A ausência de sinalização horizontal adequada no trecho da BR-116, entre São Leopoldo e Novo Hamburgo, tem gerado confusão e preocupação entre os motoristas que transitam diariamente pela rodovia. Após a liberação provisória da terceira faixa durante o segundo semestre de 2024, muitos condutores relatam dificuldades para identificar o trajeto correto devido à falta de pintura e à sobreposição de marcas antigas e novas, aumentando o risco de acidentes.
Embora o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) tenha implementado sinalização provisória em alguns pontos, a solução parcial não resolve o problema. No sentido norte (capital-interior), em frente ao posto da Polícia Rodoviária Federal (PRF) em São Leopoldo, por exemplo, a sinalização horizontal é praticamente inexistente antes do complexo de viadutos da Scharlau, onde ocorre a intersecção com a RS-240. Já no sentido sul (interior-capital), a sobreposição de sinalizações intensifica a insegurança.
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No trecho de Novo Hamburgo, a situação é ainda mais crítica: não há qualquer sinalização horizontal em ambos os sentidos desde a liberação da nova faixa. Motoristas afirmam que precisam “adivinhar” o caminho, prejudicando o fluxo e aumentando a chance de colisões.
“Todos os dias percebo que motoristas se perdem nesse caminho, porque está misturada a marcação antiga com a marcação nova. E fica aquela sensação: para que lado eu vou?”, relata Eduardo Rihl, técnico em eletrônica.
Ele destaca que o ponto mais crítico está em frente ao posto da PRF em São Leopoldo, no sentido capital-interior. “Como antes existia um baita canteiro central neste ponto, você tinha que fazer uma espécie de curva ao passar por ali. Agora é uma pista reta, só que, pela falta de sinalização, tem motorista que está seguindo o fluxo antigo ainda”, explica.
Rihl também aponta que uma tentativa de sinalização foi feita no local, mas de maneira inconsistente. “Tá bem confuso aquilo ali, tá muito perigoso. Não sei como é que não acontecem mais acidentes nesse trecho, porque tá crítica a situação”, conclui.
Impactos no trânsito e na segurança
A falta de sinalização adequada vai além da confusão: ela compromete diretamente a segurança viária. Motoristas são forçados a tomar decisões em frações de segundo, sem qualquer orientação clara, especialmente em horários de maior movimento.
Para especialistas em trânsito, a sinalização horizontal é essencial para organizar o fluxo de veículos e garantir uma condução segura. “Sem as faixas, os motoristas não têm referência para se posicionar na pista, o que pode levar a situações de perigo, como invasões de faixa ou freadas bruscas”, avalia Eliseu Carlos Raimundo, pós-graduado em trânsito e transporte.
Raimundo ressalta que o próprio Código de Trânsito proíbe a entrega de obras sem a devida sinalização. “Falo como especialista e como condutor. Como [a sinalização da BR] está hoje, o motorista precisa pensar para tomar uma decisão, quando a sinalização deveria justamente facilitar a condução, direcionando os movimentos que ele deve fazer”, pontua.
Entidade de classe cobra cronograma
Nesta semana, a Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Novo Hamburgo, Campo Bom, Estância Velha e Dois Irmãos (ACI NH/CB/EV/DI) enviou um ofício ao superintendente regional do Dnit, Hiratan Pinheiro da Silva, cobrando a finalização das obras.
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“A entidade reconhece os esforços realizados até o momento para melhorar a infraestrutura da rodovia, porém observa que as obras ainda não foram finalizadas e há diversos pontos ao longo do trecho que necessitam de acabamento adequado, como sinalização, iluminação e adequação do asfalto”, diz o documento assinado pelo presidente, Robinson Klein, e pelo diretor, Fauston Saraiva.
O que diz o Dnit?
Até o momento, o Dnit não forneceu uma previsão exata para a implementação da sinalização definitiva nesse trecho da BR-116. Desde o dia 5, a reportagem tenta contato com o órgão para questionar os motivos da demora e obter um cronograma para a solução do problema. Contudo, até a publicação desta reportagem, não houve retorno por parte da autarquia. O espaço segue aberto.
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