As enchentes no Rio Grande do Sul acendem alerta para a saúde. A água das cheias que inundam as cidades podem desencadear diversas enfermidades, as chamadas “doenças hídricas”, transmitidas por meio da água contaminada, e podem causar sérios danos à saúde.
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Leptospirose, febre tifoide, hepatite A e infecções de pele são algumas das doenças infectocontagiosas que podem ser causadas pela água da chuva acumulada. Essas doenças, se não tratadas, podem ser fatais.
A recomendação dos especialistas é: não entre em contato com a água de enchente. Mas se isso não for possível, é preciso seguir algumas recomendações para se proteger. “O ideal é evitar contato direto com água de enchentes (esgoto, animais em decomposição, urina e fezes animais e humanas), porém vivemos uma situação excepcional no estado, dessa forma, se aconselha durante a exposição o uso de calças compridas, luvas e botas”, orienta a médica infectologista e professora do curso de Medicina da Universidade Feevale, Adriana Neis Stamm.
Com o recuo das águas, famílias estão retornando para casa, é quando a segunda etapa – também perigosa quanto ao contágio – começa: a limpeza das residências. Ao realizar a higienização dos locais atingidos, Adriana orienta usar luvas e botas e lavar todas as superfícies com uma receita bem simples: “Água e sabão, e desinfetar com água limpa e água sanitária – 400 ml de água sanitária para 20l água limpa, deixando agir por 30 minutos”, ensina.
Na falta de botas, a dica é o uso de sacos plásticos nos pés, “dois sacos em cada pé, preferencialmente”, além de evitar contato direto com olhos e boca. “Se inevitável, ficar o mínimo tempo possível em contato com a água”, alerta. Louças devem ser lavadas com água e sabão e em seguida deixados de molho na mesma solução com água sanitária, orienta.
Principais doenças e sintomas
– Hepatite A: maioria dos casos é assintomática ou casos leves. Manifestações clínicas: febre, mal estar, náusea e vomito, dificuldades digestivas, poucos casos pele e olhos amarelados.
– Infecções de pele e partes moles: inflamação da pele, edema, saída de secreção, mais raramente associado a febre e calafrios. Lesões como cortes e escoriações devem ser mantidas fechadas para evitar contato com contaminantes.
– Leptospirose: atualmente tão falada, infecção por uma bactéria que penetra pela pele não íntegra/ íntegra quando exposição prolongada ou mucosas (boca, nariz e olhos), que se manifesta com dores no corpo, febre, dor de cabeça e em até 85% dos casos com dor em panturrilha. Atentar que o período para início de sintomas é entre 1-30 dias, principalmente 3 semanas após a exposição.
Acidentes com animais peçonhentos
A infectologista também pede atenção ao aparecimento de animais peçonhentos, como serpentes, escorpiões e aranhas, comuns em eventos naturais como fortes chuvas e enchentes. “Com a inundação, animais como aranhas e cobras vão circular e acidentalmente teremos contato com humanos. Nessas situações, se possível identificar o animal, com foto ou levar o animal e procurar atendimento médico imediatamente.”
O alerta foi reforçado pelo Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), que lançou uma cartilha com orientações, dado que locais com entulhos aumentam o risco de acidentes e de ferimentos durante a limpeza, além de serem pontos facilitadores para picadas de escorpiões, aranhas e cobras. Isso porque, em situações de chuva, esses animais costumam se abrigar em pontos secos.
Em casos de suspeita ou acidentes com animais peçonhentos pode-se entrar em contato com Centro de Informações Toxicológicas (CIT) pelo telefone 0800- 7213000.
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