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A chuva do começo de setembro, que deixou 49 mortos e nove desaparecidos no Rio Grande do Sul, somada à previsão de formação de um novo ciclone extratropical para esta semana, trouxe à tona uma preocupação antiga e recorrente entre moradores de Três Coroas, no Vale do Paranhana: a Barragem das Laranjeiras.
“Em que ano foi construída? Quando foi a última manutenção? Não era essa que estava com rachaduras?”, questionou, recentemente, uma moradora em uma rede social, criticando a falta de informação sobre a estrutura.
Construída em meados de 1960, a Barragem das Laranjeiras, no limite entre Três Coroas e Canela, foi erguida como parte do projeto de uma usina hidrelétrica prevista para a região, mas que não chegou a sair do papel. Abandonada e sem manutenção por décadas, a estrutura acabou virando alvo de vandalismo.
A situação de abandono da barragem gerou preocupação à comunidade e, até mesmo, à Prefeitura de Três Coroas, cidade que seria a principal afetada em caso de eventual rompimento. Por conta disso, o município participou, em 2019, de uma série de audiências com o governo do Estado, buscando garantir que a barragem passasse por uma vistoria técnica.
No ano seguinte, após os encontros, o governo decidiu tomar uma medida: esvaziar a barragem para avaliar a estrutura. Os laudos apontaram que não havia risco de rompimento. Na época, a Barragem das Laranjeiras era de responsabilidade da Companhia Estadual de Geração e Transmissão de Energia Elétrica (CEEE-GT), que, em 2022, foi vendida à Companhia Siderúrgica Nacional (CSN).
Situação atual
Mas, afinal, há algum risco real de rompimento hoje? Conforme a CSN, equipes técnicas que fazem inspeções mensalmente não constataram qualquer risco. A empresa acrescentou que, quando acontecem grandes cheias, como durante o ciclone de junho de 2023 no RS, são feitas inspeções especiais. Naquela ocasião, nenhum dano foi identificado na estrutura.
Atualmente, a barragem está vazia e em nível normal de segurança. A gestora da estrutura explica que a válvula de fundo é mantida aberta, fazendo com que a barragem amorteça as cheias.
Funciona da seguinte forma: quando o volume de chuva é muito alto e excede a capacidade de escoamento pela válvula de fundo, a vazão do rio após a barragem se mantém constante até que o reservatório encha e a água passe a verter livremente sobre a estrutura. Quando a chuva diminui, o reservatório volta a se esvaziar.
O que diz a Defesa Civil
Apesar de não haver qualquer indício de risco de rompimento, a Defesa Civil de Três Coroas garante que monitora a barragem de perto. “Quando recebemos aviso de muita chuva, a gente começa a monitorar mais seguidamente”, afirma Augusto Dreher, coordenador da Defesa Civil do município do Vale do Paranhana.
De acordo com ele, a barragem tem vazão controlada, pois 70% da água do Rio Paranhana vem do reservatório do Salto, de São Francisco de Paula. “Ela passa por um duto, entra na Barragem de Canastra, dos Bugres, então ela vem entubada até aqui embaixo, nas Laranjeiras”, explica.
Dreher salienta que, quando tem bastante acúmulo de água no reservatório da Serra em função da chuva, a CEEE diminui o fluxo de água que desce para a geração de energia. “Eles seguram essa água, eles não geram energia para não mandar água demais para o Rio Paranhana. Isso é feito para controlar a água e não piorar a enchente”, completa.
Conforme critérios estabelecidos pela Política Nacional de Segurança de Barragens, a Barragem de Laranjeiras é classificada como de “risco baixo”. Para o enquadramento, leva-se em consideração características técnicas (comprimento e altura da barragem), estado de conservação da estrutura e Plano de Segurança de Barragens.
Em caso de rompimento, quais cidades seriam atingidas?
Um estudo de rompimento hipotético da barragem foi contratado pela CSN Energia. A análise apontou que a área potencialmente alagada seria praticamente a mesma já atingida pelas cheias naturais do Rio Paranhana em Canela, Três Coroas, Igrejinha, Parobé e Taquara.
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Nesse sentido, Dreher enfatiza que “se essa barragem rompesse toda de uma vez, ela não causaria uma destruição total na cidade como todo mundo pensa, ela é uma barragem pequena. Ela faria uma pequena enchente”.
Segundo a CSN Energia, o Plano de Ação de Emergências está em fase final de revisão pela empresa e será apresentado em breve às Defesas Civis, que devem incorporar o documento aos Planos de Contingência dos municípios.