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MAIS CARA

Aumento repentino no preço da gasolina assusta motoristas na região

Reajuste superou os 70 centavos em muitos postos, deixando o litro próximo dos R$ 6,00

Dário Gonçalves
Publicado em: 15/04/2024 às 17h:47 Última atualização: 15/04/2024 às 20h:58
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Quem precisou abastecer seu veículo nesta segunda-feira (15) tomou um susto com o preço que viu na bomba, dependendo do posto em que escolheu. A gasolina que era vendida na média de R$ 5,15, em muitos lugares chegou a R$ 5,89 na região, uma alta superior a R$ 0,70 no litro do combustível comum.

Litro da gasolina sendo vendido a R$ 5,89 | abc+



Litro da gasolina sendo vendido a R$ 5,89

Foto: Dário Gonçalves/GES-Especial

O corretor imobiliário Eduardo Pereira Júnior, morador do bairro Canudos, em Novo Hamburgo, foi uma das pessoas que acabou sendo pega desprevenida pelo aumento. “Geralmente eu abasteço uma vez por semana ou a cada 15 dias. E até ontem, o preço tava entre R$ 5,10 e R$ 5,17, e vinha baixando. Cheguei a pensar que finalmente poderia baixar de R$ 5,00, mas hoje chegou a quase seis”, conta.

Para Angélica Mello, que trabalha em uma farmácia no Centro, o aumento foi inesperado, mas não surpreende. “Isso sempre acontece. Os postos vão baixando dois, cinco centavos por um tempo, e de repente aumenta, 50, 70 centavos. Dessa vez até que demorou, mas não dá pra dizer que não esperava”, afirma.

Contudo, até o meio da tarde desta segunda, ainda era possível encontrar postos vendendo o litro da gasolina comum entre R$ 5,12 e R$ 5,17. “Nós não recebemos nada ainda sobre aumento, eles não nos dão previsão. Quando é decidido, nos avisam e nós mudamos o preço”, explicou o responsável por um posto na rua Sete de Setembro, em Novo Hamburgo.

Já prevendo o bolso pesar, João Carlos Thiele, não pretendia abastecer antes do próximo final de semana, contudo, notou o aumento e decidiu se antecipar enquanto ainda encontrava postos cobrando o valor de R$ 5,12. “Já que logo vou precisar colocar gasolina, fiz isso agora porque até amanhã deve estar tudo mais caro”, contou.



De acordo com os relatos, o aumento ocorre aos poucos em diversas cidades da região. Em Portão, o frentista de um posto em que a gasolina era vendida a R$ 5,15, disse que até o fim do dia, seria aumentado 70 centavos no litro. O mesmo ocorreu em Campo Bom, onde a gasolina estava na casa dos R$ 5,30 e subiu para R$ 5,89. No “meio do caminho”, muitos postos vendiam o litro a R$ 5,66.

Conflito no Oriente Médio pode ser uma das causas

Questionado sobre os motivos do aumento, o presidente do sindicato que representa os revendedores dos postos de combustíveis do Rio Grande do Sul, o Sulpetro, João Carlos Dal’Aqua, explicou que a entidade não acompanha ou monitora os preços praticados pela revenda de combustíveis, independentemente da região. Ele ressaltou que as análises são baseadas nos preços médios divulgados pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

“As variações podem ocorrer em um mercado livre, tanto para baixo como para cima. É preciso considerar também que são vários fatores que influenciam este mercado, desde preços praticados pela Petrobras e/ou importadores, adição de biocombustíveis (etanol anidro na gasolina), custos de mão de obra, ambientais, tributários, financeiros entre outros”, disse.

Ao mencionar a concorrência acirrada no mercado, Dal’Aqua destacou que muitas vezes ela é baseada mais no emocional do que no racional. “Sem contar a preocupação de haver práticas danosas induzindo o consumidor e afetando o funcionamento regular do mercado. Sempre se recomenda que o consumidor tenha uma relação de confiança com o posto que abastece seu veículo”, finaliza.

No Brasil e no mundo, diversos portais de notícias apontam o ataque do Irã a Israel como um dos motivos do aumento no preço do petróleo e o consequente impacto na gasolina. O Irã é um dos maiores produtores de petróleo no mundo, com uma extração diária de 4,3 milhões de barris de óleo, e no sábado (13) o país lançou um ataque com mais de 300 mísseis e drones ao território de Israel como uma resposta ao ataque israelense à embaixada do iraniana em Damasco, na Síria.

Por conta disto, o petróleo deve sofrer um forte aumento com a valorização de commodities, que no ano já subiu 17%, passando de 77 para 90 dólares o preço do barril do petróleo do tipo Brent, referência no mercado internacional, e aumentar a defasagem dos combustíveis no Brasil em relação ao preço internacional, e consequentemente pressionando a Petrobras a fazer ajustes. Analistas avaliam que, se o conflito no Oriente Médio se intensificar, o barril pode chegar a US$ 100.



Atualmente, o preço da gasolina vendida pela Petrobras está 19% abaixo da cotação internacional, segundo a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom). “Com a ligeira valorização no câmbio e nos preços de referência da gasolina e do óleo diesel no mercado internacional no fechamento do dia útil anterior, o cenário médio de preços está abaixo da paridade para o óleo diesel e na paridade para gasolina. Defasagem média de -12% no Óleo Diesel e de -19% para a Gasolina”, informa a Abicom em nota, que também diz que “o mercado internacional e o câmbio pressionam os preços domésticos”.

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