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SOLIDARIEDADE

CATÁSTROFE NO RS: Centenária que viveu enchente de 1941 está entre os acolhidos em abrigo na região

Izaltina Laux, que viveu a enchente de 1941, está acolhida no Abrigo São Francisco

Giordanna Vallejos
Publicado em: 27/05/2024 às 17h:23 Última atualização: 27/05/2024 às 17h:24
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Izaltina Laux, uma mulher de 100 anos, encontrou um lar temporário na Capela São Francisco, no bairro Rincão dos Ilhéus, em Estância Velha. Desde o início de maio, ela e sua família estão entre os desabrigados da enchente que assolou a região.



Com uma vida marcada por superação e generosidade, Izaltina continua irradiando força e otimismo, mesmo diante das adversidades.

A centenária nasceu em Passo Fundo e dedicou 51 anos de sua vida à Borbonite, uma empresa onde trabalhou liderando a expedição — em uma época onde mulheres em posições de liderança era algo relativamente incomum. “Eu adorava trabalhar lá, eu comandava, exigia as coisas bem certinho, arrumava tudo”, recorda.

Filhos do coração

“Nunca tive filhos biológicos, só do coração. O André é um deles, filho da minha irmã, que criei desde que ele nasceu. Criei mais outros cinco, naquela época eles davam os bebês, eu criava eles até os 18 anos, dando roupa, comida, escola e carinho. Mas o único que fiquei mais tempo foi o André”, revela a centenária, mostrando uma essência de cuidado e solidariedade.

Conforme conta o filho, André Machado da Silva, 41, a mãe presenciou a enchente de 1941, vendo inclusive os animais da fazenda serem levados pelas águas.

Apesar de lembrar da enchente de 1941, Izaldina esquece da atual. “Eu me lembro da enchente. A nossa casa encheu de água, faz muito tempo, quando eu era praticamente uma criança. Não lembro da enchente de agora.”

Uma nova realidade

Taiuane Fernanda Muniz, nora que ajuda a cuidar de Izaltina, explica que a centenária estava morando no bairro Santos Dumont, em São Leopoldo, com ela, o filho e as duas netas quando a tragédia ocorreu. “Nós a tiramos de casa antes que a água chegasse. Talvez por isso ela não lembre do ocorrido”, conta ela.

No abrigo, a centenária encontrou conforto e solidariedade. “Ela está sendo muito bem tratada aqui. Cada pessoa que passa, ela manda beijo e cumprimenta. Ela está gostando desse calor humano”, diz Taiuane.

A idosa de 100 anos, que adora tricotar e esbanja simpatia, interage com os demais desabrigados e descansa em sua cama, com cobertas e roupas quentinhas, doadas pela comunidade.

Hoje, a jovem mulher que adotava crianças abandonadas e não pedia nada em troca por isso, recebe o mesmo afeto e cuidado que entregou. “Eu não sei porque estou aqui, não sei onde estamos, mas é bom aqui, para mim, tudo que vir, vem bem”, afirma Izaltina.

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