POLÍCIA
Casal suspeito de movimentar R$ 170 mil por semana para facção do Vale do Sinos é preso em SC
Advogado e companheira estavam foragidos desde 2021 e se escondiam em Palhoça, onde vivem familiares
Última atualização: 05/03/2024 08:17
Um advogado gaúcho e sua companheira foram presos em Palhoça, Santa Catarina, por suspeita de envolvimento com facção criminosa que atua nos vales do Sinos e Paranahana.
Gilberto Silveira Tambasco, de 56 anos, e a esposa, de 29, estavam foragidos desde 2021, quando foram expedidas as ordens de prisões. Os dois tem familiares na cidade catarinense, que os ajudavam a se esconder.
A dupla é responsável por receber e fazer girar dinheiro da organização criminosa, conforme apontou investigação anterior sobre tráfico de drogas em Taquara. Conduzida pela Delegacia de Polícia da cidade, a apuração constatou que o casal movimentava, em suas próprias contas, cerca de R$ 170 mil por semana.
A ação, segundo a Polícia, servia para facilitar a circulação do dinheiro oriundo do tráfico daquela região para a facção do Vale do Sinos, incluindo o lucro advindo de extorsões no Vale do Paranhana.
Atuação nos negócios do filho
Gilberto é pai do traficante conhecido como Paulista ou Nenê, que começou a traficar drogas em uma facção do bairro Restinga, em Porto Alegre, associada ao grupo criminoso do Vale do Sinos.
Enquanto atuou na capital, Nenê foi responsabilizado por diversos homicídios em decorrência da disputa por pontos de tráfico de drogas. Conforme a Polícia, com isso, ele ganhou notoriedade na organização criminosa do Vale do Sinos e migrou para a região do Vale do Paranhana, onde assumiu a liderança do tráfico em Taquara e Parobé.
Desde o início, o pai atuava como consultor jurídico do filho, fazendo a defesa tanto na fase policial quanto na fase judicial. No entanto, segundo a Polícia, a atuação dele nos negócios do filho iam além da defesa, já tendo sido inclusive responsabilizado em inquéritos policiais que investigavam o tráfico de drogas em Taquara.
Com a prisão, estão sendo também investigados outros delitos envolvendo o casal, como a possível ocorrência de crime de lavagem de dinheiro.
O que diz a defesa
Em nota, os advogados Éder Renato Martins Siqueira e Luiza Teixeira Ortega Pinilla negam os crimes imputados aos clientes e informam que entrarão com pedido de liberdade provisória no Tribunal de Justiça. "O decreto prisional preventivo vigente se trata de uma desproporcional medida, corroborado pelo fato dos seus clientes não terem sido acusados pelo crime de lavagem de capitais, tampouco tráfico de drogas, sobretudo porque todas as provas produzidas durante o processo afastaram todos os motivos originários do decreto prisional, expedido nos longínquos anos de 2021. Há diversos desencontros de informações externadas pela investigação, tanto no que toca ao valor, como também o período. Foi comprovado judicialmente o erro sobre a origem dos depósitos, inúmeros documentos e testemunhas deram conta de justificar as receitas, oriundas de honorários advocatícios."