“Eu vim aqui hoje, porque há 80 anos, meu pai estava no lugar onde eu estou agora. Criança, com carrinho de lata na mão, brincando em cima da ponte. E hoje, gente tá aqui”, disse emocionado o mecânico Gilnei Schildt, 52 anos.
Ele foi uma das dezenas de moradores que fizeram questão de participar da cerimônia de inauguração da ponte sobre o Rio Caí na altura do quilômetro 175 da BR-116, no limite entre Nova Petrópolis e Caxias do Sul.
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O evento, realizado neste sábado (21), contou com a presença dos ministros dos Transportes, Renan Filho, e da Secretaria de Comunicação, Paulo Pimenta, além do governador Eduardo Leite. Ainda participaram os prefeitos de Caxias do Sul, Adiló Didomenico, e de Nova Petrópolis, Jorge Wolf, assim como deputados e outras autoridades.
Morador da localidade de São José do Caí, Schildt lembra da tristeza que todos sentiram quando a travessia, inaugurada em 1941 por Getúlio Vargas, foi implodida em 26 de junho. “Tiveram vizinhos que choraram quando isso aconteceu”, diz.
A enchente de maio fez com que um dos pilares da estrutura entrasse em colapso, bloqueando completamente a passagem de um lado para o outro. Ocorre que a via é a principal via de ligação entre as duas cidades, responsável por escoar a produção, tanto agrícola como industrial, impulsionar o turismo e permitir o encontro das pessoas.
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Hoje, depois de 198 dias, a ponte pode ser cruzada novamente, o que gerou aplausos, sorrisos e muitas fotos para registrar o momento histórico. Tanto que Schildt veio acompanhado do irmão Joseval Schildt, 50, e dos amigos da família Schwants, os irmãos Carlos Alberto, 57, Ademir Antônio, 61, e Airton Luís, 56, ambos agricultores.
A nova travessia tem 180,5 metros de comprimento, divididos em quatro vãos, com 13 metros de largura, sendo uma pista com duas faixas, dois acostamentos e duas barreiras.
O espaço entre os pilares foi ampliado e a altura ganhou 1,5 metro a mais em relação à ponte anterior. A fundação tem estacas com mais de 20 metros de profundidade, somando um investimento superior a R$ 31 milhões.
Durante a cerimônia, que foi realizada no lado de Caxias do Sul, Ilse e Juceli Boschetti, mãe e filha, residentes ao lado da cabeceira da ponte, foram homenageadas pelo governo federal. O pátio na casa delas serviu de apoio aos trabalhadores da obra. Além disso, Ilse, hoje com 88 anos, tinha 6 anos e participou da cerimônia de abertura da primeira ponte.
Sob responsabilidade do Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes (Dnit), a obra foi executada pela Construtora Cidade que, por diversas vezes, também teve os engenheiros e trabalhadores lembrados nos discursos de agradecimentos.
Para concluir a construção, os serviços eram realizados durante 24 horas e operários, acostumados com grandes alturas, vieram de Xingu, no Pará, para auxiliar nos trabalhos.
Outro fato, salientado pelo ministro Renan Filho, é a promessa que fez para Juceli de que a nova ponte estaria pronta antes do Natal, anúncio recebido com incredulidade pela comunidade.
“Essa foi terminada em tempo recorde pelo governo federal, e em 2025 estarei muitas vezes aqui para inaugurar as outras obras de recuperação que ainda estamos fazendo”, comprometeu-se.
Aliás, o assunto das obras inacabadas e o sistema de sinaleiras instalado na BR-116 por conta de pontos onde o trânsito está em meia pista foram cobrados do governo federal. “Faz um ano e meio que está essa situação, com esse arranca e para, e não dão jeito de terminar”, reclamou o morador Joseval Schildt.
Por fim, o governador lembrou de todas as marcas deixadas pela catástrofe no Estado e o quanto a ponte tem um significado de reconstrução. “É uma entrega muito importante para o Rio Grande do Sul. Essa região tem um polo industrial e é também um polo de turismo. Então, a circulação nessa região, a partir desta ponte, melhora muito”, salientou.
Vale lembrar que, enquanto as obras do governo federal eram realizadas, em 20 de setembro teve a inauguração da Ponte da Cooperação. Localizada nas proximidades da BR-116, cerca de um quilômetro da antiga ponte, a via foi a alternativa encontrada para religar os dois municípios.
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A travessia provisória foi construída pelo Grupo Reconstruindo Conexões, com recursos oriundos de doações e apoio de máquinas das prefeituras de Nova Petrópolis e Caxias do Sul. O trânsito para os veículos sobre a nova ponte foi liberado no final da tarde deste sábado.