EM PORTO ALEGRE
BFSHOW: Produção de calçados cai em 2023, mas setor projeta recuperação no próximo ano; confira os números
Dados foram apresentados durante a BFShow e foram influenciados pelo aumento nas importações
Última atualização: 22/11/2023 19:26
Entre janeiro e setembro deste ano, a indústria calçadista do Brasil teve uma queda de 1,6% na produção e redução de 14% no volume exportado. Os números foram apresentados no final da manhã desta quarta-feira (22) durante a Brazilian Footwear Show (BFShow), feira do setor calçadista promovida pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados).
Os dados foram apresentados durante a coletiva de imprensa que contou com a presença dos organizadores, empresários do setor e representantes da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil). O evento iniciou na terça (21) e vai até quinta (23) na Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs).
O presidente da Abicalçados, Haroldo Ferreira, foi quem apresentou os números durante a coletiva. Os dados apontam para uma pequena recuperação nos últimos três meses de 2023, contudo, ainda abaixo do resultado do ano passado. “Os principais mercados consumidores foram super abastecidos entre 2021 e 2022”, explicou Fontoura ao justificar a queda.
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Nos nove primeiros meses do ano, o Brasil embarcou 102,45 milhões de pares, alcançando uma receita de US$ 1 bilhão. Até o fim de 2023, as exportações devem chegar a 124,3 milhões de pares, acumulando uma queda de 12,4% no comparativo com 2022.
Já em termos de produção, o País deve encerrar o ano com 839,3 milhões de pares, totalizando uma queda de 1,1% na comparação com o ano passado. A retomada da produção nos países asiáticos foi um dos fatores que influenciou fortemente a queda nos números brasileiros.
“O Brasil é o quinto maior produtor de calçados do mundo, e o único que está fora da Ásia”, apontou o CEO da Vulcabras e conselheiro da Abicalçados, Pedro Bartelle, durante a coletiva.
Impostos e isenções
Os países asiáticos são os principais concorrentes do calçado brasileiro, e na avaliação da Abicalçados, o próprio Brasil tem auxiliado a concorrência. Um dos pontos destacados é a isenção de impostos para compras de até US$ 50 feitas através do e-commerce para produtos estrangeiros. “Em um primeiro momento isso é bom para o consumidor, mas traz prejuízos a longo prazo”, afirmou o CEO da Usaflex e também conselheiro da Abicalçados, Sérgio Bocayuva, tamém durante a coletiva.
Fontoura destacou ainda que esse favorecimento ao produto estrangeiro está trazendo prejuízos a todo setor têxtil do país. Seguindo a mesma linha de Bocayuva, ele destacou os prejuízos sociais. “Sem emprego não tem como as pessoas consumirem”, alertou ele sobre a possibilidade de demissões devido a crise.
O presidente da Abicalçados diz também que já conversou com o vice-presidente e ministro de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, que garantiu o fim da isenção até o fim deste ano. Contudo, isso é considerado tarde para o setor calçadista, já que os últimos três meses do ano são os com melhores resultados de vendas, mas com a isenção valendo, isso já foi prejudicado.
Outra preocupação do setor são as incertezas em relação ao futuro da reforma tributária. Para Fontoura, o texto até agora é positivo, contudo ele diz temer mudanças. “O que foi apresentado até agora é a estrutura, e conceitualmente está correta”, destacou ele para lembrar em seguida que o projeto ainda pode sofrer mudanças e o conceito ficar de lado.
Boas notícias
Mas mesmo com números em queda, a coletiva da Abicalçados foi feita em tom positivo quando projeta o futuro. Isso porque, apesar da queda neste ano no comparativo com 2022, os resultados de exportação são positivos na comparação com o período pré-pandemia.
Ao final deste ano, a indústria calçadista do País deve ter um crescimento de 6,2% em volume e 23% em receita, na comparação com os resultados antes da pandemia do coronavírus.
Já para 2024, a perspectiva é ainda mais positiva, com previsão de crescimento de 0,9% nos embarques, totalizando 25,5 milhões de pares. Em relação à produção interna, a alta deve ser 2,2%, um total de 857,8 milhões de pares.
Os principais mercados compradores seguem sendo Estados Unidos, Argentina e França, porém neste ano houve uma alteração, já que os vizinhos sul-americanos superaram os norte-americanos nas compras, mesmo em meio à crise econômica.