CELEBRAÇÃO

Canoenses homenageiam a Rainha das Águas no Paquetá

Católicos e afro-umbandistas manifestaram fé, gratidão e devoção

Publicado em: 03/02/2023 09:58
Última atualização: 22/01/2024 13:46

De católicos a umbandistas, a quinta-feira (2) foi marcada por fé, agradecimentos e devoção a Nossa Senhora dos Navegantes e a Iemanjá. Na Prainha do Paquetá, em Canoas, os fiéis manifestaram emoção diante das imagens da santa e do orixá.

02/02/2023 PROCISSÃO NOSSA SENHORA DE NAVEGANTES Foto: PAULO PIRES/GES

Pela manhã, cerca de 25 embarcações de pescadores da comunidade local receberam a benção do padre Bruno da paróquia Sangrado Coração de Jesus. O ato com leitura de texto bíblico foi feito em conjunto com a imagem de Navegantes. Os fiéis acompanharam com rezas e flores.

O pescador Paulo Denilto, de 56 anos, fala sobre a devoção que carrega pela santa. "Já vi muita coisa nos meus 27 anos de profissão. É preciso acreditar em algo maior que possa nos defender nos momentos críticos. Nossa Senhora dos Navegantes me acompanha e me protege desde sempre. Ela é a mãe de todos, ela é sinônimo de humanidade", destaca.

Sem a tradicional procissão de Navegantes, os festejos em Canoas foram concentrados na prainha. "Ainda temos reflexos da pandemia de Covid-19. A ideia é que ano que vem possamos ter novamente. A paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição que é responsável por organizar já sinalizou positivamente para 2024", afirma Joni Schroder, coordenador da rede comunitária Sagrado Coração de Jesus.

Aline Vieira, de 41 anos, levou os quatro filhos para participarem das celebrações para a santa. "Nos últimos dias, minha filha me perguntava quando que era o 'Dia da santa'. É importante mantermos a tradição de fé e devoção por quem olha por nós independente de cor, raça, se é pobre ou rico, ela auxilia a todos", evidencia a moradora do Paquetá.

A dona de casa conta que a mãe dela sofreu um AVC e não pode participar do festejo neste ano. "Peguei uma flor da santa para levar, ela vai adorar. Estou confiante com a recuperação, Navegantes está no comando".

Promessa e gratidão para a santa e o orixá

Conhecido como Luisão, o músico tradicionalista, Luís Assis Quevedo, de 65 anos veio de Cachoeirinha para agradecer e pagar a promessa feita em conjunto com a esposa durante a pandemia de Covid-19. "Pedi que minha esposa e eu não fossemos intubados quando pegamos o vírus. Somos católicos, mas nos agarramos pela fé no auxílio das duas, Nossa Senhora dos Navegantes e Iemanjá. A energia é a mesma, embora sejam de religiões diferentes",

No Santuário Sincrético da Praia do Paquetá, Luís comemorou e fez agradecimentos com orações e velas para a Rainha das Águas. "Amigos meus que foram intubados faleceram, era um medo que tínhamos e graças a santa e orixá não precisamos ficar internados. Hoje, estamos bem. Ela é poderosa".

Luís Quevedo em agradecimento a Rainha das Águas Foto: PAULO PIRES/GES

Banho de cheiro para Iemanjá

De banho de ervas a oferendas para a Iemanjá, assim foram as celebrações para a Rainha das Águas na Umbanda e religiões de matriz afro. Ainda pela manhã, o centro umbanda Ylê Afro Axé Ossanha e Oxum e mais oito terreiros organizaram um ato em conjunto para dar 'banho de cheiro' nos fiéis que quisessem receber a mistura com ervas, no Santuário Sincrético do Paquetá.

"Esse ato é a parte do festejo para Iemanjá que ocorre logo mais. Nos reunimos para também celebrar e auxiliar quem precisa por meio do banho", explica Pai Zanoni do terreiro Ossanha e Oxum. Pai Zanoni conta sobre a fé das pessoas. "Escutamos muitas histórias de superação que ocorreram com a ajuda de Iemanjá. Acolhedora, ela carrega seus filhos. Pessoas com dificuldade de locomoção vieram até aqui pela devoção. Ofertamos de graça o banho de ervas."

Oferendas e cantigas da Umbanda para celebrar

As celebrações e homenagens para Iemanjá organizadas pela Prefeitura ocorreram no período da tarde na Praia do Paquetá. Os fiéis ofertaram para o orixá oferendas e presentes nos barquinhos colocados nas águas Rio dos Sinos. Para preservar a natureza, os materiais aceitos nos barquinhos eram de origem biodegradável. Os de origem não ecológica ficaram no Santuário Sincrético.

Cantigas e pontos também foram cantados durante as diversas apresentações de afro-umbandistas. Também foram ofertados para os fiéis banhos de ervas. No final da comemoração foram ofertadas frutas abençoadas pelos orixás para a comunidade local que esteve presente na data especial.

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