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MAPEAMENTO

Canela tem mais de 7,5 mil moradores em 33 áreas de risco; veja o que diz relatório do SGB

Análises e visitações ocorreram entre os dias 5 e 11 de junho, logo após a catástrofe climática que atingiu o Estado

Fernanda Steigleder Fauth
Publicado em: 06/12/2024 às 12h:45 Última atualização: 06/12/2024 às 13h:20
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O Serviço Geológico Brasileiro (SGB) entregou os resultados do mapeamento de áreas de risco geológico executado em Canela. As análises e visitações ocorreram entre os dias 5 e 11 de junho, logo após a catástrofe climática que atingiu o Estado. Na cidade, duas pessoas morreram, vítimas de soterramento após quedas de barreira.

Rodovia Arnaldo Oppitz, em Canela, tem vários pontos de deslizamentos de terra



Rodovia Arnaldo Oppitz, em Canela, tem vários pontos de deslizamentos de terra

Foto: Mônica Pereira/GES-ESPECIAL

Os levantamentos identificaram 16 áreas de risco alto e 17 áreas de risco muito alto, associadas aos processos de deslizamento, queda de blocos de rocha, inundação, enxurrada e erosão de margem fluvial. As conclusões apontam que as áreas de risco geológico cartografadas decorrem das características naturais do meio físico e da ocupação inadequada do território. São 7.556 moradores que residem nesses locais.

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Localidades

Nos lugares de muito alto risco, são 394 residências e 1.568 moradores. São os locais: estrada vicinal a sul, em direção ao Vale do Paranhanha, próximo ao Rincão dos Corrêa; estrada de acesso à Água Mineral Hortênsias, a sul da barragem de Laranjeiras; Travessa Stein, Vale do Paranhanha; Rodovia Arnaldo Oppitz, em direção ao Alpen Park, nas imediações da Vinícola Granja da Telha e na Linha São João, nas proximidades da Vinícola Jolimont; acesso secundário a partir da estrada da Vinícola Jolimont; Linha Morro Calçado, próximo à Zeferino José Lopes; Rodovia Cnl. Trezentos e Dez, Rancho Grande e Linha Bugres; Sociedade União Rancho Grande; Linha do Chapadão, Museu dos Horrores; Estrada do Chapadão; bairro Santa Marta, Rua da Cascata e Rua do Campo; e Rua Rui Viana Rocha.

Já nos locais de alto risco, são cerca de 1.497 imóveis, que somam 5.988 pessoas que vivem nestas áreas: Vila São José, nas imediações do aeroporto; Rua 7 de Setembro e Rua Batista Luzardo; Rua Alzemiro Boeira dos Reis, bairro Vale Verde; Rua Loureiro da Silva; Rua Patrício Zini; Beco do Speroto; Rua da República com Rua dos Piratas; Travessa da Igreja, bairro Santa Marta; Rua da Pedreira e acesso ao antigo lixão; Rua Gaucholandia, bairro Dante; Estrada Santa Rosa, Eugênio Ferreira; Linha São Paulo; Linha da Canastra, na Granja Pinheiros, nas proximidades da igrejinha; Estrada Rota Romântica Canela – Três Coroas, a sul da barragem de Laranjeiras; e Estrada Amoreiras, próximo ao Rincão dos Corrêa.

Expansão urbana

Conforme o SGB, Canela está inserida no Planalto Meridional, com relevo típico de cuestas, onde as rochas vulcânicas da Serra Geral formam um relevo escarpado e com vales encaixados. “O que se observa é que, apesar da maior concentração urbana do município estar disposta, geomorfologicamente, sobre um platô, minimizando a atuação de processos de risco geológico, a expansão urbana ocorre próximo a encostas de declividades médias a altas ou nas planícies em áreas suscetíveis a movimentos de massa e/ou inundações.”, afirma o relatório.

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O documento ainda traz que “a remoção da cobertura vegetal, a ocupação agrícola e a intensificação dos processos erosivos colaboram para a instabilização dos taludes”, pontuam.

Dentre os movimentos de massa, a cidade possui ocorrências de deslizamentos planares e rotacionais. “Alguns [movimentos] associados à ocorrência de queda de blocos rochosos, que irão ocorrer novamente em determinados eventos de chuva. No caso dos processos hidrológicos, processos de inundações e/ou enxurradas de moradias situadas na área urbana central do município em planícies (banhados) é recorrente, agravadas por problemas de infraestrutura”, reitera o documento.

Município adotará medidas de prevenção

Ao final do relatório, o SGB encaminhou 13 sugestões ao município. Cadastramento das propriedades nas áreas de risco, avaliar a possibilidade de remover e de realocar temporariamente em locais seguros os moradores, desenvolver estudos de adequação do sistema de drenagem pluvial e de esgoto e fiscalizar e proibir a construção em áreas protegidas estão nas propostas.

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Outras proposições são a criação de um sistema de alertas com sirenes e elaborar planos de contingência.

Conforme o secretário de Meio Ambiente e Urbanismo de Canela, Leandro Pereira, será preciso redobrar atenção quando a pasta receber pedidos de movimentação de solo para terraplenagem ou manejo de vegetação nesses locais. “Vamos exigir medidas extras de contenção e de drenagem sempre que necessário”, acrescenta.

Para ele, as áreas mais surpreendentes que estão constadas no relatório ficam na zona rural. “São terrenos que não são muito íngremes, mas que tiveram registro de escorregamento de solo, rachaduras e formação de degraus no terreno”, explica.

O documento também foi encaminhado às equipes que trabalham no desenvolvimento do novo Plano Diretor de Canela. “Recomendo que o assunto seja discutido com a comunidade. Os poderes deverão ter papéis fundamentais. Se por um lado o Executivo terá de fiscalizar e impedir ocupações irregulares, caberá ao Legislativo propor legislação específica e atualizada”, coloca Leandro.

De acordo com o secretário, deverá ser intensificada a articulação com a Defesa Civil e órgãos de apoio. Também será preciso registrar e manter atualizada uma base de dados de pontos de ocorrência e se atentar na análise geotécnica dos terrenos e de projetos construtivos.

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A prefeitura já solicitou ao SGB a Carta de Perigo e a Carta Geotécnica de Aptidão à Urbanização, que serão duas novas ferramentas gratuitas de apoio.

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