PREOCUPAÇÃO

CATÁSTROFE NO RS: Canela tem perdas de mais de R$ 2 milhões na agricultura

Áreas do interior ainda sofreram com falta de energia elétrica por vários dias, além de desabastecimento de água e constantes quedas de barreiras

Publicado em: 23/05/2024 18:03
Última atualização: 23/05/2024 18:03

A situação é de preocupação em grande parte do interior de Canela. Conforme levantamento realizado pela Emater do município, o setor agrícola teve perdas que chegam a mais de R$ 2,4 milhões. Quedas de barreira que afetaram estruturas de agroindústrias, falta de energia elétrica e de água, além da perda de culturas é o cenário visto na zona rural. 

Mais de R$ 2,4 milhões em perdas na produção agropecuária de Canela Foto: Divulgação

Entre 26 de abril e 3 de maio a região enfrentou precipitações extremas de 503,4 mm, mais que o triplo do volume normal para a época. Depois, uma pequena trégua e as chuvas voltaram, com mais 326,6 mm, totalizando 830 mm até 16 de maio. Comunidades chegaram a ficar isoladas, ainda com registros de danos severos à infraestrutura e às atividades econômicas locais.

“Os prejuízos ainda estão sendo contabilizados, uma vez que os efeitos das chuvas intensas persistem. Dada a magnitude do evento, algumas perdas ainda poderão evoluir, principalmente por causa da instabilidade do terreno em algumas áreas”, afirma o extensionista Alexandre Meneguzzo. “A dificuldade de acesso e as restrições de circulação também dificultaram muito a obtenção dos dados, mas já temos uma ideia do que tivemos quanto à produção agropecuária”, finaliza.

As principais perdas na agropecuária envolvem o cultivo de feijão, aipim, frutas cítricas e maçã. As áreas foram severamente afetadas e devem influenciar nas futuras safras, inclusive. 

A produção de grãos e hortaliças também é impactada. Em 195 hectares plantados de milhos, em 60 houve impacto direto, com os grãos maduros apodrecendo devido ao excesso de umidade. Lavouras foram arrastadas e também houve acamamento de outras, inviabilizando a colheita mecanizada e favorecendo o apodrecimento. Uma parte da safra já havia sido colhida antes do evento climático.

Na olericultura, houve perdas de lavouras inteiras por conta da intensidade das chuvas. Hortaliças hidropônicas também sucumbiram pela falta de luz e necessidade de partilhar geradores de energia em atividades de maior necessidade. Estufas com morango tiveram produção reduzida por conta da excessiva umidade e falta de luminosidade.

Cerca de 500 hectares de eucalipto e 4,5 mil hectares de Pinus eliottis sofreram impactos, juntamente com 800 hectares de acácia-negra. "Aqui, é muito difícil mensurar as perdas, pois há inúmeros deslizamentos em muitos cultivos, comprometendo a colheita e a qualidade da madeira ou da lenha a obter", comenta a Emater.

A pecuária também sofre. Animais bovinos de corte perderam peso devido à dificuldade de acesso a áreas de alimentação. No setor das aves, houve retardo na reentrada de 52,5 mil frangos em um aviário por falta de acesso. Também considera-se perda de peso em outros 50 mil frangos por conta de inanição, motivada pela falta de acesso dos caminhões com ração às unidades produtoras.

Infraestrutura e comunidades

Cerca de 700 famílias ficaram sem energia elétrica, por vários dias. Isso ocasionou a falta de conservação de alimentos e a parada no funcionamento de equipamentos médicos essenciais. Agroindústrias também foram afetadas com o desabastecimento.

Outro grande problema no interior foram os deslizamentos severos que afetaram estradas que ligam várias comunidades, como São João, Morro Calçado, Bugres e na Linha Rancho Grande, onde um casal perdeu a vida e sua residência foi destruída.

Praticamente todas as comunidades tiveram deslizamentos de diversos tamanhos. Rachaduras em terrenos são constatadas em diversas localidades. Instalações de pelo menos duas agroindústrias foram danificadas e uma, destruída completamente.

As autoridades locais continuam a monitorar a situação e buscar soluções para mitigar os danos causados pelas chuvas, garantindo apoio às comunidades afetadas e buscando recuperar a produção agropecuária de Canela.

Pedido para contratação de geólogos

O vereador Marcelo Savi protocolou na Câmara de Vereadores de Canela uma indicação solicitando ao  Executivo uma lei que permita a contratação imediata de geólogos em caráter temporário. Conforme o parlamentar, há a possibilidade de chamamento de cadastro reserva da lista de aprovados no processo seletivo simplificado realizado no ano passado, que pode atender às situações na cidade.

Nesta quinta-feira (23), o vereador se reuniu com secretário do Meio Ambiente Leandro Pereira Heidtmann, além de técnicos e geólogos da pasta. A pauta foram os transtornos causados na região do Morro Calçado, Bugres e Rancho Grande e o encontro contou ainda com membros da Defesa Civil de Canela.

O principal assunto da reunião foi sobre as estradas das localidades e também a grande ocorrência de deslizamentos, que além de colocar em risco a vida das pessoas, acabou com propriedades inteiras e causou evacuações. 

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