ATENÇÃO, CREUZEBEK

Banda Mamonas Assassinas - O Legado traz nostalgia a Novo Hamburgo nesta sexta-feira

Grupo faz turnê homenageando a banda que entrou para a história na década de 1990

Publicado em: 18/04/2024 21:00
Última atualização: 19/04/2024 13:56

Com uma carreira meteórica que durou cerca de oito meses, ao partirem precocemente para a eternidade em 1996, Dinho, Júlio Rasec, Bento Hinoto e os irmãos Samuel e Sérgio Reoli deixaram seus nomes e o da banda Mamonas Assassinas gravados na história da indústria fonográfica e nos corações de milhões de brasileiros. 

Agora, 28 anos depois do trágico acidente aéreo que vitimou o icônico grupo, os Mamonas Assassinas - O Legado estão em turnê para prestar essa grande homenagem e, claro, matar um pouco das saudades dos fãs. Nesta sexta-feira (19), a irreverência e o bom humor dos cinco meninos de Guarulhos-SP chegam a Novo Hamburgo nas performances de Ruy Brissac (vocal), Beto Hinoto (guitarra), Nelson Bonfim (teclado), Lucas Theis (baixo) e Willian Falanque (bateria).


Banda Mamonas Assassinas - O Legado Foto: Divulgação

"É muito nostálgico poder fazer com que essa criançada conheça um pouquinho do que foram os Mamonas. Eu digo que os Mamonas libertam o melhor que tem em nós. Conseguimos resgatar o riso de um modo muito saudável. E a nossa proposta com a banda O Legado é fazer com que as pessoas possam reviver esses momentos", conta Jorge Santana, CEO da marca Mamonas Assassinas e primo do ex-vocalista Dinho.

O diretor revela que a banda vai se apresentar no Rock in Rio de Portugal, em junho, além de planejar gravar músicas inéditas e lançar um instituto voltado para a arte.

Responsabilidade

Por falar em Dinho, a tarefa de representar o vocalista que cantou sertanejo, heavy metal, pagode romântico, vira e forró é de Ruy Brissac.

"É incrível interpretar o mesmo personagem de diversas formas, ainda mais sendo Dinho, um ídolo nacional que existiu, que todo mundo conhece e tem um carinho especial. É uma honra e uma responsabilidade muito grande", revela Brissac, que participou do espetáculo musical teatral em homenagem à banda em 2016, e do filme Mamonas Assassinas - O Impossível Não Existe, lançado em dezembro do ano passado.

O artista fala dessa possibilidade de fazer shows no RS, local onde os Mamonas fizeram história com sucessos como Pelados em Santos, Vira-Vira e Robocop Gay. Brissac também ressalta um fator importante: que ninguém quer ser os Mamonas.

"Não vejo a hora dessa turnê no Sul. Estamos ansiosos por essa troca de energia", inicia. "Estamos preparando tudo com muito carinho, amor e cuidado, porque não queremos ser os novos Mamonas Assassinas. Só queremos perpetuar o legado deles", finaliza. O grupo se apresentou na quinta (18) em Gravataí. Nesta sexta (19), estará na U Club, em Novo Hamburgo. No sábado (20) será a vez de Gramado recebê-los na Let's Gramado. E no domingo (21) o show será em Porto Alegre, no Araújo Vianna.

O sucesso

A banda Mamonas Assassinas lançou seu único álbum de estúdio em 23 de junho de 1995 - produzido por Rick Bonadio, o Creuzebek, e gravado pela EMI. Em apenas oito meses, cerca de três milhões de cópias foram vendidas. Um recorde para a época, recebendo uma Certificação de Diamante Triplo pela Associação Brasileira dos Produtores de Discos (ABPD).

O sucesso era tanto que o grupo chegou a vender 50 mil discos em um único dia. Em menos de 100 dias, o álbum alcançou a marca de 1 milhão de cópias comercializadas.

O fenômeno Mamonas Assassinas subiu ao palco 190 vezes em shows nos quatro cantos do Brasil. Isso tudo em aproximadamente 180 dias. O grupo também causou uma batalha por audiência entre os principais programas da televisão. Por onde passavam provocavam um grande frenesi.

O adeus

O Rio Grande do Sul foi um dos últimos lugares que a banda se apresentou. Em 29 de fevereiro de 1996, eles fizeram um show na Festa da Uva, em Caxias do Sul. Dias depois, em 2 de março, subiram no palco do Estádio Mané Garrincha, em Brasília, para a última apresentação.

Naquela noite, voltando para São Paulo, o avião em que estavam precisou arremeter o pouso no Aeroporto de Guarulhos e acabou colidindo contra a Serra da Cantareira. Os cinco integrantes, o piloto e o co-piloto, e mais duas pessoas que faziam parte do staff da banda morreram.

Recepção do público

Outro personagem da banda, Júlio Rasec era muito querido e festejado pelas crianças. Seu carisma era inconfundível. Agora, interpretado por Nelson Bonfim, o tecladista comenta sobre a interação com o público de diversas idades.

“O nosso show tem um misto de filhos, pais, avós, todo mundo junto. Pra gente é muito especial. Podemos ver que estamos levando alegria, diversão e entretenimento de qualidade para as famílias. É um evento pensado com muito carinho por todos. E remete ao saudosismo, mas feito de coisas mais modernas, de telão, luzes, interação. É um show para família”, inicia o músico.

“Por onde passamos, todo mundo tem curtido muito os nossos shows. O pessoal do rock, do samba, do funk, de todos os estilos estão adotando a gente como os parceiros do momento.”

Os Mamonas morreram há 28 anos, então, naturalmente o público da banda tem hoje em dia pelo menos 30 anos. Bonfim fala da importância do legado e da música que passa dos pais para os filhos.

“Os adultos já sabem do potencial que os Mamonas causam. Qualquer karaokê tem Mamonas, qualquer churrasco toca Mamonas, mas o interessante também é ter um público de crianças. Por incrível que pareça, tem muitos jovens de 7 aos 18 anos nos nossos shows, curtindo, e muitos se emocionam muito. É bastante legal o que está acontecendo. O pessoal que tem 30 anos hoje não acompanhou um show ao vivo, mas viram pela televisão e tem alguma lembrança. E agora as crianças são filhos dessa galera que tem mais de 30.”


Show dos Mamonas Assassinas - O Legado Foto: Divulgação

Tá no sangue

Qualquer semelhança não é mera coincidência. Não neste caso. Quem lê o nome Beto no O Legado rapidamente já pensa em Bento. Se olhar a fisionomia dos dois, vai ver rostos e trejeitos semelhantes, e isso não é à toa. Até o instrumento é o mesmo: a guitarra.

Existem laços consanguíneos entre eles. Beto tem 26 anos e é sobrinho de Bento. Ele nasceu dois anos depois do acidente e precisou de vídeos da época e referências contadas por familiares para compor sua interpretação. O jovem conta como é reviver o tio nos palcos.

“Poder carregar o mesmo nome dele, Alberto Hinoto, é uma responsabilidade muito grande. Levar o legado do meu tio e da banda é uma honra para mim. Também fico muito feliz por estar fazendo isso. O Bento sempre foi a minha maior inspiração, como artista, guitarrista, músico, então poder receber esse carinho dos fãs e tocar as músicas que ele fez há um tempão, que ficaram marcadas, e que até hoje todo mundo ouve, é um sentimento muito grande de felicidade e honra”, conta o guitarrista, que se interessou pela música aos 15 anos.

O músico também fala da energia sentida ao imaginar o que o tio viveu nos palcos na década de 1990.

“Sinto bastante, principalmente agora com essa agenda de shows. Cada lugar que vamos é diferente, com pessoas diferentes, mas é engraçado como energia sempre é a mesma. Tocar e fazer show sempre foi o meu sonho. Poder fazer isso e remeter a eles, o que eles viveram… É surreal. Sentimos a pressão do público cantando quando estamos no palco. É uma energia surreal.”

Leia mais respostas dadas pelos integrantes da banda:

Jorge Santana

Despertando o sentimento Mamonas

Temos certeza que depois do filme conquistamos essa garotada dos 5 aos 17 anos, e uma coisa muito louca que está acontecendo no nosso show é pai e mãe com os filhos indo nos ver. É extremamente gratificante e ficamos muito felizes de poder despertar esse mundo mamônico em cada criança, em cada jovem.

Futuro da banda

Lembrando também que a gente pensa em gravar algumas coisas, algumas canções do Dinho que estão guardadas aqui, a gente pretende dar vida de um modo bem dinâmico, de um modo bem alegre. O nosso projeto, além de lançar algumas canções, pretendemos fazer um DVD com os artistas do momento e também montar o Instituto Mamonas, que será um instituto voltado para a arte. Acreditamos que a arte tem que ser democrática e chegar a todos. Então no final de 2024 pretendemos dar forma nesse nosso sonho para tentar formar novos Mamonas, Renato Russo, Marília Mendonça. Enquanto família, enquanto maca, acreditamos que isso será um divisor na vida dessas pessoas.

Recado para o Sul

É muito importante deixar claro para a galera toda do Sul que embora a gente venha de uma linhagem nordestina, nossa família é baiana, o Dinho tinha muito carinho pelo pessoal do Sul porque ele achava que a energia da galera no show era muito positiva. E ele tinha ideia de fazer mais coisas aí, tanto que a música “Renato, o gaúcho” a gente não chegou a lançar na época, mas o Dinho tinha muito carinho por essa música.

Integrantes da banda dos Mamonas Assassinas - O Legado com o CEO da marca, Jorge Santana Foto: Divulgação

Ruy Brissac

Sobre o poder “mamoníaco”

O show tá sendo muito especial porque temos esse contato ao vivo com o público, então é muito lindo poder ver o brilho nos olhos das pessoas, sabe? De resgatar, de sentir aquela nostalgia do que foram os Mamonas Assassinas e também poder mostrar para as pessoas mais novas quem foram eles. Tudo isso é muito muito especial e me deixa muito feliz.
Eu sinto um carinho muito grande do público por resgatar essa energia. Por resgatar essa alegria. Os Mamonas têm o poder de fazer com que as pessoas se emocionem, deem risadas, extravasam, que as pessoas se lembram de momentos especiais da vida. Então é muito legal toda essa mistura de sentimentos que os Mamonas trazem consigo desde meados de 1990. Já fazem quase 30 anos e eles permanecem.

Como é subir ao palco como Dinho?

Não é um é um orgulho tremendo? Na verdade, às vezes demora um pouco pra cair a ficha. Às vezes eu me pego assim, pensando, eu falo caraca eu estou interpretando um ídolo nacional e com essa grandiosidade. Então eu sinto um orgulho gigantesco porque ele também fez parte da minha infância. Aquele menino lá do interior de São Paulo que ouvia Mamonas, que se divertia com as letras, jamais iria imaginar interpretá-los um dia. Porque eu tenho minha carreira como ator e paralelamente como músico. Também tenho minhas composições, tenho o meu projeto de música autoral, então eu trabalho paralelo com os Mamonas e isso é fantástico. É um privilégio poder trazer e resgatar essa alegria para as pessoas. É muito especial.

Impossível não existe

Essa mensagem de inspiração que eles nos deixaram lá nos anos 1990 que é para a gente acreditar nos sonhos, e que aqui o impossível não existe, parece uma frase clichê. Mas hoje em dia, com redes sociais, onde a gente acaba se comparando com a vida dos outros, a gente acha que os nossos sonhos não são possíveis, que não vai acontecer… Com persistência, acredite, que vai acontecer, sim. Temos que fortalecer mais essa mensagem.

Willian Falanque

Contato com a família

O baterista Willian Falanque contou sobre um momento muito especial, quando conheceu o pai dos irmãos Samuel e Sérgio. “Nossa, foi uma honra gigantesca poder abraçar o seu Ito Reoli, conversar um pouquinho. Eu acredito que para ele, estar vivendo tudo isso, é uma nostalgia gigantesca.
Pra gente, não é simplesmente tocar as músicas. Mexemos com as emoções dos parentes. Infelizmente a dona Nena, mãe deles, faleceu há uns dois meses. Não tive a oportunidade de conhecê-la, mas sei que agora ela está lá com com o Sérgio e com o Samuel vibrando, torcendo pelos familiares e abençoando esse legado.

Banda Mamonas Assassinas - O Legado Foto: Divulgação

Lucas Theis

Principais desafios?

Cada música é de um estilo musical diferente. Então você tem que ter uma mente bem aberta para todos os estilos, tem que conhecer um pouquinho de tudo e se aperfeiçoar em todos os gêneros. Isso é um desafio enorme. Sem falar que tem as danças, como o vira-vira, então profissionalmente eu cresci e venho crescendo muito. Está sendo um desafio muito bom.


Banda Mamonas Assassinas - O Legado com a Brasília amarela Foto: Divulgação

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