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SEGURANÇA ALIMENTAR

Canoenses estão fazendo mais refeições em casa, diz pesquisa

Levantamento mostra aumento do consumo doméstico no início do ano

Publicado em: 27/02/2023 às 09h:36
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Aumentou o consumo nos lares brasileiros no início deste ano no comparativo com o ano passado. Segundo a Associação Brasileira de Supermercados (Abras), alta chega a quase 2% em janeiro, mês habitualmente considerado mais fraco devido ao período de férias e viagens.

Para economizar, Gelson faz uma boa pesquisa e revela observar grandes diferenças de preço



Para economizar, Gelson faz uma boa pesquisa e revela observar grandes diferenças de preço

Foto: PAULO PIRES/GES

A mesma pesquisa aponta que, em relação a dezembro de 2022, houve uma queda de 14,81% no consumo. Mesmo parecendo muito, o número responde pela menor diminuição já vista pela Associação Brasileira de Supermercados, que anualmente observa o movimento cair nos estabelecimentos em até 40% no período.

Na avaliação da Abras, os números indicam que o consumo dos brasileiros, tal qual aconteceu durante o período da pandemia, está centrado nos lares, mesmo com a abertura de bares, restaurantes e setor hoteleiro após o fim do confinamento forçado durante o ápice da transmissão do novo coronavírus.

Laura Beckman, por exemplo, diz nem lembrar a última vez que saiu para jantar fora. Mesmo dizendo que nem todo o dia faz janta para ela, o marido e o filho devido à “preguiça” de cozinhar, conta que acaba recorrendo à tele-entrega de lanches.

“Antigamente tinha coisa que a gente só comia se saísse para jantar no restaurante”, diz professora de 44 anos. “Mas hoje a gente encontra quase de tudo no mercado. Dá para poupar numa boa e fazer uma boa refeição olhando Netflix em casa. Até porque a gente se acostumou durante a pandemia”.

O metalúrgico Gelson Araújo costuma perder algum tempo no mercado. Isso porque os preços exigem uma grande dose de paciência para quem gosta de garimpar ofertas na hora de encher o carrinho. O trabalhador de 46 anos conta que embora os preços sejam tabelados, variam bastante não apenas de mercado para mercado como também de cidade para cidade.

“Eu já deixei de procurar as grandes redes faz um tempo, porque deixou de valer a pena. O preço acaba sendo sempre maior”, opina. “E como faço compras em Canoas ou Esteio, noto que em Canoas sempre acabo gastando mais. Então passei a cuidar muito o estabelecimento que escolho”, explica.
Economista e professor da Universidade La Salle, Moisés Waismann explica que a situação econômica do país permanece sendo de recesso, ainda sentindo o impacto deixado pela pandemia.

“O poder aquisitivo do brasileiro diminuiu muito nos últimos anos”, observa. “A renda do trabalhador acabou caindo como um todo e neste cenário jantar fora é um luxo que o trabalhador cortou do orçamento.”

No cerne do problema está o aumento da inflação em produtos considerados sagrados para o paladar do brasileiro, diz o economista.

“Se o preço da carne moída aumentou muito no supermercado, o que dizer então do filé no restaurante?”, argumenta. “A inflação impacta o consumo diariamente e não há como negar a mudança que acabou acontecendo nos hábitos alimentares do brasileiro nos últimos anos”, acrescenta.

Canoas resistindo

Conforme a Abras, o preço de produtos como bebidas, carnes, produtos de limpeza e itens de higiene e beleza se manteve estabilizado neste início de ano. As principais altas da inflação, observadas pela Associação, foram puxadas por batata (14,14%), feijão (5,69%), tomate (3,89%), arroz (3,13%) e farinha de mandioca (2,75%).

Na avaliação da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) de Canoas, o aumento do valor dos principais insumos sempre reflete no consumo. “Observamos que o comércio canoense ainda não está sentindo os reflexos desses reajustes”, comentou a diretora da CDL Canoas e proprietária de restaurante Andresa Bassani. “Lojistas locais registraram vendas positivas, mesmo em uma época onde muitos tiram férias e saem da cidade. “As pessoas que ficam por aqui, por opção de descanso ou de trabalho, continuaram consumindo.”

Diferenciar para faturar

Para 2023, a Associação Brasileira de Supermercados ainda projeta um crescimento de 2,50% no consumo nos lares. Será preciso, portanto, que os estabelecimentos continuem se esforçando para atrair a clientela para longe do fogão de casa. Neste cenário, quem diferenciar os produtos têm tudo para continuar fazendo dinheiro, apontam especialistas.

Empresário do ramo alimentício de Canoas, Gian Lucas Galli, 28 anos, criou um negócio goumertizado em torno de um favorito na mesa do gaúcho: o churrasco. Gian intalou um estabelecimento no bairro Igara, onde passou a montar combos especiais que cabem no bolso da clientela.

“Faço um trabalho específico em relação a carne e uma linha mais gourmet de hambúrgueres, tendo um diferencial que atrai os clientes”, frisa. “Noto que muitos comércios que tentam ser diferentes e atrair o público estão conseguindo faturar. Além disso, restaurantes que têm o preço mais acessível conseguem estar sempre lotados”, aponta.

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