tem muita assistência da Prefeitura. Ano passado deu quatro enchentes só nessa rua. A de junho, setembro e novembro foram as piores, fora os outros alagamentos porque não tem como a água descer e quando baixa (a água) não ocorre a limpeza. E o cheiro é muito forte", acrescenta.
Na casa de seu vizinho, o industriário Paulo Roberto Alves da Silva, 56, a água escura e com forte cheiro de esgoto encobre a calçada. Mesmo assim, ele começou a limpeza da sua área externa no domingo pela manhã. "Eu já limpei quando veio a primeira vez. Mas no sábado (11) veio de novo, a água baixou e eu limpei. Agora é a terceira vez que estou vindo para limpar", detalha.
Santo Afonso
"A solução seria colocar bombas flutuantes"
Um aglomerado de pessoas na esquina da Avenida Montevidéo com a Rua Costa Rica chamava atenção na manhã de domingo (19). Eram moradores a olhar como estava o acesso às suas casas, que ainda permanecem com seus interiores com água.
Foi assim com o casal de moradores da Rua Amir Ramires, na Vila Prado 2, o pedreiro Márcio Port, 45, e a agente de saúde Ivanice Carvalho, 40. Os dois saíram de casa no dia 3 de maio, se abrigaram sob a estrutura do metrô, depois foram para abrigo e recentemente resolveram alugar uma casa. "Não temos previsão para voltar", comenta Ivanice.
Para a moradora, a água não está baixando por má vontade da prefeita. "Ela trouxe o especialista lá de fora para ver uma situação que a gente já sabe, que o dique está prejudicado. Isso não precisava trazer. Estava colocando dinheiro fora. Ela poderia muito bem se unir com o prefeito de São Leopoldo para fazer essa obra para conter essa água e colocar aquelas bombas flutuantes. Daí, a gente já estaria limpando nossas casas", sugere.
Na Rua Assuncion, outro morador reforça o pensamento de Ivanice. O comerciante Gabriel da Silva Haach, 30, limpava seu estabelecimento e casa com auxílio de amigos e familiares. "A água está baixando devagar. Não tem bombas para puxar. As bombas não estão funcionando", comenta o morador, que estima mais uma semana para conseguir limpar tudo.
O que diz a prefeitura
"A Prefeitura de Novo Hamburgo está preparada para, com a baixa do nível do rio à cota adequada, para chegar aos equipamentos e recuperar a Casa de Bombas no bairro Santo Afonso. Para isso, inicia a instalação de uma bomba submersível de alta capacidade. Canos necessários foram levados até junto à Casa de Bombas. O trabalho segue nesta segunda e terça-feira, com o transporte da bomba e também do gerador pelo dique, sempre em caminhões de pequeno porte, com peso controlado e com supervisão constante de técnicos para não comprometer ainda mais a já debilitada estrutura do dique por causa do transbordamento do rio e também pelo trânsito pesado que ocorreram nos últimos dias", afirma nota do Executivo.
"Na tarde deste domingo, Fátima Daudt e técnicos da Prefeitura receberam um grupo de arrozeiros da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz) para a instalação de mais bombas flutuantes. Por meio da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, o Município articulou a cooperação entre os arrozeiros e o Município. Após serem recebidos pela prefeita, o grupo formado por Anderson Belolli, da área jurídica da Federarroz, o produtor Lauro Ribeiro e o engenheiro Antoniony Winkler, foi até o local com técnicos hamburguenses, junto à Casa de Bombas no bairro Santo Afonso", diz outro trecho do documento.