A aldeia indígena Kógunh Mág, localizada na Floresta Nacional (Flona), em Canela, terá sua escola transformada em uma instituição estadual Kaingang. Uma portaria foi assinada pelo governo do Rio Grande do Sul e divulgada no Diário Oficial do Estado ainda neste mês de dezembro, com a transferência e criação da Escola Estadual Indígena de Ensino Fundamental Kaingang Jagtyg Fykóg.
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A notícia deve auxiliar na questão organizacional do educandário. “Representa mais autonomia para a comunidade, assim como para os profissionais que trabalham nessa instituição de ensino, pois, no Rio Grande Do Sul, o Parecer CEED nº 383/2002 estabelece normas para o funcionamento das escolas indígenas no Sistema Estadual. A Comissão Especial de Educação Indígena deve ser concebida como um processo de construção permanente, incluindo conteúdos específicos da cultura, a partir da língua materna”, explica a diretora Jucemari Corrêa.
Apesar de ser oficializada como uma escola estadual neste fim de 2024, desde abril do mesmo ano as aulas iniciaram na aldeia. “Porém, quando entrei em licença maternidade em julho, foi difícil para a CRE [Coordenadoria Regional De Educação] fazer as contratações dos profissionais, como professores e funcionários, para atuar na escola”, diz a responsável.
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A dificuldade se deve, principalmente, por não existir uma banca de professores indígenas no cadastro de contratos. “Então, essas contratações deram certo a partir de outubro deste ano, com um professor indígena contratado para as séries finais, depois saiu o contrato da professora Andréia (não indígena) de anos iniciais do Ensino Fundamental, em seguida saiu mais um contrato da professora de séries finais Ana Oliveira (não indígena)”, conta Juce.
Estrutura e método das aulas
Na Aldeia Kógunh Mág, existe um prédio de madeira de dois pisos, que serve de estrutura física da escola. “Porém, os alunos indígenas têm suas aulas ministradas também nos diversos espaços da Flona, em contato com a floresta. É um processo fundamental com a atuação do profissional indígena, sejam professores ou funcionários da escola, para que esses alunos possam estar em constante aprendizagem sem esquecer das suas raízes Kaingang”, relata.
Cada professor possui o seu método de aula. Porém, o indígena usa o diálogo. “Ele ensina na língua materna Kaingang as disciplinas as quais ele trabalha, quando precisar explicar melhor tal conteúdo para seus alunos. Dessa forma a organização das atividades diárias são essenciais e fundamentais para que aconteça um ensino de diferenciado e de qualidade, com foco na aprendizagem”, justifica a diretora.
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Neste momento, são 22 alunos com idade entre 4 anos e 20 vinte anos. A escola oferece Educação Infantil com 4 e 5 anos de idade e após do 1º ao 9º ano do ensino fundamental.
Para os indígenas, ter uma escola na aldeia é de extrema importância, pois oferece uma base curricular mais ampla. “Explorará todas as ferramentas referentes que a Flona local oferece junto da presença de kujás (Pajés) da aldeia e também de outras aldeias pois, é imprescindível a participação destes nesses processos de aprendizagem”, pontua.
Os conteúdos partem desde a história da aldeia, até questões culturais e tradições nativas. O intuito, ainda, é valorizar a floresta nacional e trabalhar a preservação. “Pinturas corporais, marcas: kam (rá téj) e kanhru (rá ror), escrita e leitura da língua materna kaingang, rituais, crenças, ervas medicinais, frutas nativas, comidas típicas com folhas, raízes, cogumelos. Com isso, além de, retirar da floresta somente o necessário reforçando ainda que, o que é coletado da mata se regenera, a escola estará trabalhando diretamente a preservação da mata local, que nos dias em que vivemos precisa se trabalhar e praticar muito esse hábito educacional”, finaliza.
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