A primeira edição da Brazilian Footwear Show (BFShow), que começou nesta terça-feira (21) acontece em um dos momentos em que o país e o mundo colocam em pauta a questão ambiental. Sediada na Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), em meio a uma onda de calor que coincide com o momento em que a cidade vive uma das maiores enchentes da sua história.
Foto: Eduardo Amaral/GES-Especial
E os organizadores do evento não ficaram alheios a este cenário. Tudo começa com a preocupação em reduzir as emissões da própria feira, como explica o CEO da empresa NürnbergMesse Brasil, responsável pela organização da feira, João Paulo Picolo. “Importante primeiro é reconhecer que um evento gera muito lixo, então o que estamos fazendo aqui é a segregação, separação do lixo. A gente faz a separação antes mesmo de chegar nas caçambas, acionamos algumas comunidades carentes para distribuir o lixo reciclado”, aponta.
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Picolo também ressalta que a adoção de processos de ESG vai além da questão de resíduos, mas envolvem também a relação com a comunidade. “A gente traz comunidades carentes para trabalharem no evento”, conta, revelando que entre 10% e 12% da mão de obra empregada nos eventos da NürnbergMesse vem dessas comunidades.
Dentro das fábricas, a sustentabilidade tem sido uma preocupação do setor calçadista. Presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), Haroldo Ferreira, avalia este como um tema já bem desenvolvido no País. “O Brasil cada vez se destaca mais com produtos sustentáveis, tanto é que o setor de calçados é o único que tem uma certificação de sustentabilidade, que é o programa Origem Sustentável”, cita.
Ferreira diz que é justamente esse o principal fator de destaque do calçado brasileiro na comparação com outros países produtores. “Esse é um grande diferencial que o Brasil tem na produção de calçados versus outros produtores, principalmente a Ásia”, aponta.
Na fábrica, a prática
Um dos exemplos de busca por uma produção mais sustentável é a empresa paulista Macboot, que levou à BFShow um calçado que reaproveita parte da borracha que sobra em uma linha de produção para finalizar os solados de outros calçados.
Diretor de Marketing Macboot, Gabriel Lemos Silva diz que a empresa fundada em 1989 teve que aprender a se adaptar com as mudanças globais, o que inclui a preocupação com sustentabilidade. Além do reaproveitamento de material, que reduz a emissão de carbono, a empresa também distribui mudas de plantas aos clientes, como forma de incentivar a preservação ambiental.
Foto: Eduardo Amaral/GES-Especial
“Trabalhamos com produtos de couro, e para diminuir nossos impactos ambientais a gente acredita que não consegue fazer isso de um dia para o outro, então a gente acredita que consegue mudar o mundo com um passo de cada vez”, avalia.
Presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), Jorge Viana reforça a necessidade de o Brasil apresentar ao mercado internacional uma produção sustentável, mas aponta que o setor de calçados já está no rumo certo. Para ele, as empresas podem usar, “sem medo de errar”, um dos slogans da Apex: “É do Brasil, é sustentável, é para o mundo inteiro”.
Foto: Eduardo Amaral/GES-Especial
