O número de residências afetadas pela enchente histórica que atingiu o Estado no início deste mês passa de 137 mil na região, conforme levantamento prévio realizado pelo Grupo Sinos junto às prefeituras dos vales do Sinos, Caí e Paranhana.
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Esse dado também é um indicativo de quantas famílias poderão acessar o programa Auxílio Reconstrução, apoio financeiro que será dado pelo Governo Federal, no valor de R$ 5,1 mil, para famílias desabrigadas ou desalojadas residentes em áreas efetivamente inundadas ou danificadas por enxurradas.
Também terão direito ao benefício famílias que foram afetadas por deslizamentos em decorrência dos eventos climáticos no Estado.
Somente em Canoas, a estimativa é de que 70 mil famílias tenham sido afetadas. Conforme a prefeitura, as que residem em todo o lado oeste do município acabaram envolvidas neste cenário. Em São Leopoldo, são mais de 34,1 mil casas afetadas. Em Novo Hamburgo, a estimativa é de que 10,4 imóveis tenham sido atingidos.
Número de residências afetadas por município
Lindolfo Collor – 20 residências
Sapiranga – 120 residências
Novo Hamburgo – 10.400 residências
São Leopoldo – 34.100 residências
Esteio – 4.500 residências
Três Coroas – 7.500 residências*
Taquara – 2.840 residências
Canoas – 70.000 residências
Campo Bom – 1.502 residências
Igrejinha – 8.413 residências
Sapucaia do Sul – 3.500 residências
Rolante – 2.000 residências
(Fonte: prefeituras)
*Dado foi atualizado em 28/5/2024 pela prefeitura de Três Coroas. Em 26 de maio, a administração municipal havia informado que 250 casas haviam sido danificadas.
“Nos permitirá dar os primeiros passos”, diz morador
Somente em Novo Hamburgo, até o meio da tarde da última sexta-feira (24), 7,7 mil pessoas já haviam realizado o pré-cadastro de credenciamento no programa Auxílio Reconstrução. A família de Augusto José Bertoldi, 53 anos, é uma das aproximadamente 10 mil famílias de Novo Hamburgo que poderão reivindicar o benefício federal. A casa de Bertoldi, na Vila Palmeira, no bairro Santo Afonso, ficou apenas com parte do telhado para fora da água.
O morador conta que recém a família havia se recuperado da enchente de julho do ano passado, quando a água também destruiu todos os móveis da casa. Após praticamente um ano, o casal conseguiu reequipar o quarto com móveis novos. “O roupeiro a gente tinha apenas montado, nem roupa ainda havíamos colocado. Na cama e no colchão novos dormimos apenas uma noite. Aí veio essa nova enchente”, afirma.
O valor que será pago pelo governo não chega perto do investimento que a família estima que terá que fazer para recomeçar. “Mas é importante e nos permitirá dar os primeiros passos”, avalia. Conforme o governo, o objetivo do benefício é dar condições para que as famílias adquiram móveis, eletrodomésticos e utensílios perdidos nas enchentes, como colchão, cama, geladeira e televisão.
Validação de dados começa na segunda-feira
O pagamento será em parcela única, limitado a um recebimento por família, e será operacionalizado pelo Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR) e pago pela Caixa Econômica Federal, por meio de conta poupança ou corrente – caso o beneficiário já possua uma dessas contas – ou por meio de poupança social digital existente ou automaticamente aberta em nome do beneficiário neste mesmo banco.
As prefeituras dos municípios castigados pela enchente já encaminharam ao Governo Federal uma lista prévia dos endereços afetados pela catástrofe climática. A partir desta segunda-feira (27), as pessoas identificadas pela prefeitura como “responsável familiar” poderão entrar no sistema do auxílio, com a senha do gov.br, e verificar se a família consta no cadastro enviado pela prefeitura.
Para validar os dados e garantir o recebimento do auxílio, o morador deve acessar o portal www.gov.br/mdr/pt-br/auxilioreconstrucao e clicar no botão “Sou cidadão”.
Mais de 50 casas fora das áreas alagadas foram interditadas
As famílias que não residem nas áreas alagadas, mas que sofreram prejuízos pelo excesso de chuva também podem reivindicar o saque do Auxílio Reconstrução. Nos vales do Sinos, Caí e Paranhana, 52 residências foram interditadas pela Defesa Civil do dia 1º de maio até a última sexta-feira (24).
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Rolante é o município mais afetado neste sentido, com 30 residências interditadas. “Temos mais de 2 mil casas atingidas pela enchente, mas agora estamos enfrentando uma segunda fase, que são os deslizamentos de massa [terra], e já temos em torno de 30 casas em situação de risco ou que estão impossibilitadas de serem habitadas novamente”, pontua Gustavo Madruga da Rosa, coordenador da Defesa Civil local.
No Vale do Sinos, Novo Hamburgo é o município com o maior número de casas atingidas: são 7 imóveis interditados em áreas de risco. Quatro dessas casas ficam no bairro Canudos, duas no bairro Boa Saúde e uma no bairro Rondônia. Em São Leopoldo, seis casas da Rua Felipe Camarão, bairro Scharlau, foram interditadas por risco de desmoronamento. Em Dois Irmãos, foram 4 casas afetadas no bairro São Miguel.
No Vale do Caí, a Defesa Civil de Montenegro precisou interditar 5 residências, sendo que três delas devido à queda de um muro de contenção de um edifício por consequência do solapamento do solo.