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ANIMAIS

CATÁSTROFE NO RS: Estado ainda tem 20 mil animais em abrigos

Confira os dados dos abrigos por município

Giordanna Vallejos
Publicado em: 06/06/2024 às 15h:23 Última atualização: 06/06/2024 às 15h:24
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As enchentes no Rio Grande do Sul desencadearam uma crise sem precedentes para a fauna da região. Um diagnóstico do governo estadual revela que cerca de 20 mil animais foram desabrigados e estão atualmente sob os cuidados de abrigos temporários.



Conforme levantamento do Acompanhamento de Abrigos para Animais no Rio Grande do Sul, há 346 abrigos registrados, acolhendo um total de 18.873 animais. Destes, a esmagadora maioria são cães 90,21%, seguidos por gatos 9%, aves 0,05%, equinos 0,01% e suínos 0,26%.

Os dados revelam uma variação significativa no número de animais abrigados entre os municípios do Rio Grande do Sul. Canoas, por exemplo, lidera com 71 abrigos acolhendo um total de 8.141 animais, dos quais 7.469 são cães e 616 são gatos. Este volume representa cerca de 43% de todos os animais abrigados no estado, destacando a gravidade da situação no município.

Porto Alegre também enfrenta um cenário crítico, com 157 abrigos abrigando 4.601 animais, sendo 4.153 cães e 424 gatos, constituindo aproximadamente 24% do total estadual.

Em comparação, São Leopoldo, com apenas dois abrigos, cuida de 1.101 animais, sendo a grande maioria cães (1.055) e um número menor de gatos (46). Apesar do número relativamente baixo de abrigos, a densidade de animais por abrigo em São Leopoldo é alta.

Já Novo Hamburgo, com 12 abrigos, acomoda 534 cães, evidenciando uma menor densidade populacional de animais por abrigo em relação a outros municípios mais afetados.

Viamão e Esteio também apresentam desafios particulares. Viamão, com 17 abrigos, cuida de 656 animais, incluindo 487 cães, 112 gatos e 47 suínos, refletindo uma diversidade maior de espécies afetadas.

Esteio, com um único abrigo, abriga 500 cães, destacando uma situação de alta concentração de animais em um único local. Esses dados sublinham a necessidade urgente de recursos adequados e apoio contínuo para garantir o bem-estar dos animais desabrigados em todo o estado.

Coordenador de abrigo em Novo Hamburgo fala sobre dificuldades

Gustavo Finck, coordenador do abrigo Panorâmico Fatbull em Novo Hamburgo, oferece um relato detalhado das operações e desafios enfrentados desde o início das enchentes. No primeiro dia do abrigo, cada cão resgatado foi identificado com numeração e foto, e imediatamente submetido a uma triagem médica.

“A maioria dos cães estava em choque, assustados, agitados, tivemos que separar brigas entre eles”, relatou Finck.

Os dias seguintes foram marcados por uma intensa atividade para garantir a saúde e o bem-estar dos cães. Finck descreve que, no segundo dia, todos os animais receberam tratamentos essenciais, incluindo antipulgas, carrapaticidas e vermífugos.

O abrigo montou uma farmácia interna e contou com a presença constante de veterinários para tratar das demandas médicas dos cães, como a Dra. Renata Rangel, que se deslocava de Gramado para dar a assistência necessária.

No entanto, a luta para manter o abrigo funcionando não foi fácil. Ele criticou a falta de apoio governamental, a dependência das doações e do trabalho voluntário. “O maior desafio desde o início foi conseguir verba e apoio de voluntários. O governo não foi ágil nem eficaz no quesito do manejo dos animais”, afirmou.

Mudanças necessárias para melhorar a vida dos animais

Ele enfatizou que a maioria dos recursos e espaços utilizados foram cedidos por pessoas comuns e empresários, e que a mão de obra era composta quase inteiramente por voluntários. “Se não fosse pelo trabalho do povo, pelo trabalho de voluntários, o número de cães mortos seria muito maior”, disse Gustavo, destacando a importância de políticas públicas mais robustas e de um investimento significativo na causa animal para evitar futuras crises.

O coordenador do abrigo explica que deve haver um investimento forte nas políticas públicas, conscientização e educação da comunidade. Para ele, campanhas de castração obrigatórias são essenciais, como forma de controle populacional.

Além disso, ele enfatiza atendimento veterinário público gratuito, para famílias de baixa renda, microchipagem obrigatória, com dados do tutor, para em casos como esse, serem facilmente localizados e devolvidos e até mesmo para controlar os abandonos.

Feiras de adoção ajudam a reduzir animais em abrigos

Neste sábado, 8 de junho, a partir das 9 horas, acontece mais uma edição da tradicional Feira de Adoção de Animais, na Leonel Brizola. Estarão à disposição para adoção filhotes de cães e gatos, além de alguns cães adultos recolhidos e devidamente tratados pelo Departamento de Bem-Estar da Prefeitura. Todos os animais adotados têm direito a castração.

Em Novo Hamburgo, será realizada neste domingo, dia 09, das 11h às 17h, uma feira de adoção no antigo Hotel Fenac, localizado na rua Araxá, n°755, bairro Ideal. Para adotar, é preciso ser maior de 18 aos e levar comprovante de residência e documento de identidade. O município fornecerá a castração do animal.

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