Com assobios e gritos anunciando a chegada do resgate, um grupo de amigos está empenhado em salvar famílias inteiras dessa que já é considerada a maior enchente da história do Vale do Sinos.
Rudinei da Rosa Novatzki, morador de Novo Hamburgo, não aguentou ver a aflição de moradores do Vale do Sinos desesperados por socorro e decidiu agir. Pegou seu barco, chamou o irmão Edmilson e o amigo Sílvio Matos, estes moradores de Estância Velha, e se juntaram a tantos outros voluntários que arriscam a própria vida para salvar outras.
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Desde sexta-feira (3), o trio percorre as ruas tomadas por água, em alguns pontos com mais de 3 metros de profundidade, em busca de moradores que resistiram a deixar suas casas e que agora apelam por ajuda. “Vamos rua por rua, quando identificamos moradores ilhados, oferecemos ajuda”, revela Matos.
Até a manhã deste domingo (5), somente essa equipe de voluntários havia resgatado mais de 300 moradores. “A gente consegue embarcar 12 pessoas por vez. Foram incontáveis viagens. Iniciamos pelo bairro Santo Afonso, depois começaram a surgir apelos da Vila Brás e demais bairros de São Leopoldo. Vamos indo, nosso propósito é salvar vidas”, garante Novatzki.
“Aqui, aqui”: Pai e filho gritam por socorro
Na manhã deste domingo (5), a reportagem do ABCmais acompanhou o trabalho dos amigos. Durante a varredura pelo bairro Santos Dumont, em São Leopoldo, eles escutaram gritos de socorro e reduziram a aceleração do barco para conseguir identificar de onde vinha o apelo. Ao passarem por uma casa de dois pisos, um dos voluntários identificou um rapaz com meio corpo pendurado para fora de casa acenando e gritando: “Aqui, aqui”.
O grupo deu meia volta e foi até o local fazer o socorro. Era pai e filho, que viram a água subir rapidamente durante a madrugada e não conseguiram sair de casa. O primeiro piso da casa estava embaixo d’água, assim como o veículo da família. Os voluntários tiveram que arrancar os fios da cerca elétrica para conseguir acessar o imóvel. Pai e filho se equilibraram em um muro e conseguiram pular para dentro da embarcação.
Este foi mais um resgate feito com sucesso pelos amigos. Depois de deixar pai e filho em um ponto seco, às margens da BR-116, próximo à Avenida Caxias do Sul, voltaram ao interior do bairro para procurar mais moradores. “Cada pessoa salva, é um alívio”, resume Novatzki.
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