Um homem foi condenado a 45 anos de prisão pela Justiça de Nova Petrópolis por abusar sexualmente de seis meninas. O indivíduo, de 71 anos, era avô das garotas, que tinham entre 4 e 14 anos de idade. Ele está preso no presídio do Apanhador, em Caxias do Sul, desde agosto de 2022, quando o caso chegou à Polícia Civil do município, que solicitou a prisão preventiva. A decisão foi em primeira instância e a defesa do acusado ainda pode recorrer.
A condenação foi aumentada de dez anos iniciais para quinze. De acordo com o juiz Franklin de Oliveira Netto, “em razão do réu ter praticado o crime prevalecendo-se da autoridade exercida sobre as vítimas como ascendente (avô), a pena é aumentada de metade, motivo pelo qual fica redefinida em quinze anos de reclusão”. Ainda, pela situação de continuidade dos estupros e pelos inúmeros crimes, “que se perpetuaram por vários anos, contra cada uma das ofendidas (6), aumento a pena ora definida como mais grave, ao triplo, fixando-a, definitivamente, em quarenta e cinco anos de reclusão”, define o representante do Judiciário.
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O caso e o modus operandi
A partir de um diário. Foi assim que a Polícia Civil iniciou as investigações sobre o caso do avô com as netas. Uma das vítimas escrevia sobre os acontecimentos e os abusos, assim como detalhes de como se sentia. O pequeno caderno, entretanto, foi encontrado após a jovem ter perdido na escola. A professora encontrou e levou para a direção. O assunto foi adiante, para o Conselho Tutelar.
Os abusos ocorriam na área de residência da família, geralmente, no quarto ou garagem, e segundo a Justiça, tinham o mesmo modus operandi. Através de chocolates, doces e dinheiro, ele ameaçava as vítimas a não contarem o que acontecia aos familiares e amigos. “Aproveitou-se da relação de parentesco e da autoridade exercida sobre elas na condição de avô para praticar, reiteradamente, estupro de vulnerável”, diz o juiz Franklin, em despacho judicial.
Conforme o delegado titular da Delegacia de Polícia Civil de Nova Petrópolis, Fábio Peres, no terreno há diversas casas, onde moram muitas crianças e adolescentes. “Foi um inquérito muito rápido, onde tivemos o cuidado de contar com toda a rede de proteção para auxiliar as vítimas, com todo apoio do Ministério Público, Assistência Social e Centro de Atenção Psicossocial. Foi um caso onde fizemos inúmeras entrevistas, com gravações audiovisuais, devido à extensão do número de familiares”, relata.
Ainda conforme a denúncia que foi oferecida pelo MP, os crimes eram realizados com as jovens menores de idade e vêm de longa data, pelo menos, desde 2005. Uma das meninas, hoje com mais de 18 anos, relata ter sofrido com os estupros entre os anos de 2005 e 2014, quando ainda era criança e adolescente. Entretanto, outras familiares permaneciam sofrendo com as relações sexuais entre 2015 e 2022.
“O idoso tinha facilidade de ter relação, por sua proximidade de parentesco. Tinha uma predileção por crianças e adolescentes, ele selecionava. Com o tempo, foi escolhendo aquelas cada vez mais jovens, que ainda não entendiam, não tinham a capacidade de discernir o que estava acontecendo. Há indícios que o homem tinha um estilo de vida com esses crimes, a Polícia acredita que possa ser algo da vida toda. Mas ele foi indiciado por estes seis abusos”, justifica o delegado Fábio.
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