COMO FOI A MANHÃ
ESCRIVÃO ASSASSINADO: Bate-boca entre promotor e advogados faz juíza ameaçar cancelar júri do Caso Ruschel
Saiba como foi a manhã no júri popular que julga a ex-mulher do escrivão judicial Paulo Cesar Ruschel, acusada de participação no crime
Última atualização: 30/10/2023 16:29
Um clima de tensão marcou o início do júri popular que julga a ex-mulher do escrivão judicial Paulo Cesar Ruschel, morto com três tiros dentro de casa, em outubro de 2006. A ré Adriana Guinthner é acusada de participar do crime.
A juíza responsável por conduzir o julgamento, Anna Alice da Rosa Schuh, ameaçou desfazer o Conselho de Sentença e encerrar o julgamento caso acusação e defesa sigam trocando farpas. O recado foi dado logo no início do julgamento, enquanto a primeira testemunha era ouvida.
“Vou avisar logo no início: caso defesa e acusação sigam brigando e gritando, vou desfazer o Conselho de Sentença. Precisamos manter a ordem para que os jurados possam prestar atenção nos fatos”, avisou a juíza.
A intervenção da magistrada aconteceu durante o depoimento da delegada Rosane Oliveira de Oliveira, ouvida como testemunha de acusação. A delegada respondia a questionamentos formulados pelo advogado Jader Marques, que atua na defesa da ré Adriana.
O criminalista tentava, segundo ele, desmistificar aos jurados os “achismos” apresentados pela delegada durante seu depoimento. Antes disso, pelos mesmo “achismos”, o advogado já havia ameaçado processar a delegada caso mentisse durante seu depoimento.
O promotor Eugênio Paes Amorim interveio, alertando que o advogado estava agindo de má-fé para amedrontar a delegada. “Ele está tentando intimidar a delegada, e o judiciário tem o dever de proteger a testemunhas”, grita.
Ainda, segundo Amorim, o tom machista como o advogado criminalista conduz os trabalhos precisa ser reprimido pela magistrada responsável pelo julgamento. “Pior que o achismo é o machismo”, pontua o promotor, conhecido por participar de casos de repercussão em todo o Estado.
Antes de encerrar as perguntas à delegada, o advogado Jader Marques pediu para que fosse consignado em ata a ofensa proferida pelo promotor. “Ele responderá pela acusação que fez no foro competente”, avisa. Por fim, o criminalista pediu desculpas à delegada caso essa tenha se sentido ofendida por alguma pergunta feita, mas explicou que esse é o papel da defesa, em atenção ao direito da ré à ampla defesa.
O advogado criminalista Jader Marques atua na defesa da ré Adriana ao lado de outros dois profissionais: Leonardo Santiago e Casseano Barbosa.
O que aconteceu pela manhã no júri?
– O julgamento propriamente dito iniciou logo após às 10 horas. Antes disso, acusação e defesa, juntamente com a magistrada do caso, escolheram as testemunhas e deram demais encaminhamentos protocolares.
– O Conselho de Sentença é composto por quatro homens e três mulheres.
– A ré Adriana Guinthner acompanha o julgamento ao lado do advogado Jader Marques. Ela se manteve praticamente toda a manhã com a aparência calma e sem esboçar reações. Contudo, chorou quando o defensor leu aos jurados um bilhete que constam ameaças a Paulo Cesar Ruschel e a ela própria. O referido bilhete foi encontrado pela polícia à época da investigação junto aos pertences de Ruschel. Nele, constava ameaça de morte à mãe de Ruschel, ao próprio escrivão judicial e a Adriana.
– Cerca de 30 familiares e amigos de Adriana Guinthner acompanham o julgamento e vestem uma camiseta personalizada, com o dizer: “Justiça por Adriana e Ruschel”. Eles acreditam na inocência da ré.
– A expectativa é de que o caso entre a madrugada. A magistrada ainda não informou se deve suspender o julgamento e retornar a audiência na terça-feira (31).
– Ainda pela manhã, a médica perita aposentada Eliane Pessoa foi ouvida.
– Após o depoimento da médica, o julgamento foi interrompido para o almoço.