MONITORAMENTO CONSTANTE
Baixo nível dos rios deixa bacias hidrográficas da região em alerta
Órgãos descartam desabastecimentos no momento, mas pedem que a população faça uso consciente da água
Última atualização: 15/01/2024 17:44
A escassez de chuva e o calor excessivo colocam a região em alerta diante da possibilidade de estiagem. Entretanto, não há indicativos para racionamento a curto prazo, mesmo com o baixo nível dos rios dos Sinos, Caí e Gravataí, projeta o geógrafo e geólogo Luciano Cardone, diretor do Departamento de Gestão de Recursos Hídricos e Saneamento da Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema). "Seguimos monitorando 24 horas por dia, e essa possibilidade, até o momento, é descartada."
Cardone ressalta que, embora não haja projeção nesse sentido, a população deve ficar atenta ao momento de crise hídrica e usar a água de forma consciente.
Diante deste cenário, o monitoramento feito pela Seman foi intensificado. "Com a estiagem, dados das cerca de 180 estações meteorológicas e hidrometeorológicas instaladas pelo Estado têm sido apurados a cada 15 minutos pela Sala de Situação para serem analisados", explica o diretor da pasta.
Com base nesses dados, as ações e decisões sobre o uso da água são tomadas. O documento desta segunda-feira (9) aponta que as três bacias hidrográficas da região foram colocadas em situação de atenção em decorrência de níveis considerados "muito baixos".
"Atualmente as bacias que mais nos preocupam são a do Sinos e a Gravataí, por serem consideradas especiais, onde a disponibilidade hídrica está muito próxima da demanda."
São Leopoldo
Em São Leopoldo, a queda do nível das águas do Sinos nas últimas semanas contribuiu para o aparecimento de bancos de areia nas proximidades da ponte da BR-116. No início da manhã de segunda-feira, o nível do rio estava em 1,30 metro na Elevatória de Água Bruta (EAB), mantida pelo Serviço Municipal de Água e Esgotos de São Leopoldo (Semae). O volume é considerado baixo.
Conforme a autarquia, "melhorias realizadas nos últimos anos permitem a captação de água mesmo com o nível do rio abaixo de 1 metro". Na tarde de segunda, a Estação de Tratamento de Água Imperatriz Leopoldina seguia operando normalmente.
Conforme o diretor-geral do Semae, Geison Freitas, mesmo com todo o investimento em obras estruturantes, o comportamento da população é importante, especialmente em períodos de estiagem. "Junto com os nossos esforços, a população precisa estar consciente. Ao lavar o carro com mangueira por 30 minutos, por exemplo, se consome a mesma quantidade de água que uma família de três pessoas consome em um dia", compara.
Novo Hamburgo
A campanha pelo uso consciente dos recursos hídricos também é desenvolvida pela Comusa – Serviço de Água e Esgoto de Novo Hamburgo. Na cidade, o abastecimento entra em permanente vigilância sobre o nível do Rio dos Sinos, na estação de captação de Lomba Grande, durante a temporada de verão. A medição feita na segunda-feira apontava que o nível da água está em 2,17 metros, o que, segundo a Comusa, é considerado normal.
"Estamos monitorando diariamente o rio em nossa captação, mas, neste momento, ainda não estamos sofrendo efeitos da estiagem. Apesar disso, estamos incentivando o consumo racional de água tratada com nossa campanha de verão, Toda Gota Importa. É fundamental que a comunidade faça sua parte nesse período", adianta o vice-prefeito e diretor-geral da Comusa, Márcio Lüders.
Captação por produtores é suspensa
Nesta segunda-feira (9), a presidente do Comitesinos, Viviane Feijó Machado, informou que foi atingido o nível para suspensão da captação dos produtores rurais para garantia do abastecimento público na bacia hidrográfica Rio dos Sinos. "A partir de amanhã (terça-feira) será suspensa a captação até que o nível saia da situação crítica", explica.
A Corsan, que atende 317 municípios gaúchos, o que representa 64% do Estado, explica que acordo da Sema e Departamento de Recursos Hídricos (DRH) com produtores é para diminuir a drenagem dos rios em situações críticas que pode afetar o abastecimento para a população. "Todos os dias, entre 16 e 17 horas, a Corsan informa o nível do rio para o Comitesinos", explica a autarquia em nota.
A estatal afirma que no monitoramento das captações, mesmo com o período de estiagem "percebe-se a baixa no nível médio nos pontos de captação, mas no momento não há riscos quanto a desabastecimento. Na região do Rio dos Sinos, o sistema de captação opera normalmente no momento", informa.
Panorama crítico no Gravataí
O risco iminente de desabastecimento de água em Gravataí - que afetaria em torno de 150 mil pessoas - preocupa. O cenário é mais delicado no manancial por se tratar de um rio de planície e com baixa capacidade de armazenamento. Além disso, é muito assoreado, carregando um volume elevado de areia.
Em entrevista ao programa NH10 na Rádio ABC, o prefeito Luiz Zaffalon comunicou que ações urgentes devem ser tomadas ao longo desta semana em parceria com a Corsan. "Tivemos uma reunião na semana passada onde a estatal apresentou duas soluções paliativas, mas que resolveriam o problema por 40 a 60 dias, até que obras efetivas sejam realizadas", adiantou.
Uma das alternativas seria a construção de uma microbarragem no rio em Viamão; ou ainda a venda da água de açudes particulares para a Corsan.
Na segunda-feira o nível do Rio Gravataí era de 30 centímetros. Segundo boletim de estiagem da bacia hidrográfica do Rio Gravataí, informado pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Infraestrutura, com o nível abaixo de 50 centímetros, a condição é considerada crítica.
Estão inseridas na bacia as cidades de Alvorada, Cachoeirinha, Canoas, Glorinha, Gravataí, Porto Alegre, Santo Antônio da Patrulha, Taquara e Viamão.
Abastecimentos por poços artesianos
Em Ivoti, assim como inúmeras cidades da região, o abastecimento é por poços artesianos. Na cidade, um racionamento de água a curto e médio prazo é descartado. Na cidade, atualmente 29 pontos de captação de água em operação atendendo cerca de 20 mil pessoas. "Até momento o abastecimento segue normalmente, mas, devido ao aumento da demanda, registramos falta de água nas regiões mais altas da cidade no final do dia na semana antes do Natal com o fornecimento normalizado ainda no período da noite", afirma o diretor da autarquia Água de Ivoti, Adriano Graeff. "Mas pedimos que a população siga as orientações e cuidados para uso moderado de água", recomenda.
A escassez de chuva e o calor excessivo colocam a região em alerta diante da possibilidade de estiagem. Entretanto, não há indicativos para racionamento a curto prazo, mesmo com o baixo nível dos rios dos Sinos, Caí e Gravataí, projeta o geógrafo e geólogo Luciano Cardone, diretor do Departamento de Gestão de Recursos Hídricos e Saneamento da Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema). "Seguimos monitorando 24 horas por dia, e essa possibilidade, até o momento, é descartada."
Cardone ressalta que, embora não haja projeção nesse sentido, a população deve ficar atenta ao momento de crise hídrica e usar a água de forma consciente.
Diante deste cenário, o monitoramento feito pela Seman foi intensificado. "Com a estiagem, dados das cerca de 180 estações meteorológicas e hidrometeorológicas instaladas pelo Estado têm sido apurados a cada 15 minutos pela Sala de Situação para serem analisados", explica o diretor da pasta.
Com base nesses dados, as ações e decisões sobre o uso da água são tomadas. O documento desta segunda-feira (9) aponta que as três bacias hidrográficas da região foram colocadas em situação de atenção em decorrência de níveis considerados "muito baixos".
"Atualmente as bacias que mais nos preocupam são a do Sinos e a Gravataí, por serem consideradas especiais, onde a disponibilidade hídrica está muito próxima da demanda."
São Leopoldo
Em São Leopoldo, a queda do nível das águas do Sinos nas últimas semanas contribuiu para o aparecimento de bancos de areia nas proximidades da ponte da BR-116. No início da manhã de segunda-feira, o nível do rio estava em 1,30 metro na Elevatória de Água Bruta (EAB), mantida pelo Serviço Municipal de Água e Esgotos de São Leopoldo (Semae). O volume é considerado baixo.
Conforme a autarquia, "melhorias realizadas nos últimos anos permitem a captação de água mesmo com o nível do rio abaixo de 1 metro". Na tarde de segunda, a Estação de Tratamento de Água Imperatriz Leopoldina seguia operando normalmente.
Conforme o diretor-geral do Semae, Geison Freitas, mesmo com todo o investimento em obras estruturantes, o comportamento da população é importante, especialmente em períodos de estiagem. "Junto com os nossos esforços, a população precisa estar consciente. Ao lavar o carro com mangueira por 30 minutos, por exemplo, se consome a mesma quantidade de água que uma família de três pessoas consome em um dia", compara.
Novo Hamburgo
A campanha pelo uso consciente dos recursos hídricos também é desenvolvida pela Comusa – Serviço de Água e Esgoto de Novo Hamburgo. Na cidade, o abastecimento entra em permanente vigilância sobre o nível do Rio dos Sinos, na estação de captação de Lomba Grande, durante a temporada de verão. A medição feita na segunda-feira apontava que o nível da água está em 2,17 metros, o que, segundo a Comusa, é considerado normal.
"Estamos monitorando diariamente o rio em nossa captação, mas, neste momento, ainda não estamos sofrendo efeitos da estiagem. Apesar disso, estamos incentivando o consumo racional de água tratada com nossa campanha de verão, Toda Gota Importa. É fundamental que a comunidade faça sua parte nesse período", adianta o vice-prefeito e diretor-geral da Comusa, Márcio Lüders.
Captação por produtores é suspensa
Nesta segunda-feira (9), a presidente do Comitesinos, Viviane Feijó Machado, informou que foi atingido o nível para suspensão da captação dos produtores rurais para garantia do abastecimento público na bacia hidrográfica Rio dos Sinos. "A partir de amanhã (terça-feira) será suspensa a captação até que o nível saia da situação crítica", explica.
A Corsan, que atende 317 municípios gaúchos, o que representa 64% do Estado, explica que acordo da Sema e Departamento de Recursos Hídricos (DRH) com produtores é para diminuir a drenagem dos rios em situações críticas que pode afetar o abastecimento para a população. "Todos os dias, entre 16 e 17 horas, a Corsan informa o nível do rio para o Comitesinos", explica a autarquia em nota.
A estatal afirma que no monitoramento das captações, mesmo com o período de estiagem "percebe-se a baixa no nível médio nos pontos de captação, mas no momento não há riscos quanto a desabastecimento. Na região do Rio dos Sinos, o sistema de captação opera normalmente no momento", informa.
Panorama crítico no Gravataí
O risco iminente de desabastecimento de água em Gravataí - que afetaria em torno de 150 mil pessoas - preocupa. O cenário é mais delicado no manancial por se tratar de um rio de planície e com baixa capacidade de armazenamento. Além disso, é muito assoreado, carregando um volume elevado de areia.
Em entrevista ao programa NH10 na Rádio ABC, o prefeito Luiz Zaffalon comunicou que ações urgentes devem ser tomadas ao longo desta semana em parceria com a Corsan. "Tivemos uma reunião na semana passada onde a estatal apresentou duas soluções paliativas, mas que resolveriam o problema por 40 a 60 dias, até que obras efetivas sejam realizadas", adiantou.
Uma das alternativas seria a construção de uma microbarragem no rio em Viamão; ou ainda a venda da água de açudes particulares para a Corsan.
Na segunda-feira o nível do Rio Gravataí era de 30 centímetros. Segundo boletim de estiagem da bacia hidrográfica do Rio Gravataí, informado pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Infraestrutura, com o nível abaixo de 50 centímetros, a condição é considerada crítica.
Estão inseridas na bacia as cidades de Alvorada, Cachoeirinha, Canoas, Glorinha, Gravataí, Porto Alegre, Santo Antônio da Patrulha, Taquara e Viamão.
Abastecimentos por poços artesianos
Em Ivoti, assim como inúmeras cidades da região, o abastecimento é por poços artesianos. Na cidade, um racionamento de água a curto e médio prazo é descartado. Na cidade, atualmente 29 pontos de captação de água em operação atendendo cerca de 20 mil pessoas. "Até momento o abastecimento segue normalmente, mas, devido ao aumento da demanda, registramos falta de água nas regiões mais altas da cidade no final do dia na semana antes do Natal com o fornecimento normalizado ainda no período da noite", afirma o diretor da autarquia Água de Ivoti, Adriano Graeff. "Mas pedimos que a população siga as orientações e cuidados para uso moderado de água", recomenda.
Cardone ressalta que, embora não haja projeção nesse sentido, a população deve ficar atenta ao momento de crise hídrica e usar a água de forma consciente.