A Justiça agendou nesta segunda-feira (30) o julgamento da ré Paula Caroline Ferreira Rodrigues, de 29 anos, acusada de participar da morte do fotógrafo Gustavo Bertuol Gargioni. O júri será no dia 15 de dezembro, às 9h30. Ela estava foragida desde setembro, no entanto, presa há duas semanas, em uma clínica no bairro Bom Fim, em Porto Alegre.
O advogado de defesa, Rodrigo Schmitt, tentou obter a liberdade provisória ou o direito à prisão domiciliar. No entanto, o Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) decidiu na última sexta-feira (27) negar a solicitação. A magistrada Geovanna Rosa, afirmou que “a conduta anterior da ré permite cogitar que pretende se furtar à aplicação da lei penal.”, o que é negado por Schmitt. “Se ela quisesse mesmo fugir, já teria feito.”
Questionado sobre o tempo para o julgamento, já que o crime contra Gargioni foi cometido em 2015, o advogado afirmou que Paula nunca atrasou o processo. “Desde o início, eu sempre comuniquei que ela queria ser julgada. Tanto que em 2018 foi concedida a liberdade provisória.”
Emboscada em 2015
Segundo a Polícia Civil, Gargioni foi morto após sofrer uma emboscada armada por Paula e Juliano Biron da Silva. O crime foi cometido na madrugada de 27 de julho de 2015. A Polícia encontrou o corpo do jovem, então com 22 anos, na manhã do dia seguinte, na Prainha do Paquetá, em Canoas.
A investigação conduzida pela Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DPHPP) concluiu que o fotógrafo foi atraído por Paula, com quem mantinha uma relação afetiva, até um veículo onde Biron os aguardava.
Biron foi condenado em 2020 a 20 anos e oito meses de prisão, mas dois anos depois estava no sistema semiaberto. Ele foi novamente preso por envolvimento com o crime organizado.
Presa em 2016
Paula, por outro lado, foi presa em 2016 e teve sua liberdade provisória concedida em 2018. No entanto, conforme o delegado Gabriel Casanova, um novo mandado de prisão foi expedido há cerca de um mês, porque ela estava evitando o julgamento, não comparecendo aos atos.
Defensor da ré, Schmitt afirma que, em 2020, época do julgamento de Biron, a defesa do réu recusou que fossem julgados juntos. “Ele recusou.” O advogado salienta que a cliente então passou a se apresentar mensalmente em juízo. “Ela não tem vontade de fugir.”
Schmitt explica que retomou o contato recentemente com a cliente. “Ela está grávida de cinco meses e com um grave problema de saúde, que ameaça a gestação”, esclarece. A juíza afirmou que Paula está com pressão dentro da normalidade e com a gestação evoluindo normalmente.
O crime que chocou a cidade
Foram 19 disparos com uma pistola 9 milímetros. Antes disso, o fotógrafo saltou de um veículo em movimento. Segundo a Polícia Civil, os executores praticavam tiro ao alvo contra a vítima. A brutalidade espantou a comunidade em Canoas e comoveu a cidade, visto que o jovem tinha um rosto conhecido. Gargioni trabalhou por dois anos no Palácio Piratini durante o governo Tarso Genro e costumava fotografar eventos no município.
Para chegar aos autores, foram mais de 300 horas de imagens checadas, gravadas por cerca de 80 câmeras de segurança. Por conta deste material, a Polícia acompanhou o trajeto feito por Biron e Paula desde que Gargioni entrou no carro, quando o fotógrafo pensou que estaria a sós com a mulher. A acusação alega que o crime foi cometido por ciúmes.
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