Pouco mais de 12 horas antes de receber a comitiva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que estará em São Leopoldo nesta quarta-feira (15), a Base Aérea de Canoas (Baco) emitiu um alerta de que a água da enchente estava se aproximando da pista de pousos e decolagens.
Desde o fechamento do Aeroporto Internacional Salgado Filho, há 11 dias, a Baco é o principal hub de aviação na área metropolitana de Porto Alegre, especialmente para operações de resgate e recebimento de donativos. A reportagem do Grupo Sinos apurou que, durante a vigência do aviso, não houve qualquer alteração no funcionamento da unidade militar.
Um Aviso aos Aeronavegantes (Notam) foi emitido publicamente pela Base Aérea no início da noite desta terça-feira (14) apontando que havia acúmulo de água na stopway da cabeceira da pista que fica para o lado oeste. Stopway é uma zona de parada, quase que como uma continuação da pista. Ou seja, é uma área “extra” e não a pista em si. Por isso não chegou haver comprometimento das operações.
Cerca de duas horas depois, já passando das 22 horas, um novo aviso foi emitido retirando o alerta de excesso de água. No início da madrugada desta quarta, novos Notans emitidos pela Base Aérea de Canoas apontavam para restrições no tráfego aéreo devido a presença de comitiva presidencial. O alerta é válido para entre 6h30 e 18 horas desta quarta.
Outros Notans publicados já durante a madrugada também alertavam para “área restrita temporariamente – área exclusivamente militar” na região da Base Aérea entre o início da manhã e o fim da tarde desta quarta. O mesmo aviso, de área exclusivamente militar, foi emitido para o entorno do Aeroporto Salgado Filho, na capital, que continua totalmente debaixo d’água.
Caças F-5M são retirados da Base Aérea de Canoas
Diante do aumento da movimentação de aviões e helicópteros na Base Aérea e da confirmação da viagem presidencial nesta quarta-feira, na manhã de terça os nove caças F-5M do Esquadrão Pampa, que tem base em Canoas, foram levados para Santa Maria. Um Embraer C-95M Bandeirante também foi transferido para a Base Aérea do centro do RS.
Segundo informou a Revista Força Aérea, a ideia é justamente liberar espaço no pátio da Baco para as operações de resgate e ajuda humanitária dentro da Operação Taquari II, visto que os caças não são empregados nesse tipo de missão. Com a mudança temporária do Esquadrão Pampa, o Alerta de Defesa Aérea (Aleda) passa a operar na Base de Santa Maria e não na de Canoas.
Voos comerciais na Base Aérea de Canoas
A retirada dos caças da Base Aérea de Canoas também pode ter relação com o início dos preparativos para as operações comerciais no local. Segundo informou a Fraport Brasil na noite desta terça-feira, em reportagem do Jornal Nacional, na segunda metade da semana que vem deve iniciar uma operação especial de cinco voos domésticos por dia chegando e saindo da Base Aérea de Canoas.
Ainda segundo a Fraport, os serviços de check-in, despacho de bagagem e inspeção de segurança deverão ser feitos em uma área no ParkShopping Canoas, que fica a quatro quilômetros da Base Aérea. Depois de passar pelo procedimento padrão, os passageiros serão levados de ônibus do shopping para a unidade militar, onde embarcarão na aeronave.
Anac proíbe venda de passagens para o Salgado Filho
Nesta terça-feira (14) a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) emitiu determinação para que as companhias aérea parem de vender passagem com origem ou destino no aeroporto de Porto Alegre. Tecnicamente o fechamento do Salgado Filho vai somente até a virada de maio para junho e, diante dessa previsão, as aéreas mantinham a venda de bilhetes para os meses seguintes.
No entanto, a proibição da venda de passagens deverá durar por mais três meses, no mínimo. Na prática isso significa que muito provavelmente o aeroporto da capital não voltará a operar antes de setembro. Por meio de nota a Fraport confirmou que a área do sítio aeroportuário segue alagada, o que impede qualquer avaliação de danos e projeção de recuperação.
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