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TRADIÇÃO

Carreteada preserva a tradição em Lomba Grande

Em sua 20º edição, evento que preserva a história das carretas puxadas por bois reuniu 300 carreteiros

Joceline Silveira
Publicado em: 02/03/2024 às 17h:00 Última atualização: 04/03/2024 às 11h:42
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Há duas décadas, Lomba Grande se mantém como um dos últimos baluartes no Rio Grande do Sul, de uma tradição que não morre: as carreteadas de boi. Meio de transporte e de sobrevivência durante décadas, as carretas de madeira voltaram a desfilar pela área central do bairro neste sábado (2), durante a 20ª Carreteada.

20ª Carreteada de Lomba Grande. | abc+



20ª Carreteada de Lomba Grande.

Foto: Joceline Silveira/GES-Especial

Promovido pela Associação dos Amigos Carreteiros de Lomba, o evento reúne diferentes gerações, todas com o mesmo objetivo: manter viva a tradição de uma época em que o tempo passava no ritmo do trote. “É uma forma de homenagear quem tanto fez e trabalhou para o desenvolvimento do nosso estado. Foi no lombo dos bois que o Rio Grande do Sul foi construído, é isso que queremos que não se perca com o passar do tempo”, enfatiza o presidente da Associação dos Carreteiros da Lomba Grande, José Décio Machado.

 presidente da Associação dos Carreteiros da Lomba Grande, José Décio Machado. | abc+



presidente da Associação dos Carreteiros da Lomba Grande, José Décio Machado.

Foto: Joceline Silveira/GES-Especial

Na tarde de sábado, a comitiva seguiu da propriedade do Paulinho Koetz, na Rua Afonso Strack, até a Sociedade Gaúcha de Lomba Grande. Foram três quilômetros de jornada que levou cerca de duas horas, na velocidade do passo do boi. Lá, os participantes montarão acampamento e à noite ocorre o baile com Celso Garcia & Grupo Porteira do Tempo e Marco Aurélio a partir das 23 horas. Já no domingo, a programação terá prova de boi novo e brincadeiras campeiras. Durante a tarde, haverá distribuição de prêmios aos participantes.

20ª Carreteada de Lomba Grande. | abc+



20ª Carreteada de Lomba Grande.

Foto: Joceline Silveira/GES-Especial

Gerações se encontram na Carreteada 

Acompanhado da filha e da família do genro, o aposentado Sérgio Martins, 60 anos, era um dos mais animados e mais antigos participantes da carreteada. O morador da Lomba Grande é integrante do evento desde a primeira edição. “Isso aqui não têm preço”, afirma sem perder o ritmo do tambor de couro que tocava acompanhando a gaita do genro, Antonio Terhorst, 16. “A música não para vai parar durante todo percurso”, garante Antônio.

 Sérgio Martins e  Antonio Terhorst embalaram o trajeto ao som da gaita e do tambor de couro | abc+



Sérgio Martins e Antonio Terhorst embalaram o trajeto ao som da gaita e do tambor de couro

Foto: Joceline Silveira/GES-Especial

Moradora de Lomba Grande, Ana Paula Silveira Soares, 32 anos, conta que participa da carreteada há 14 anos. “É uma tradição que pretendemos passar para os nossos filhos”, afirma enquanto acompanha o trajeto ao lado do marido, Juliano Ferreira Soares, 33.

 

 Ana Paula Silveira Soares, 32 anos, e o marido, Juliano Ferreira Soares, 33, há 14 anos participam do evento | abc+



Ana Paula Silveira Soares, 32 anos, e o marido, Juliano Ferreira Soares, 33, há 14 anos participam do evento

Foto: Joceline Silveira/GES-Especial

 

Público fiel

O desfile era esperado com ansiedade pelos moradores, que colocaram cadeiras nas calçadas, à sombra das árvores, ou até mesmo aproveitando os bancos das paradas de ônibus para não perder a passagem dos carreteiros. Natural de Três Passos, a empresária Nelci Elisete da Silva, 62, escolheu Lomba Grande para morar há 40 anos. E afirma, não perdeu nenhum desfile ao longo das 20 edições. “Eu vim do interior e me emociona demais a carreteada, porque remete a minha infância. Então, não perco por nada”, disse animada.

Nelci Elisete da Silva, 62, se emocionou com o desfile. "Remete a minha infância", enfatiza. | abc+



Nelci Elisete da Silva, 62, se emocionou com o desfile. “Remete a minha infância”, enfatiza.

Foto: Joceline Silveira/GES-Especial

Mesmo sob forte calor a dona de casa Marluce Dias, 54, também não perdeu nenhum registro do desfile. Chegou por volta das 13 horas à Rua Afonso Strack e escolheu um bom lugar para fotografar a passagem dos carreteiros. “É muito bonito. Antigamente era só assim que se transporta, gente e mercadoria aqui na Lomba”, relembra.

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