ENCHENTE HISTÓRICA

CATÁSTROFE NO RS: Depois de atingir 17,6 metros, Rio Caí baixa quase dois metros

Última família em perigo foi resgatada de helicóptero na manhã desta sexta-feira

Publicado em: 03/05/2024 17:44
Última atualização: 04/05/2024 16:02

Depois de atingir o maior nível de todos os tempos, com 17,60 metros à 0h30 desta sexta-feira (3), o Rio Caí começou a baixar em São Sebastião do Caí. Às 15 horas, a marca era de 15,85 metros, com redução de 85 centímetros em uma hora.

Em novembro, a cidade tinha já alcançado a maior marca da sua história, com 16,67 metros. Para ser ter uma ideia do tamanho da enchente, na Rua Oderich faltaram centímetros para que a água alcançasse a Avenida Dr. Bruno Cassel, antigo traçado da RS-122.


Enchente na Rua Oderich chegou ao cruzamento com o antigo traçado da RS-122 Foto: Débora Ertel/GES-Especial

A professora Grasiela Müller, 38 anos, aguardava a chegada de um alguém com barco para ir até sua casa para ver se encontrava uma gata que não conseguiu levar junto. “Minha casa ficou só com o telhado pra fora. Vi uma foto área e aparece uma mancha branca. Acho que é ela”, comentou.

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Grasiela Müller, professora Foto: Débora Ertel/GES-Especial


Ao lado do Parque Centenário, foi montado um gabinete de operação sob o comando Tenente-coronel Euclides Neto, chefe de Gabinete do governador Eduardo Leite. “As cotas superaram todas as expectativas, mas hoje nós estamos numa situação bem melhor”, declarou.

“Todos trabalharam conjuntamente nesse gabinete de crise e fizeram que grande parte da população, que estava em locais de risco, fosse retirada”, declarou no final da manhã desta sexta-feira.

Somente os bombeiros voluntários contabilizam 1.264 pessoas resgatadas, sendo que o total, somando as outras forças, ultrapassou 1,7 mil salvamentos. No entanto, como explica o comandante do Corpo de Bombeiros Voluntários da cidade, Anderson Jociel da Rosa, o volume de moradores retirados da enchente é muito maior, pois muitos voluntários ajudaram.

Aliás, o último resgate de pessoas que corriam risco de vida foi realizado na manhã de hoje pela equipe Águias da Polícia Militar de São Paulo. Era de uma família que estava refugiada no sótão de uma casa na Costa do Arroio Cadeia, no bairro Quilombo.


Último resgate de pessoas risco realizado em São Sebastião do Caí Foto: Castor Becker Júnior

O helicóptero foi enviado somente aos locais onde não havia possibilidade do resgate ser realizado de barco. Ao todo, os Águias salvaram 42 vidas. A aeronave foi deslocada no final da manhã para Bento Gonçalves. Além disso, um segundo helicóptero, destinado ao socorro médico, será enviada por São Paulo.

Bombeiros miliares do Paraná, que também auxiliarem em São Sebastião do Caí, foram deslocados para ajudar no resgate em Novo Hamburgo e São Leopoldo. Além disso, o Uruguai também enviará aeronaves para prestar auxílio às forças de resgate gaúchas.


Toni Abel Nunes cruzou a Rua 13 de maio a pé em São Sebastião do Caí Foto: Débora Ertel/GES-Especial

“A área de ação impactada é muito grande. Nós temos toda a região da serra impactada, nós temos a região dos vales impactada mais uma vez. Hoje nós temos uma preocupação também com a região metropolitana”, ponderou o tenente-coronel. “Também temos que preparar também as cidades para essa segunda etapa, que é a etapa de recuperação”, concluiu.

O prefeito Júlio César Campani projeta que a partir de domingo seja possível dar início ao trabalho de limpeza da cidade. “Faremos uma reunião para organizar as equipes. Vamos precisar de cestas básicas e kits de higiene e limpeza”, disse. No entanto, ele aguarda que a Secretaria de Obras, também inundada pela água, possa ter condições de receber as equipes.


Secretaria de Obras de São Sebastião do Caí Foto: Débora Ertel/GES-Especial

O comerciante Júlio César de Oliveira, 37 anos, é proprietário de uma barbearia localizada a uma quadra da Avenida. Dr. Bruno Cassel. Assim que a água baixo, nesta sexta-feira ele iniciou o trabalho de limpeza. Em novembro ele se mudou para esse endereço, já que em novembro teve o negócio invadido pela enchente no bairro Vila Rica. 


Estragos da enchente em São Sebastião do Caí Foto: Débora Ertel/GES-Especial

Enquanto isso, nos abrigos o trabalho é intenso para atender as famílias. Foram organizados cinco espaços que abrigam cerca de 500 pessoas.

No ginásio da Paróquia Nossa Senhora da Conceição são 152 pessoas alojadas. No espaço, um grupo de voluntários da comunidade católica, com auxílio de funcionários da prefeitura, prepara as refeições. Segundo Clóvis Teixeira, toda doação é bem-vinda, especialmente de alimentos não perecíveis.


Voluntários do bairro Conceição em São Sebastião do Caí Foto: Débora Ertel/GES-Especial

De acordo com ele, o que não for preparado, depois será utilizado para cestas básicas. Teixeira explica que a comunidade católica também é responsável pela alimentação de outras 200 pessoas, alojadas no ginásio da Comunidade Luterana, próximo do ginásio da paróquia. O contato é (51) 99862-2911.


Família no abrigo do ginásio do bairro Conceição em São Sebastião do Caí Foto: Débora Ertel/GES-Especial


A dona de casa Josiane da Silva Padilha, 34 anos, tem sete filhos, sendo que seis deles estão com ela no ginásio. A mais nova é a bebê Amanda Padilha Braz, de um mês. “Só consegui pegar a bolsa dela, uma térmica, um pacote de fralda e o leite”, conta. Conforme Josiane, é a primeira vez que a família precisou procurar abrigo por causa da enchente. “Mas aqui o pessoal é muito atencioso. Não nos falta nada”, garantiu.

 

 

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