DIA MUNDIAL DO AVC

Sabia que uma a cada quatro pessoas terá AVC ao longo da vida? Veja os sinais de alerta, os fatores de risco e como prevenir

Neurologista explica que quanto mais rápido for o diagnóstico e o tratamento do AVC, maiores serão as chances de recuperação completa

Publicado em: 29/10/2024 14:46
Última atualização: 29/10/2024 16:05

O acidente vascular cerebral (AVC), popularmente também conhecido por derrame, é a principal causa de mortes, incapacidade e internações no Brasil e também em outros muitos países. Hoje, dia 29 de outubro, é o Dia Mundial do AVC, data para alertar e conscientizar especialmente para identificar um AVC e poder socorrer a vítima de maneira correta para que tenha chance de receber o tratamento no tempo adequado.

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Neurologista Diógenes Zãn palestrou em Abu Dhabi Foto: Divulgação

Conforme o neurologista Diógenes Guimarães Zãn, que coordena a Linha de Cuidado do AVC da Fundação Hospitalar Getúlio Vargas (FHGV), que administra o Hospital Municipal Getúlio Vargas (HMGV), em Sapucaia do Sul, a cada quatro pessoas, uma terá um AVC ao longo de sua vida. E quanto mais rápido for o diagnóstico e o tratamento do AVC, maiores serão as chances de recuperação completa.

"No Brasil, cerca de 70% das vítimas de um AVC que sobrevivem têm sequelas que as impossibilitam de voltar ao mercado de trabalho e, muitas delas, sequer conseguem se alimentar sozinhas, dependendo totalmente de outras pessoas", alerta.

"Mas o AVC tem tratamento", ressalta o médico. No entanto, saber identificar os sinais de um AVC é fundamental, pois cada minuto é preciso para que se possa administrar a medicação em até 4 horas e meia após o AVC e, assim, reduzir significativamente as sequelas da doença que tem grande impacto social.

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Referência

Segundo o neurologista, o Hospital Municipal Getúlio Vargas é referência para o tratamento do AVC além de Sapucaia do Sul, para Esteio e Parobé. E, de 2021 até o ano passado, o número de mortes foi reduzido de 15% para 6%. Segundo Diógenes, a redução se deve a um trabalho em várias frentes. "É uma linha de cuidado", afirma, destacando que houve capacitação e qualificação nesta área também no Samu e na UPA, além do hospital.

No HMGV, o atendimento ao paciente com AVC ocorre com vários profissionais e envolve diversos setores desde a emergência. "Temos uma equipe multidisciplinar que atua na reabilitação do paciente, com fonoaudiólogo, fisioterapeuta, psicólogo, nutricionista, serviço social", enumera o médico, ressaltando que o foco é a diminuição do números de pacientes atendimentos com AVC anualmente pela equipe: cerca de 50O vítimas da doença.

Em Esteio, conforme a assessoria de imprensa da Prefeitura, foram atendidos, no Hospital São Camilo, de janeiro até o dia 10 de outubro, 110 casos. Em todo o ano passado, foram 130 casos atendidos no hospital de Esteio e, em 2022, foram atendidos 143 casos de AVC no local.

Prevenção é fundamental

Para diminuir o número de AVCs, hábitos saudáveis são importantes aliados. Segundo o coordenador da Linha de Cuidado do AVC do Hospital Municipal Getúlio Vargas, neurologista Diógenes Guimarães Zãn, 90% das vezes é possível prevenir o AVC com alimentação adequada, exercícios físicos, não fumar. "Cuidar da pressão arterial e controlar a diabetes também é fundamental. Para prevenir o AVC são necessárias atitudes e atividades saudáveis."

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4 mil alunos da rede municipal já foram capacitados

No País, menos de 2% das pessoas acometidas por um AVC consegue receber o tratamento adequado. Por isso, Sapucaia do Sul está focada em aprender a reconhecer os sinais e pedir atendimento de urgência, foco principal do Fast Heroes 192, iniciativa internacional voltada para crianças, via projeto Angels. Há um ano cerca de 180 professores, que atuam em projetos pedagógicos de 31 escolas da rede municipal de ensino em Sapucaia do Sul, participaram da primeira capacitação.

Atualmente 4 mil estudantes da rede municipal já foram capacitados para saber identificar os sinais de um AVC. Segundo o neurologista Diógenes Guimarães Zãn, o assunto integra o currículo dos alunos do 4.º ano do Ensino Fundamental para difundir as informações com pais e avós.

O Fast Heroes foi desenvolvido pelo Departamento de Educação e Política Social da Universidade da Macedônia na Grécia e tornou-se possível pelo projeto Angels. Além da Linha de Cuidado do AVC, o Instituto de Ensino e Pesquisa da FHGV está engajado na execução do trabalho junto às escolas municipais.

Neurologista Diógenes Zãn palestrou no 16º Congresso Mundial do AVC, em Abu Dhabi Foto: Divulgação

Palestra em Abu Dhabi falou sobre ação em Sapucaia

Sapucaia do Sul é Cidade Angels, a segunda do mundo por conta dos resultados no tratamento do AVC. A certificação ocorreu em março deste ano e a conquista reconhece o município como um exemplo em atendimento rápido e tratamento eficaz da doença. A iniciativa Angels, que premiou a cidade, tem abrangência mundial e objetivo principal de reduzir as mortes pela doença.

O neurologista à frente da Linha de Cuidado do AVC do Hospital Municipal Getúlio Vargas, Diógenes Zãn esteve na última semana em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, onde participou do 16º Congresso Mundial do AVC, palestrando sobre o trabalho e as iniciativas de Sapucaia do Sul que ajudaram a diminuir o número de óbitos, ressaltando especialmente o projeto com os estudantes.

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Os principais sinais de alerta para qualquer tipo de AVC são:

• fraqueza ou formigamento na face, no braço ou na perna, especialmente em um lado do corpo;
• confusão mental;
• alteração do equilíbrio, coordenação, tontura ou alteração no andar;
• dor de cabeça súbita, intensa, sem causa aparente.
• alteração na visão (em um ou ambos os olhos);
• alteração da fala e boca torta ou compreensão

Fatores de risco

Existem diversos fatores que aumentam a probabilidade de ocorrência de um AVC, seja ele hemorrágico ou isquêmico.

Os principais fatores causais da doença são: hipertensão, diabetes, colesterol alto, sobrepeso, obesidade, tabagismo, uso excessivo de álcool, idade avançada, sedentarismo, uso de drogas ilícitas, histórico familiar, ser do sexo masculino.

Fonte: Ministério da Saúde

Importância dos cuidados com a saúde

Conforme o Ministério da Saúde, muitos fatores de risco contribuem para o aparecimento de um AVC e de outras doenças crônicas, como câncer e diabetes. Alguns desses fatores não podem ser modificados, como a idade, a raça, a constituição genética e o sexo. Outros fatores, entretanto, dependem apenas da pessoa e são os principais para prevenir essas doenças: não fumar, não consumir álcool, não fazer uso de drogas ilícitas, manter alimentação saudável, manter o peso ideal, beber bastante água, praticar atividades físicas regularmente, manter a pressão e a glicose sob controle.

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