A enchente histórica do Rio Grande do Sul registra mais de 150 mortes. Do total, 22 pessoas não estavam identificadas até o meio-dia de domingo (19) e 50% delas foram encontradas sem vida em municípios de abrangência dos jornais do Grupo Sinos.
Das 53 mortes em 13 municípios da região, 12 não tinham a identidade confirmada conforme o boletim da Defesa Civil na atualização do balanço das enchentes no Estado (19/5 ao meio-dia). Elas são de Canoas (10), São Leopoldo (1) e Esteio (1).
Conforme a Secretaria de Segurança Pública, nenhuma das vítimas foi sepultada sem identificação e não há prazo, no momento, para aguardar a localização de um familiar. A pasta explica que o reconhecimento por familiar não é uma técnica científica de identificação.
Para identificar as vítimas, o Instituto-Geral de Perícias (IGP) utiliza uma das três técnicas: papiloscopia (impressão digital), exame de DNA ou exame da arcada dentária quando se tem registro odontológico. O tempo para o resultado dos exames depende da técnica utilizada e pode variar por diversas razões. No entanto, o IGP tem identificado as vítimas em poucos dias.
Os familiares de desaparecidos precisam entrar em contato com o IGP para verificar se a vítima consta entre as identificadas. Caso conste, eles podem proceder à liberação para sepultamento. Caso não conste, será orientada a coleta de material genético. Os contatos são (51) 98682-9207.
Famílias inteiras arrasadas pelo luto
Das mais de 50 mortes na região, Canoas representa o maior número de casos em todo o Estado e na região. São 22 vítimas, das quais 10 não estão identificadas. Depois dela vem São Leopoldo com oito mortes, uma delas sem identificação. A terceira cidade com mais casos, com sete mortes, é Gramado, todas identificadas.
Em um momento de envolvimento dos órgãos públicos e voluntários para salvar e ajudar, informações precisas de quem é quem ficam mais difíceis. A reportagem traça o perfil de algumas das vítimas da região, por conta de notícias publicadas ou informações de prefeituras. No levantamento constatase que há famílias que sofreram com mais mortes.
Gramado é um exemplo: no dia 2, uma família morreu sob os escombros. Foram encontrados Silvio Antônio Pellicioli, 47, Kaique Andriel Ludvig Santos, 13, e Nitiele Ludvig, 36. No dia seguinte, em Linha Pedras Brancas, Matilde Verônica Zimmermann, 47 anos, e seu marido Rudimar Branchine, 62, foram encontrados sem vida. O filho deles, Jocemar Zimmermann Branchine, 16, foi encontrado no dia 4, em meio aos escombros da casa. Na Linha Quilombo, Noeli da Rosa Duarte, 55, morreu atingida por um deslizamento.
Em Canela, um casal morreu na localidade de Rancho Grande, na zona rural. José Alzemiro de Moraes e sua esposa, Marina de Moraes, dormiam quando a casa deles foi soterrada em um deslizamento. Conhecido como Mirinho, ele era servidor da Secretaria de Obras de Canela e também era envolvido com a equipe do União Rancho Grande.
Outro casal foi vitimado em Taquara: Beatriz Erthal e João Carlos Erthal, de 74 anos. Segundo a prefeitura, ele foi encontrado sob os escombros na localidade da Batingueira, dia 2, e o corpo dela ainda não foi encontrado.
Em Três Coroas, foram três mortes por afogamento. As vítimas foram os irmãos Carlos Gaieski de AraújoMachado, 10 anos, e Kauane de Araújo Machado, 6, encontrados no dia 7, na Linha Café. Onore Scheffer Bauer, 66 anos, é outra vítima. Seu corpo foi encontrado no bairro Vila Nova no dia 4.
Atenção aos desaparecidos
A Defesa Civil orienta a quem encontrar o nome na lista de desaparecidos buscar a Delegacia de Polícia Civil mais próxima para regularizar os dados e solicitar a retirada do nome da lista. Os órgãos estaduais — Corpo de Bombeiros, Polícia Civil e Instituto Geral de Perícias — cuidam do processo, que vai desde a remoção do corpo, notificação do óbito e encaminhamento para identificação.
Para informar sobre pessoas desaparecidas acesse: delegaciaonline.rs.gov.br
Para consultar informações sobre desaparecidos no RS: pc.rs.gov.br/desaparecidos
Outras histórias de quem não resistiu à força das chuvas na região
Em Salvador do Sul foram duas vítimas no dia 30 de abril. João Pedro Duarte Vieira, 72 anos, era pedreiro. Estava aposentado. Rodrigo de Ávila Nunes, 47 anos, estava encostado. Ambos foram vítimas fatais do deslizamento de terra na Linha Cangerana.
Segundo a prefeitura, João Pedro foi sepultado em Montenegro. Ele deixa os filhos Max, Jackson e Jamila e
seis netos. Demais familiares e amigos estão consternados com a perda. Já Rodrigo de Ávila Nunes, primeira vítima encontrada no desmoronamento, foi sepultado em Camaquã. A esposa, Maria Núbia, os filhos Juan, Patrick, Denis e Marlon, estão enlutados. Denis, 19 anos, estava com o pai sob os escombros e foi resgatado.
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Em Nova Petrópolis, Adolfo Stahnke foi encontrado pelo Corpo de Bombeiros Voluntários e Polícia Civil no Arroio Paixão no dia 10. Ele estava desaparecido desde o dia 6. Conforme nota da Polícia Civil, o corpo não tinha sinais de violência e estava parcialmente submerso no interior do rio. Ele era portador de esquizofrenia e estava aos cuidados no Caps.
Em Bom Princípio, o corpo de Geison Tiago Macek, 38 anos, foi encontrado no dia 3 de maio, na localidade de Bela Vista em meio ao arvoredo de citros. Como no local não teve deslizamento e ele vivia perto do rio, a prefeitura informou que possivelmente foi por afogamento. Conhecido de todos, era morador em situação de rua. Ele foi sepultado em São Sebastião do Caí, sua cidade natal.
Mortes por cidade
Bom Princípio:
Geison Tiago Macek
Canela:
José Alzemiro de Moraes,
Marina de Moraes
Canoas:
Luiz Roberto Nunes da Cruz,
Maria Helena Silveira Dias,
Milton Flores,
Paulo Dussarrat Riter,
Claudemir Campos Jaques,
Marlene Murliki,
Jane Lucia Gonzalez de Freitas,
Valtemir Paulo de Godoy,
Agnes da Silva Vicente,
José Alberto Assis Castro,
Francisco de Assis Silva de Oliveira,
José Marison de Barros Costa,
Dez não identificados
Capela De Santana:
Santino Silva dos Santos
Esteio:
vítima não identificada
Gramado:
Jocemar Zimmermann Branchine,
Kaíque Andriel Ludvig Santos,
Matilde Veronica Zimmermann,
Nitiele Ludvig,
Noeli da Rosa Duarte,
Rudimar Branchine,
Silvio Antônio Pellicioli
Montenegro:
Celomar Avila de Oliveira
Salvador do Sul:
João Pedro Duarte Vieira,
Rodrigo de Ávila Nunes
São Leopoldo:
Alberi Neri Machado de Souza,
Eneida Vargas,
João Nelio Silva Barbosa,
Valdemar Cesar Kuhn,
Carlos Alberto Dias,
João Carlos Dias,
Sílvio da Silva
Um não identificado
São Vendelino:
José Adair de Oliveira,
Wagner Oliveira
Taquara:
Beatriz Erthal,
João Carlos Erthal
Três Coroas:
Carlos Gaieski de Araújo Machado,
Kauane de Araújo Machado,
Onore Scheffer Bauer
Nova Petrópolis:
Adolfo Stahnke
Fonte: Boletim da Defesa Civil na atualização do balanço das enchentes no Estado (19/5 ao meio-dia)
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