A poucos dias do início do ano letivo para milhares de estudantes das redes pública e privada, chegou a hora de tirar do papel aquela lista de materiais escolares que andava guardada no armário de casa.
E como os preços andam cada vez mais altos, os canoenses têm lotado lojas atrás daquela pechincha que consiga prejudicar menos o orçamento. Não tem sido fácil, até porque uma simples borracha pode ser achada por R$ 6.
Danilo Bernardes, 65 anos, pensa que nunca os preços estiveram tão altos. Pai de Helena, 6, e Bernardo, 5, precisa dar conta de materiais para os dois, o que tem sido cada vez mais difícil. Mesmo o menor, que está no Jardim, já ganhou lista de materiais.
“Qualquer coisinha que a gente precise hoje em dia está muito cara. Agora, os preços do material escolar estão um absurdo. Nunca pensei que iria gastar R$ 80 em dois cadernos e R$ 20 em um pacote de folhas de ofício”.
A massagista Patrícia Nogueira, 47 anos, também tem dois em idade escolar. Paola, 15, e Felipe, 12, estudam em uma escola estadual. Ela conta ter circulado em todas as lojas de material que encontrou no Centro até encontrar aquela com preços mais em conta.
“Antigamente, eu só entrava na loja e colocava o que queria no cestinho”, brinca. “Hoje em dia não dá mais. Meu guri chegou a pedir um caderno de nem lembro qual personagem. Falei que não na hora. Disse que vai ganhar aquele que estiver mais barato”.
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Particular
Já Maurício Bitello, 36 anos, tem um menino em uma instituição particular. Como a mensalidade subiu, decidiu então dividir o orçamento de maneira sistemática: comprar os cadernos em fevereiro e pedalar em dez vezes os livros.
“Só de livros, vai dar R$ 1.300 neste ano. Não sei por que tão caros? Não dá para tirar o material de uma vez só. Pesquisei na Amazon para fazer em dez vezes”.
Preços de acordo com o bolso da comunidade
E se a reclamação é enorme com os preços nas grandes lojas do Centro, uma alternativa é procurar aquelas que ficam descentralizadas. Quem procurar vai ter a boa surpresa de encontrar produtos até 30% mais baratos.
Gerson Garcia administra a loja mais procurada pela população que vive nos bairros Rio Branco e Fátima. Ele disse colecionar listas de materiais de diferentes instituições, sempre dando um “descontinho” para ganhar da concorrência das grandes lojas.
“Em vendas, tudo pode ser conversado e negociado”, observa. “Trabalho com produtos bons e ouço elogios da clientela por fazer um precinho diferenciado bom. A gente consegue faturar ao mesmo tempo em que ajuda a comunidade”, diz.
Maior procura começou na segunda-feira
O movimento era grande, na manhã desta quarta-feira (8), nas principais lojas que vendem material escolar, no coração de Canoas. Em um estabelecimento Rua 15 de Janeiro, os clientes chegavam a estar se batendo devido às promoções.
“O movimento começou a ficar bom assim a partir da segunda-feira”, apontou a atendente Maria Clara Faleiro. “Antes mesmo de abrir a porta, já tem gente esperando para poder entrar”.
O reflexo das boas vendas fez com que a loja investisse em mais atendentes e também no reforço da segurança. Porque há sempre um “espertinho” querendo colocar uma caneta Bic no bolso da calça, ela diz.
“Piscou e tem um que quer sair sem pagar”.
Procon está em cima dos preços
Por sete dias consecutivos, o Procon de Canoas fez levantamento de preços em sete estabelecimentos distintos nos ramos de papelaria e supermercado. Na ação, os fiscais encontraram o mesmo modelo de um dicionário da língua portuguesa com preço menor de R$ 5,98 e com valor máximo de R$ 101,00, uma variação de mais de 1500%.
Materiais como lápis preto teve variação de até 700%, estojo oscilou em 600% e o mesmo modelo de caderno teve diferença de até 400% nos estabelecimentos. A diretora do Procon de Canoas, Taís Marques, disse que a iniciativa vem no período que antecede a volta às aulas e que essa fiscalização tende a proteger mães e pais com gastos abusivos. “É possível fazer boa economia se bem pesquisado e é importante verificar a qualidade do material, porque o barato pode não durar”.
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