EDUCAÇÃO AMBIENTAL
CATÁSTROFE NO RS: Tragédia climática obriga governos a adiarem programação da Semana do Meio Ambiente
Ações programadas principalmente em escolas públicas foram canceladas por tempo indeterminado
Última atualização: 03/06/2024 06:51
Desde a última sexta-feira (31) diversos países ao redor do globo celebram a Semana Mundial do Meio Ambiente. Criada em 1972 durante uma conferência da Organização das Nações Unidas (ONU), a data é uma oportunidade para refletir sobre a importância da proteção ambiental, mas em 2024 ela ganha um significado ainda mais forte no Rio Grande do Sul.
Em menos de um ano, o Estado foi vítima direta da crise climática global em pelo menos três episódios. A situação mais dramática foi vivida ao longo do mês de maio, depois que as chuvas iniciaram ainda no fim de abril diversas regiões gaúchas precisaram se ver às voltas com enchentes e mais de 100 mortes.
Justamente essa crise climática levou os governos municipais a adiarem a programação prevista para a Semana do Meio Ambiente. “Infelizmente, a partir dessa catástrofe estamos voltando todos os recursos no esforço de reconstrução em função da enchente”, resume o secretário de Meio Ambiente de Novo Hamburgo, Ráfaga Fontoura.
A cidade não foi a única da região que precisou mudar o foco do debate sobre a proteção ambiental para se voltar ao atendimento das consequências diretas da crise climática. Em Canoas, a programação estava voltada para o trabalho da de separação de resíduos e também para a drenagem dos rios.
Assim como em Novo Hamburgo, a cidade, uma das mais afetadas pelas cheias, decidiu adiar a programação que estava voltada para a rede de ensino do município e ainda não tem prazo para a retomada, “mas assim que as aulas forem retomadas certamente serão intensificados os trabalhos de educação ambiental”, afirma em nota a Secretaria Municipal do Meio Ambiente de Canoas.
Aumenta a importância
Fontoura, por sua vez, acredita que em julho será possível retomar a programação que também será voltada para o tema das mudanças climáticas. “A importância para a sociedade e governos é a pauta que tem que se ter agora, vamos falar de meio ambiente e urbanismo, que é justamente como vamos conviver com esse novo aspecto da mudança climática.”
Na avaliação do secretário hamburguense, a recente tragédia vivida no Rio Grande do Sul mostrou a crise climática fora dos livros para mostrarem seu resultado prático. “Ela deixa de ser algo puramente teórico para ser uma realidade, está aí, o rio nunca tinha subido neste patamar e subiu”, pontua Fontoura.
Lições
Muitas vezes relegada ao segundo plano, o tema da preservação ambiental ganha destaque após a sucessão de tragédias. O desafio agora é fazer com que governos e sociedade busquem formas de se adaptar às mudanças climáticas e aprender novas lições com a tragédia. “Acho que temos que a partir desta catástrofe pensar como evitar que isso aconteça novamente, não o evento climático porque ele vai acontecer, mas como nós vamos conviver com ele”, diz Fontoura.
Os governos de Campo Bom, Dois Irmãos e São Leopoldo também foram procurados pela reportagem mas não responderam até o fechamento da matéria.