A chegada de uma frente fria ao Rio Grande do Sul nesta sexta-feira (10) trouxe não só chuvas fortes a algumas regiões, mas também fez os termômetros despencarem. Em Novo Hamburgo, após dias de calor – com máximas de 32°C na quarta-feira (8) – o município registrou amanhecer gelado hoje, com 11°C, a máxima ficou em torno dos 18°C. Mas a sensação térmica ficou bem abaixo disso durante a noite.
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Variação agrava a situação dos 4,7 mil desabrigados que precisão se adaptar à nova realidade longe de casa. “O importante é estar quentinho”, disse uma das voluntárias no abrigo montado no Ginásio do Colégio Sinodal da Paz, entre um atendimento e outro.
No abrigo, o fluxo de pessoas procurando por meias, calças e agasalhos, na área destinada à entrega de doações de roupas, foi intenso durante toda a tarde. “Estamos equipados neste momento”, garantiu a coordenadora do albergue, Márcia Cristina Halmrnschlager, do CRAS Santo Afonso.
“Quando precisamos, acionamos a Central de Doações na Fenac, que prontamente nos reabastece”, observa. O local, por onde já passaram cerca de 278 desalojados, segundo Márcia, na tarde desta sexta-feira abrigava 196 pessoas. Destas, 50 crianças entre zero e dez anos de idade.
No ginásio da Associação Beneficente Antônio Mendes Filho (Abamf) de Novo Hamburgo a cena se repetia. O local onde geralmente há jogos de futsal, hoje têm colchões no chão, toalhas estendidas nas redes de proteção da quadra e é o lar de 270 pessoas, entre elas 60 crianças. Logo na entrada, a primeira parada para quem acessa o albergue improvisado, é o setor de vestuário.
Lá, cerca de quatro voluntários recebiam as demandas dos abrigados e saim à procura dos itens. Entre as pilhas de roupas, separadas por sexo e tamanho, após alguns minutos de espera se ouvia um “têm esse aqui, acho que serve”. Muitas vezes não servia. Mas era o tinha. “Tá bem difícil encontrar”, relata Aline Ramos da Rosa, 28.
Aline, o marido Émerson Farias,31, e os quatro filhos – com idades entre cinco e 12 anos-, moram no bairro Santos Dumont, em São Leopoldo e, quando a água subiu, pegou três mudas de roupas para cada um, na esperança que retornariam em breve. Há uma semana longe de casa e com a mudança brusca na temperatura, ela aponta um problema recorrente nas doações de roupas que chegam: elas não contemplam pessoas que vestem números maiores (acima de 44).
“Quando estava calor era mais tranquilo, dava para lavar que secava. Mas e agora, chovendo e frio? Não têm o que fazer, é usar apertado mesmo, quando entra”.
Na mesma fila, Sara da Silva Varga, de 31 anos, teve mais sorte. “Encontrei tudo”, comemorava ao mostrar as roupas que conseguira para ela, e o marido, Lázaro José da Silva (38). “Blusa, calça, casaco, meias e até peças íntimas”, detalha. “Para quem saiu de casa com a roupa do corpo, tá ótimo”, afirma a moradora do bairro Santo Afonso.
Questionada sobre a demanda por roupas quentes em tamanhos maiores e cobertores, a gestão do albergue afirmou que estão sendo atendidas em sua totalidade. “Todas as famílias que estão aqui estão sendo atendidas e contempladas em todas suas necessidades”, resumiu Daiana Silveira, vice coordenadora do abrigo da Abamf.
Procurada pela reportagem sobre a procura por roupas maiores, a Prefeitura de Novo Hamburgo não retornou até o fechamento da matéria.
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