Nos últimos dias, a casa de Mãe Michelly da Cigana, em Alvorada, região metropolitana do Rio Grande do Sul, viralizou na internet após um vizinho postar no Twitter uma foto da estátua de Belzebu, que fica no muro da residência. A mãe de santo conta que a imagem está no local desde novembro do ano passado e que foi colocada na fachada como uma homenagem à entidade.
Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal
“Decidi homenagear, colocar ele como um rei. Quis colocar em um pedestal na frente da minha casa para demonstrar a minha fé e que eu não tenho nem um pouco de vergonha da fé que eu cultuo”, comenta.
Adepta da quimbanda, religião de matriz africana, ela conta que venera Belzebu há nove anos e explica que na “hierarquia espiritual” da quimbanda, ele é a entidade que está acima de todas. “A grande maioria das coisas que eu pedi e fui atendida foi pra ele. Então, ele merecia essa idolatria e essa homenagem.”
Ela revela que a ideia de colocar o monumento em frente à residência é para que “as pessoas que vêm aqui já deem de cara com o dono da casa”. Segundo Mãe Michelly, na sexta-feira santa, o túmulo da divindade, que fica dentro do pátio, é aberto para rituais e que a estatua foi colocada para ser vista estrategicamente, porque “nem todo mundo que entra aqui vê o túmulo”.
Estátua está na casa do bairro Bela Vista, em Alvorada, desde novembro de 2022
Foto:
Arquivo pessoal
A repercussão nas redes sociais tem atraído curiosos. “Temos câmeras de segurança e ‘volta e meia’ vemos pessoas. O fluxo de carros da rua aumentou muito. Era uma rua tranquila”, comenta a religiosa. “As pessoas estão indo ali tirar fotos”, revela.
Para ela, a viralização da estátua tem sido positiva, “uma chance de mostrar a pessoas que possuem uma visão errônea da divindade” quem ela é o que representa. Segundo Mãe Michelly, as imagens ultrapassaram a fronteira brasileira e estão se espalhando pelo exterior. “[A viralização] me deu a oportunidade de desmistificar, de falar sobre intolerância religiosa, de pedir respeito para as pessoas, e poder falar um pouquinho desse ser maravilhoso, desse rei da minha casa, Belzebu”, enfatiza.
Além dos olhares curiosos, a casa também tem despertado episódios de preconceito e ataques nas redes sociais. No entanto, a proprietária garante que isso não afeta sua fé. Ela afirma que todos têm direito a ter opinião e que isso não muda a dela. A religiosa conta ainda que Belzebu já atendeu diversos anseios dela e de seus seguidores, e que sua devoção não se abala por críticas. “Eu nem leio os comentários negativos, passa batido”, afirma.
Moradora do bairro Bela Vista há sete anos, a mãe de santo garante que não tem problemas com vizinhos por conta da religião. “Me dou super bem, presencialmente nunca recebi nenhuma crítica, nenhum ataque dos meus vizinhos. Eu respeito eles e eles me respeitam, nunca senti nenhum preconceito”, destaca.
Mãe Michelly lembra que há cerca de três anos fez um túmulo para a sua pomba gira no Cemitério Municipal de Alvorada, mas o caso não repercutiu tanto. “Só existe um túmulo da pomba gira Maria Padilha, que fica lá em Sevilla, na Espanha. Já fui lá, já estive visitando. Eu trouxe para o Brasil a ideia de fazer um túmulo em homenagem à ela”, finaliza.
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