A situação segue tensa em São Sebastião do Caí devido a nova enchente histórica que atinge a cidade. Entre o início da manhã e tarde desta quinta-feira (2), em torno de 150 moradores foram socorridos por equipes de resgate por água e pelo ar.
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Todos os socorridos residem em imóveis de dois pisos ou em prédios residenciais, por isso, estavam resistindo deixar suas casas. Entretanto, com a previsão de mais chuva até pelo menos sexta-feira (3) e com a notícia do risco de rompimento de barragens na região da Serra, moradores até mesmo de prédios altos decidiram sair de casa nesta quinta.
Na casa da moradora Silvana de Oliveira, 67 anos, faltava um metro para a água entrar no segundo piso, mesmo assim, ela e o marido aceitaram a ajuda dos bombeiros para sair do local. “A gente ficou com medo, e achamos melhor sair. A enchente de novembro [do ano passado] nem chegou perto de entrar lá. A de agora nos deixou apreensivos”, afirma.
Apreensão de quem aguarda por notícias
A movimentação intensa de barcos e jet skis pelas ruas tomadas por água era acompanhada de perto por parentes de moradores que resistiram a sair de casa. Aflitos pela perda de comunicação, os parentes se aglomeravam nas esquinas em busca de notícias. Também apelavam para as equipes de resgates para que fossem até os endereços verificar se os familiares estavam em casa.
Carlos Santos era um destes moradores aflitos à espera de notícias da mãe, da tia e do irmão. Ele foi até um destes pontos onde havia concentração de bombeiros pedir para que fossem atrás dos parentes. “É muita aflição que me faltam palavras para descrever essa sensação. São muitas pessoas sem poder se comunicar e que estão aguardando ajuda”, colocou.
Helicóptero Águia da PMSP e o Exército em ação
Para auxiliar no salvamento de famílias, um helicóptero Águia, da Polícia Militar de São Paulo, pousou em São Sebastião do Caí nesta quinta-feira. Somente no turno da manhã, a equipe fez o resgate de seis famílias que estavam isoladas em suas casas em regiões em que as equipes de resgate não conseguiam chegar com embarcações devido à forte correnteza.
Durante a missão de busca e salvamento, por volta das 11 horas, o helicóptero tentou resgatar duas famílias vindas de Togo, país africano, e que residem no Vale do Caí há alguns anos. Entretanto, a força do vento provocado pelas hélices da aeronave começou a arrancar o telhado da casa destes moradores, interrompendo a tentativa de resgate aéreo.
As famílias foram retiradas de casa por botes, com a ajuda do Exército Brasileiro. Depois, foram encaminhadas a um abrigo da prefeitura no parque centenário.
Cerca de 500 desabrigados
De acordo com a Defesa Civil do município, em torno de 500 pessoas estão desabrigadas em São Sebastião do Caí. As famílias estão sendo levadas para três abrigos montados pela prefeitura, onde recebem toda a assistência necessária para que possam passar por este momento longe de casa sem qualquer pertence pessoal.
O prefeito Júlio Campani garante que não há registro de pessoas desaparecidas no Caí, tampouco mortes causadas em decorrência da enchente. “Felizmente não temos pessoas mortas ou desaparecidas, o que aumentaria a nossa dor frente a essa situação”, pontua. Conforme Campani, se o número de desabrigados é possível controlar pelos registros feitos pelas equipes de assistência social, o número de desalojadas é incalculável, já que há centenas de famílias que abandonaram suas casas e encontraram abrigo na casa de parentes e familiares.
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