No fim da tarde desta quarta-feira (1º), o trio da família Oliveira que saiu de barco atrás do cavalo atingido pela enchente em Capela de Santana conseguiu alcançar o animal. No entanto, não foi possível retirá-lo do local por conta das condições do trajeto de dois quilômetros e da saúde dele, que estava dentro da água, nadando, há pelo menos 12 horas. Para salvá-lo, os homens o colocaram em cima de um galinheiro para passar a noite.
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“Ele está num local que ele dá pé, porém está com água quase no pescoço. Então é rezar para que ele fique bem e que não suba mais o rio”, detalha a jornalista e advogada Bruna Kirsch de Oliveira, de 38 anos, que diz que a questão da hipotermia também preocupa a família, já que o animal continua em contato com a água.
Ela e o marido, o engenheiro civil Róger de Oliveira, 36, moram em Novo Hamburgo, mas possuem um sítio no local, perto da Estrada da Barragem, há cinco anos. Conforme conta, mesmo sendo uma área próxima do Rio Caí, os terrenos são altos e nunca haviam visto uma enchente tomar uma proporção tão grande. Em novembro do ano passado, a água entrou apenas 15 centímetros dentro da casa, e nesta tarde, já atingia cerca de 1,5 metros da estrutura.
O sogro dela, o aposentado Isac Gomes de Oliveira, 72, que também reside no Vale do Sinos, tem casa na cidade, ao lado da do casal, há 40 anos. Hoje, a água batia no telhado da residência.
A preocupação maior, contudo, era salvar a vida do cavalo. Por isso, o marido, o sogro e o cunhado de Bruna se arriscaram na enchente durante o dia. “Hoje eu fiquei em torno de 10 horas efetivamente dentro do rio mesmo, dentro da água”, conta Róger, emocionado, nas redes sociais. “Ele estava já com um olho fechado, o outro já com a cor de sangue, tava exausto, tava praticamente se entregando”, descreve.
“A luta que ele fez pela vida e depois o afeto quando nós conseguimos colocar ele num lugar mais ou menos seguro, pelo menos aonde ele não precisasse ficar nadando, ele mordia a minha roupa, ele ficava muito próximo a mim por medo, pânico, trauma…”, relembra ele sobre o momento do encontro com o animal.
O engenheiro relata, ainda, que teve contato com vizinhos que perderam seus animais por conta da enchente. “Questão material, nós perdemos praticamente tudo das casas, mas a questão de vida me dói bastante o coração e isso eu vou lembrar para o resto da vida.”
Bruna conta que algumas pessoas já entraram em contato e ofereceram ajuda para uma nova tentativa de resgate na quinta-feira (2). Durante a tarde, ela acionou a Defesa Civil da cidade, que a orientou a ligar para o Corpo de Bombeiros de Portão. Pouco antes das 17 horas, uma equipe do órgão informou que se deslocaria para o local.
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