FINAL FELIZ
CATÁSTROFE NO RS: "Nasci de novo", diz engenheiro da RGE que ficou 12 horas em cima de carro tombado pela água
Clairton Homrich, de 53 anos, trabalha em São Leopoldo e estava retornando para casa quando foi surpreendido pela água
Última atualização: 01/05/2024 19:35
Em cima de um carro tombado, cercado por muita água, sem qualquer tipo de comunicação, sob chuva e agarrado a finos galhos de uma árvore. Foi assim que o engenheiro eletricista da RGE Claiton Homrich, de 53 anos, passou entre o fim da tarde de terça-feira (30) e o início da manhã desta quarta (1º). Não é por acaso que ele sentencia: "Nasci de novo".
Homrich conversou com a reportagem do Grupo Sinos na tarde desta quarta. Em tom de alívio, agradeceu aos parentes e amigos que se empenharam no resgate e contou que foi preciso rezar muito para encarar a noite de frio e chuva à beira de um campo tomado pela água da enchente a pouco mais de cinco quilômetros de seu destino, a cidade de Cachoeira do Sul. "Eu via as luzes da cidade."
O engenheiro trabalha na sede da RGE em São Leopoldo. Devido ao feriado, ele pegou a estrada na tarde desta terça em direção a Cachoeira, onde mora com a esposa e filhos. Com a BR-290 interditada em Eldorado do Sul, seguiu então pela BR-386 e pela RSC-287 até Santa Cruz do Sul e, de lá, pela BR-471 e pela ERS-403 até o destino final.
"Estava quase chegando na área urbana de Cachoeira, pela ERS-403, quando peguei uma lâmina de água sobre o asfalto. O carro acabou sendo empurrado para o lado e caiu em uma vala. Ficou parcialmente embaixo d'água. Consegui abrir a janela e ficar no lado de fora", narrou o engenheiro. Ele fez duas ligações para a esposa, que o aguardava em casa, e em seguida ficou sem sinal.
Vendo a água subir e ganhar velocidade, Claiton Homrich decidiu se agarrar aos galhos de uma árvore de pequeno porte que impedia o carro de ser arrastado ainda mais. "Passei o tempo todo assim. Caso o carro fosse levado pela água, eu ficaria preso na árvore, perto do asfalto", planejou.
As horas que se seguiram foram de muita chuva, frio e medo. "O volume e a força da água cresceram muito à noite, muito mesmo. O carro balançava muito", lembra, contando que mexia o corpo para se manter aquecido. "Graças a Deus deu tudo certo. Refleti sobre muita coisa enquanto estava naquela situação. Qualquer deslize seria fatal."
Quando o dia clareou, o engenheiro confirmou que realmente estava isolado à beira da rodovia. Ele já se preparava para mais longas horas naquela condição quando viu dois homens caminhando em sua direção. "Eram meus amigos. Estavam me procurando. Logo chamaram mais três que também ajudavam nas buscas e me socorreram. Rezei muito e deu tudo certo. Agradeço muito a eles e a meus familiares", finalizou.