Desde quinta-feira (2), dezenas de moradores da Vila Marrocos, bairro Santo Afonso, em Novo Hamburgo, estão acampados às margens das ruas Carlos Afonso Braunger e Antônio Roberto Kroeff, nas imediações do loteamento. Eles não podem ficar em suas casas em razão da enchente, mas também não querem se distanciar, com medo de ter pertences furtados de suas casas pelos chamados “ratos de água”, ladrões que estão aproveitando a tragédia para realizar furtos. Por isso, acampam próximo às residências.
Barracas foram montadas nas calçadas. Há também moradores dormindo em seus veículos que foram resgatados antes da inundação no local. Na rua Carlos Afonso Braunger, via de acesso à Vila, um casal montou um acampamento improvisado na última quinta-feira (2) para escapar da enchente e vigiar a casa durante as chuvas.
“Apesar de ter entrado água até o telhado, se tu sair daqui e não ficar vigiando, ele entram e roubam de tudo, até fios de luz e tomadas. O que der pra vender”, relatou Valéria de Moraes, 40. Com um fogão a lenha improvisado com tijolos as refeições são preparadas na calçada mesmo, no espaço que o casal divide com mais três pessoas. “Nós estamos aqui (barraca), mas a cada duas, três horas, pegamos o barco e vamos lá dar uma olhada, por isso decidimos ficar”, explica o pintor Jandir Major, 45, esposo de Valéria.
Na certeza que a água não entraria na residência o casal não seguiu o alerta da Defesa Civil. Não retiraram os pertences pessoais e móveis da casa com antecedência. “Eu me sinto perdido, a gente não sabe o que fazer assentindo a água levar tudo que levamos uma vida inteira para adquirir, sem puder fazer nada”, desabafa Major.
Com a água no telhado de casa Julian Coelho, 37, e Susana Freitas seguiram para um ponto alto do bairro, estenderam uma lona na calçada de uma empresa e decidiram acampar. Há dois dias o endereço do casal mudou da Rua Lerny Leite de Oliveira para a Rua Antônio Roberto Kroeff. “Poderíamos estar em abrigos ou casas de amigos também, mas optamos em ficar aqui pela segurança da casa”, relata Susana. O casal perdeu tudo na enchente.
Mesmo com a casa totalmente invadida pela água, Mari Soares de 52 anos, moradora da Rua José Mayer Filho, se recusa a deixar a residência. O motivo, segundo a dona de casa, é o medo de terem seus bens saqueados. “Não dá pra sair senão levam o pouco que restou”, comenta da janela da casa ilhada.
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