O delegado da Polícia Civil do Paraná, Edgar Santana, que responde pela investigação do acidente que matou nove gaúchos na noite de domingo (20) na BR-376, em Guaratuba, revelou detalhes do depoimento do caminhoneiro Nicollas Otilio de Lima Pinto, de 39 anos.
Pinto dirigia uma carreta que transportava um container com peças de ferro. A viagem era de Santos (SP) para a Argentina. O caminhão não pertencia ao motorista, que obteve neste ano a carteira para conduzir esse tipo de veículo.
Na descida da serra, já se aproximando da divisa do Paraná com Santa Catarina, ele perdeu o controle da carreta e atingiu a van locada pelo projeto Remar para o Futuro, que ficou totalmente destruída. Somente um passageiro sobreviveu.
O caminhoneiro prestou depoimento na tarde desta terça-feira por meio de videoconferência. Ele também é de Pelotas, assim como os nove mortos, e já estaria em casa. O advogado do motorista, Richard Noguera, também é gaúcho.
Segundo o delegado, Nicollas Otilio de Lima Pinto admitiu que o caminhão havia apresentado problemas ao longo da viagem e passado duas vezes pelas mãos de um mecânico no domingo.
O primeiro reparo foi na manhã de domingo, em Campina Grande do Sul. Socorrido pelo guincho da concessionária da rodovia, o caminhão foi levado até um posto, onde um mecânico teria sido acionado. Com o serviço concluído, ele seguiu viagem, mas um quilômetro depois o caminhão parou de novo.
Em depoimento, Pinto disse que novamente o guincho foi chamado e, a carreta, rebocada. O mesmo mecânico foi acionado e, após supostamente resolver o problema, liberou para que seguisse viagem.
A falha seria na embreagem, segundo o motorista. E teria voltado a acontecer na descida da serra, quando perdeu o controle do veículo e acabou atingindo a van com a equipe do projeto Remar para o Futuro.
“Ele tentava engatar as marchas e algumas marchas terminaram não se encaixando. A partir daí ocorreu a perda do controle do veículo, um excesso de velocidade e, na sequência, um impacto na traseira da van”, detalhou o delegado.
O dono do caminhão já foi ouvido pela Polícia Civil do Paraná. Disse que essa era a primeira viagem com Nicollas Otilio de Lima Pinto. O delegado informou que vai intimar o mecânico para dar depoimento e que aguarda os laudos das perícias feitas no caminhão.
O advogado Richard Noguera confirmou que o motorista também é de Pelotas e assegurou que está profundamente abalado. “Ele é de Pelotas também, é da terra dos meninos, então ele está transtornado, abalado, chora em todo momento, está muito fragilizado com essa tragédia. Notadamente, pela narrativa e pela dinâmica dos fatos, se percebe que realmente foi um acidente”, afirma.
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