ALERTA PARA RISCOS
Banhistas se arriscam em locais impróprios no Rio dos Sinos para fugir do calor; entenda os perigos
No Estado, já são 10 mortes por afogamentos em cerca de uma semana
Última atualização: 26/12/2023 17:29
A cena é rotineira em dias de muito calor e , mesmo a chuvinha dando uma refrescada, o calorão levou à "prainha" do Rio dos Sinos, em São Leopoldo, pelo menos uma dezena de pessoas no início da tarde desta segunda-feira (25), feriado de Natal.
QUER FICAR POR DENTRO DO QUE ACONTECE NA REGIÃO? SIGA O ABCMAIS NO GOOGLE NOTÍCIAS!
Crianças e adulto se divertiam nas águas que têm um alerta há anos: o local é impróprio para banho. São dois os principais motivos: a poluição das águas e o perigo de afogamento, já que o rio apresenta buracos e um leito irregular (com muitos galhos, restos de redes e resíduos diversos), além de uma correnteza que, dependendo do momento, pode arrastar o banhista, já que o local não tem guarda-vidas, exatamente por ser uma área não balneável.
Um morador do bairro leopoldense Rio dos Sinos (um jovem de 28 anos, desempregado, e que preferiu não se identificar) disse que às vezes também se banha ali na "prainha", que fica junto à Rua da Praia. "Quando não dá para aguentar o calorão o rio é o que a gente tem para se aliviar."
Questionado se ele sabe sobre a poluição, o jovem afirmou que não tem cheiro ruim ali. "Claro que a gente não 'engole" água. Só dá um mergulho e fecha bem a boca e o nariz. É o que dá para fazer", justifica, acrescentando que é bom evitar muito no fundo. "A gente sabe que tem risco de cair num buraco."
Nesta segunda-feira, o nível do rio estava em 2,2 metros (segundo medição do Sistema de Hidrotelemetria da Rede Hidrometeorológica Nacional) , dentro do seu chamado nível normal (que é entre 2 e 2,5m). Uma profundidade que traz mais riscos para quem se arrisca a ir além das margens, o que, no grupo identificado nesta segunda-feira não era o caso - estavam todos na margem e em cima de uma espécie de trapiche flutuante.
Não balneável
O Rio dos Sinos já não apresenta condições de banhos há anos. Até os anos 1970, a prainha leopoldense (que fica na Rua da Praia, em área central da cidade) era famosa e um ponto de encontro de famílias, assim com vários balneários em Novo Hamburgo, Campo Bom, Sapiranga e Sapucaia do Sul, por exemplo. Mas o crescimento das cidades da região e o consequente aumento do despejo de esgoto nas águas tornou suas prainhas não balneáveis.
As doenças relacionadas ao banho em locais não balneáveis podem não ser tão graves, segundo especialistas, em locais não tão contaminados, mas, dependendo do grau de poluição o risco aumenta muito, podendo evoluir para algo mais sério, principalmente em caso de crianças ou pessoas idosas ou com imunidade mais baixa.
A doença mais comum é a gastroenterite, que pode causar sintomas como enjoo, vômitos, dores de estômago, diarreia, dor de cabeça e febre. Outras doenças menos graves incluem infecções de olhos, ouvidos, nariz e garganta.
Em locais muito contaminados os banhistas podem estar expostos a doenças mais graves, como disenteria, hepatite A, cólera e febre tifoide.
Afogamentos
O verão mal começou na sexta-feira (22) - é bem verdade que após uma onda de calorão na despedida da primavera entre os dias 14 e 17, principalmente - e o Estado já registra vários afogamentos. Já são pelo menos dez mortes confirmadas por afogamento nos últimos dez dias.
E as ocorrências são exatamente em áreas de risco e sem guarda-vidas em rios, arroios e cachoeiras pelo interior do Estado (no litoral, são diversos os pontos com guarda-vidas dentro da Operação Golfinho que começou no dia 20 a sua 54.ª edição).
Dicas de segurança
Segundo o Corpo de Bombeiros e a Brigada Militar o banhista deve sempre buscar locais balneáveis, que tenham a segurança de guarda-vidas, para se refrescar e evite entrar na água após alimentar-se e ou ingerir bebida alcoólica
Para evitar acidentes é preciso respeitar as faixas e os avisos se houver, além de não entrar em locais onde há alerta de perigo de morte ou em águas poluídas.
Nunca deixe crianças sozinhas e, se for andar de barco ou qualquer outra embarcação, use sempre coletes salva-vidas. Ao banhar-se em água doce ou salgada, procure locais rasos e sem correnteza.
Crianças exigem cuidado redobrado. Não as perca de vista, sempre com a supervisão de um adulto e a uma distância de um metro, caso haja um imprevisto este possa imediatamente a resgatar e evitar o afogamento.