A maior catástrofe do Rio Grande do Sul levou tudo o que tinham milhares de famílias. Sem móveis ou roupas, muitos sem casas para onde voltar e outros até mesmo sem seus familiares, recomeçar virou um desafio imensurável e que depende, fundamentalmente, da solidariedade das pessoas.
Mesmo com a ajuda vinda de todos os lados, três amigas, sobretudo mães, de Parobé no Vale do Paranhana, resolveram se unir para arrecadar doações a um público “esquecido”: gestantes, bebês recém-nascidos e crianças de até cinco anos. Conforme conta uma das idealizadoras, Carol Vargas, 28, muitas mães comentavam que recebiam doações, mas fora do tamanho. Ou não serviam, ou eram grandes demais. Dessa forma, nasceu o Projeto Colo de Mãe.
“Inicialmente fizemos pensando nos bebês que perderam tudo e não víamos ninguém fazendo algo diretamente a eles. Nossa ideia era cada uma fazer da sua casa, só que começou a chegar muitas doações e as coisas tomaram uma proporção gigantesca. O projeto saiu do nada, porque a gente sabe a dificuldade de criar um filho, e muitas mães perderam tudo o que tinham”, conta Vargas, mãe de uma menina de 2 anos.
Também membro da diretoria, Paola Aldana, que tem filho de 9 anos, explica que é feita uma entrevista com a família, onde são coletados dados como tamanho de roupas e calçados, tipo de fralda, de leite, bico e mamadeira. Dessa forma, são montados kits personalizados, com a certeza de que tudo será muito bem aproveitado. “A gente faz um acolhimento inicial pelas redes sociais e através da entrevista, conseguimos personalizar as caixas com os kits. Cada item é feito de acordo com a idade da própria criança, a gente não faz padrão”, explica.
Os kits para os bebês vão com, no mínimo, três mudas de roupa, além de outros itens essenciais. “Para os recém nascidos vai meinha, lenço umedecido, fralda do tamanho. Babador para aqueles que estão começando a introdução alimentar. A gente até brinca que a gente monta looks para eles ficarem bem bonitinhos”, complementa Vargas.
Doações e recebimentos
No início, as doações começaram através de pix e aos poucos os itens também foram chegando via empresas, projetos sociais e, principalmente, pessoas. Já são mais de duas semanas de trabalhos voluntários diários e um número superior a 300 crianças beneficiadas em cidades como Canoas, Gramado, Novo Hamburgo, São Leopoldo e Três Coroas.
As caixas com doações, no entanto, precisam ser retiradas no centro de distribuição, que fica em Parobé. “A gente gostaria, mas não temos a disponibilidade de entregar, por isso que as pessoas vêm até nós e fazem essas retiradas aqui. Nós recebemos fotos das mães de como eram suas coisas, os quartinhos dos bebês, E hoje em dia elas estão em abrigos, isso é muito dolorido, por isso fazemos esse trabalho. Tudo vai limpinho e cheiroso, conforme as necessidades”, acrescenta Carol Vargas.
O contato pode ser feito através do instagram @colodemaeprojeto, que também conta com Carol Sabino, 28, mãe de uma menina de 2 meses, na diretoria.
LEIA TAMBÉM
- Categorias
- Tags