O nível do Rio dos Sinos segue em elevação em Campo Bom. Conforme a prefeitura, a situação é grave no município. A régua embaixo da ponte do bairro Barrinha atingiu 7,70 metros às 14 horas desta quinta-feira (2).
O rio está a apenas 16 centímetros de atingir o nível de agosto de 2013, quando chegou aos 7,86 metros. Conforme o responsável pela Estação de Meteorologia de Campo Bom, Nilson Wolff, essa foi maior enchente em 74 anos e a maior marca registrada na cidade até o momento.
De sábado até as 9 horas desta quinta choveu 333,6 milímetros na cidade. Ainda segundo Wolff, historicamente, o rio sobe até três dias depois que para de chover, e a projeção é de que a precipitação siga até sexta-feira (3). Por isso, ele acredita que o pico da enchente deve ser atingido na próxima terça-feira (7) e que o Sinos deve passar dos 8 metros no município.
Já havia 90 pessoas desabrigadas na tarde desta quinta, acolhidas pela prefeitura no Ginásio Municipal, onde as doações devem ser direcionadas. Os itens mais urgentes são: toalhas de banho, travesseiros, meias, lençóis, materiais de higiene e de limpeza, água mineral, leite e alimentos não perecíveis.
Se os moradores precisarem de ajuda, é indicado que liguem para a Defesa Civil pelo telefone (51) 99631-4625.
Situação difícil*
Ao menos cinco retroescavadeiras trabalhavam no resgate de famílias ilhadas no bairro Barrinha por conta do aumento de nível do Rio dos Sinos. Além disso, pessoas da própria comunidade, com caminhões particulares, auxiliavam na retirada de pessoas.
Neusa Rodrigues dos Santos, 38 anos, trabalha na Polícia Civil de Taquara, mas reside na Barrinha. Ela e o esposo colocaram desde cedo o caminhão da família à disposição para socorrer os vizinhos. “Já fizemos umas quatro, cinco viagens hoje, pois o pessoal vem quase de mudança”, explicou ela, por volta das 10h30 desta quinta.
Dentre as pessoas que Neusa ajudou está o aposentado Afonso de Oliveira, 92. Ele foi transportado em cima da carroceria do caminhão, sentado em sua cadeira de rodas. Conforme o neto Felipe Müller, o idoso está muito fraco e não tem condições de caminhar. “Agora, nós estamos aguardando para ver o que vamos fazer com o resto, pois temos criação de animais”, disse.
Com apenas seis meses, o bebê Lucas Lesnieski foi retirado de casa com a retroescavadeira. Segundo a mãe, Caroline Lesnieski, 25, a água não tinha tomado conta da residência e ainda havia familiares no local cuidando do imóvel. “Mas com ele [Lucas] não tinha como ficar lá”, diz. Mãe e bebê, além do avô de Caroline, Roberto Lesnieski, 82, e a tia, Marlene Boff, foram levados para a casa de familiares.
Além da Barrinha, que é a região mais atingida, a cheia também toma conta de ruas dos bairro Vila Rica, Operária, 25 de Julho, Monaco e Porto Blos. “A tendência é que a situação deva piorar nos próximo dias”, alerta secretária de Obras, Gênifer Engers.
No bairro Porto Blos, na frente do Parque Sady Arnildo Schmidt, o servidor aposentado Jurandir Ferreira, 64, ajudou o vizinho Paulo Divino Machado dos Santos, 62, a construir uma barricada em frente ao seu estabelecimento comercial, na tentativa de impedir que a enchente invada o local.
De acordo com Santos, em 2013 ele também construiu uma proteção semelhante. Já o campo da Associação Esportiva União estava tomado pela cheia.
*Colaborou: Débora Ertel
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