As chuvas que castigaram o Rio Grande do Sul desde o feriado de 15 de novembro causaram estragos e danos em 179 cidades, segundo a Defesa Civil do Estado. Entre elas, está Três Coroas, que foi atingida por uma enchente na madrugada do último sábado (18).
Famílias tiveram que deixar as suas residências por conta da cheia do Rio Paranhana e seus afluentes. A prefeitura disse que ainda está fazendo o levantamento dos estragos.
Escolas também foram afetadas pela cheia e ao menos três ficaram sem aula na segunda-feira (20). Um mutirão para doação de produtos de limpeza, roupas, móveis, entre outros itens foi organizado pela administração municipal.
Doações ainda podem ser levadas para o Ginásio de Esportes no Centro. Equipes da prefeitura também trabalham na limpeza de vias públicas, que acumulam lama e entulhos arrastados pela força da água.
Para além da enchente, nesses eventos climáticos surge uma antiga preocupação na população: o suposto risco de rompimento da Barragem das Laranjeiras. O assunto surge através de vídeos e publicações de textos com teor alarmista que circulam nas redes sociais sem qualquer embasamento técnico.
A estrutura foi construída na década de 1960, como parte de um projeto de usina hidrelétrica, passou por anos de abandono e vandalismo até ser esvaziada em 2020.
Em setembro deste ano, a reportagem do Grupo Sinos, após episódios de chuva excessiva por causa da passagem de um ciclone extratropical, mostrou que inspeções realizadas pela equipe técnica da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), responsável pela estrutura, apontam que não há indícios de danos que possam causar ruptura. Conforme a gestora, a barragem passa por inspeções rotineiras e em situações de grandes cheias são realizadas vistorias especiais.
A empresa responsável pela administração da barragem afirma que após o evento meteorológico de setembro a estrutura passou por nova inspeção e não foram identificados danos ou anormalidades. “Está em plenas condições de segurança”, diz trecho da nota.
Contenção da enchente
O coordenador da Defesa Civil de Três Coroas, Augusto Dreher, explica que a barragem funciona como uma contenção da enchente na cidade. Ele reforça que a estrutura tem vazão controlada, pois 70% da água do Rio Paranhana vem do reservatório do Salto, de São Francisco de Paula. Desde o esvaziamento, a válvula do fundo da barragem é mantida aberta.
“Ela [água] subiu, a barragem ajudou a não mandar toda a água pra cá [cidade], derramou 18 cm por cima da soleira e depois voltou. Agora está no nível normal”, conta Dreher sobre a situação do último sábado.
A CSN também afirma que a barragem amortece as cheias do Paranhana. “Quando o volume de chuvas é muito alto e excede a capacidade de escoamento pela válvula de fundo, a vazão do rio após a barragem se mantém constante até que o reservatório encha e a água passe a verter livremente sobre a estrutura. Quando as chuvas diminuem, o reservatório volta a esvaziar de forma gradativa. Nesse processo, a barragem diminui os efeitos das enchentes no rio”, esclarece a empresa.
“Se não tivesse a barragem para fazer a contenção dessa água, por um bom tempo até ela verter, as consequências seriam bem piores”, avalia o coordenador da Defesa Civil. “Ela serve de bolsão de inundação, como a gente chama, ela retém a água”, completa.
Baixo risco de rompimento
De acordo com a CSN, a Barragem das Laranjeiras é classificada como de “baixo risco” para rompimento conforme critérios estabelecidos pela Política Nacional de Segurança das Barragens. Para o enquadramento, leva-se em consideração características técnicas (comprimento e altura da estrutura), estado de conservação e Plano de Segurança de Barragens.
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